‘Espigão da Morte’ de Roseana enterra R$ 12 milhões e não tem utilidade
O Espigão Costeiro, inaugurado recentemente pela governadora Roseana Sarney, num investimento de cerca de R$ 12 milhões, foi construído pelo governo do Estado para dar fim a erosão na área da Ponta d’Areia, além de recompor a faixa de praia e desassorear o canal de navegação. No entanto, a obra não tem evitado a destruição provocada pelas ondas fazendo crescer a erosão e provocando prejuízo ambiental em toda esta área da Ponta d’Areia.
Na opinião da professora de Geografia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Ana Rosa, nada vai impedir as erosões se não for feito um trabalho planejado na área onde estão localizados os prédios e construções da área mais cara da cidade. Ou seja, nas entrelinhas a especialista disse que a concepção técnica do projeto do governo foi elaborada de forma equivocada e fora dos padrões.
Construído com o intuito de alavancar a candidatura do secretário de Estado de Infraestrutura, Max Barros, a prefeitura da capital, o Espigão Costeiro tem sido inútil e local de diversas mortes em São Luís. Por isso já ganhou o título da população de ‘Espigão da Morte’ de Roseana.
Dessa forma moradores, comerciantes e frequentadores da praia da Ponta d’Areia começam a ficar preocupados com os estragos que a força da maré tem causado na área. Nos últimos dias, vários coqueiros localizados perto do Hotel Praia Mar, na Avenida São Marcos, foram praticamente arrancados do solo – estão sustentados apenas pelas raízes. A erosão já engoliu também um dos sentidos da via nas proximidades do Trapiche Reggae Bar, fazendo com que veículos e pedestres trafeguem na contramão.
Segundo o proprietário de um bar na Ponta d’Areia, Benjamim Sodré, de 63 anos, que trabalha no local há 26 anos, a obra do Espigão Costeiro até agora “não prejudicou nem beneficiou” quem trabalha ou mora na área.
Para Sodré, o projeto foi construído no local errado, e por isso a maré continua “arrebentando” perto de bares e encostas. Isso vem causando a derrubada de coqueiros e outras árvores, bem como de pistas onde não há proteção de concreto ou pedras.
“Quando a maré enche você olha para o Espigão e nem vê as ondas bater e subir. Porém, nas proteções que fizemos para a água não invadir nossos estabelecimentos a maré bate e acaba respigando tudo dentro dos comércios e casas. Ou seja, o Espigão até o momento não está nos beneficiando, mas também não nos trouxe prejuízo. Continua tudo na mesma”, disse o comerciante.
A moradora Carla Costa, 38, disse que está pensando em colocar seu apartamento a venda por medo de que a maré avance e futuramente alcance o prédio no qual ela reside. Ela explicou que como não há muros de arrimo cercando a orla, e o Espigão parece não estar contendo a força do mar, a saída é deixar o local.
Além da falta de efetividade no cumprimento de sua função, que é de conter a maré, Carla apontou a falta de segurança aos frequentadores como outro problema do Espigão.
Apesar de redes de proteção no lugar de guarda-corpo e placas de sinalização informando ser ali área de risco, banhistas e curiosos continuam frequentando o Espigão.
Outro lado – O Jornal Pequeno tentou contato, na sexta-feira (28), sábado (29) e ontem (31), via celular, com o secretário de Infraestrutura Max Barros, mas não conseguiu falar com ele. (Com informações de Jully Camilo no Jornal Pequeno)
O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.