Grazielly Alves supera previsão de que viveria apenas três meses
HIDROCEFALIA
O amor de sua mãe é a única justificativa para a jovem ter conseguido viver além do informado pelos médicos
Para lhe dar mais conforto, família de Grazielly precisa adaptar casa sorteada pelo “Minha Casa Minha Vida”
Por NELSON MELO (Jornal Pequeno)
Superando a previsão de um médico que lhe deu apenas três meses de vida, Grazielly Alves Régis – portadora de uma hidrocefalia gigante desde o seu nascimento, em 14 de julho de 1993, completa hoje 22 anos. Segundo a mãe da jovem, Adalgisa Soares Alves, 40, sua filha é uma pessoa saudável, mas ainda requer cuidados, pois ela é deficiente visual e percebe o mundo em uma cadeira de rodas. Grazielly – que teria adquirido a doença após a mãe ter contraído uma rubéola durante a gestação –, segundo contou Adalgisa Soares, dificilmente adoece e é muito amada pelos parentes, amigos e pessoas próximas.
Passados quinze dias de seu nascimento, no Hospital Materno Infantil, em São Luís, um neurocirurgião concluiu que ela viveria no máximo até os três meses, depois que o organismo da jovem, ainda bebê, rejeitou a válvula implantada em sua cabeça; o que levou os médicos a retirarem o objeto às pressas, para que o seu quadro clínico não se agravasse.
O mesmo neurocirurgião que fez a previsão, de acordo com Adalgisa, prometeu colocar outra válvula, mas o ato nunca foi cumprido. Conforme disse, só ficou sabendo da doença da filha dois dias após o nascimento, quando a olhou no berçário. Naquele instante, ela recordou ter chorado muito, mas não em sinal de decepção; e, sim, devido ao impacto, à surpresa, pois, até então, não tinha conhecimento de que Grazielly era portadora da hidrocefalia, uma vez que os familiares e a equipe médica evitavam comentar sobre o assunto.
A mãe da jovem, em uma entrevista concedida ao Jornal Pequeno, frisou que a “ficha só caiu” no dia seguinte. A partir disto, o amor pela menina – que, atualmente, pesa 69 kg e tem pouco mais de 1 metro de altura –, se fortaleceu ainda mais. Nestes 22 anos de vida, Grazielly viajou duas vezes a São Paulo (com passagens pagas pelo Estado), a fim de ser submetida a avaliação médica, e, também, para que a cadeira de rodas que ela usa hoje pudesse ser confeccionada e adaptada. Segundo observado por Adalgisa, a cadeira custou R$ 9 mil, sendo que o dinheiro foi arrecadado por meio de uma campanha de doação.
Diante de tantas dificuldades, levando consigo um problema de saúde considerado delicado e que requer acompanhamento médico constante, a vitoriosa Grazielly Alves passa os períodos matutino e vespertino deitada na cadeira de rodas, e, à noite, é transportada para uma cama. Suas refeições, conforme repassou sua mãe, se limitam a mingau, sopa e iogurtes. Suas necessidades fisiológicas são feitas na fralda que usa. Quando sente sede, a água é expelida em sua boca através de uma seringa, conforme recomendação médica.
Em se tratando dos banhos, ocorridos dia sim dia não, a jovem é removida para outra cadeira, no quintal da casa – que é alugada, por R$ 700, na Avenida Lourenço Vieira da Silva, no Ipem São Cristóvão. Adalgisa revelou que é preciso muito cuidado com a filha, pois, além da hidrocefalia (acúmulo de líquido cefalorraquidiano no interior da cavidade craniana), ela não enxerga e nem se movimenta sozinha; porém, escuta. Mas tudo é feito com dedicação, zelo e amor, como ela fez questão de salientar.
DIFICULDADES – A mãe de Grazielly disse que, na casa alugada, moram ela, a filha e o marido (com quem é casado há 17 anos), Marco Aurélio, que é vigilante e padrasto da menina. A renda familiar vem do trabalho dele e, ainda, de um benefício governamental, de um salário mínino, recebido pela jovem há seis anos. Mas, como o dinheiro não é suficiente, Adalgisa procura o apoio de órgãos públicos e pessoas da comunidade. A Promotoria de Defesa das Pessoas com Deficiência, por exemplo, estabeleceu que sua filha fosse visitada a cada dois meses por uma equipe médica, a fim de que fossem feitas avaliações clínicas. Contudo, de acordo com a mãe, desde dezembro do ano passado os profissionais não foram mais à sua residência.
A mesma promotoria teria intermediado junto ao Hospital Sara que uma nova cadeira de rodas fosse doada para a família, pois a atual já apresenta defeitos. A mãe da jovem revelou que conseguiram o equipamento, recebido em maio deste ano. Porém, a cadeira ainda não pode ser usada porque precisa passar por uma adaptação, a fim de que a menina não contraia doenças nas costas ou na pele, ou se machuque.
AMOR FOI O MILAGRE – Indagada sobre a que ela atribui o fato de a garota ter conseguido sobreviver muito mais que três meses de vida, Adalgisa Soares foi enfática ao responder que o amor que a jovem recebe dos familiares (tanto dos parentes dela como os do marido) foi e continua sendo essencial para sua resistência. Segundo declarou Adalgisa, emocionada, Graziely “sente tudo isto”, embora com limitações físicas que a impossibilitem de perceber o cotidiano como as pessoas “normais”. “O carinho dedicado por mim e por todos que a cercam fortalece minha filha, que se sente amada e querida”, completou.
A mãe da jovem relatou que as suas outras filhas, de 17 e 19 anos – que também não possuem laços consanguíneos com seu atual marido – cuidam da menina com zelo, visitando ou entrando em contato, para saber notícias dela. Bem como sua neta, que tem dois anos, que “adora Graziely”.
Família ganhou imóvel do “Minha Casa Minha Vida”, mas precisa adaptar
Há um ano, Adalgisa foi contemplada com um imóvel do “Minha Casa, Minha Vida”, no Residencial Nova Terra, em São José de Ribamar. Com dois quartos, um banheiro, uma sala e uma cozinha, a casa, contudo, é muito pequena para receber Grazielly Alves. Por este motivo, a estrutura está necessitando ser aumentada, para a construção de um quarto com banheiro amplo para a garota. A construtora fez o orçamento, que totalizou R$ 20.100 mil, para a compra dos materiais da reforma, e R$ 11 mil para a mão de obra.
Adalgisa, entretanto, em função da pouca renda familiar, pede a colaboração para comprar tijolo, pedra bruta, areia, coluna de ferro, tábua, escora, vaso acoplado, telha, cimento e outros materiais. A mão de obra, como ela avisou, já foi conseguida, por meio de um mutirão que se disponibilizou. Quem deseja ajudar, pode fazer depósitos na seguinte conta, em nome de Grazielly: Banco do Brasil (agência: 5675-8; conta-corrente: 8237-6). Ou, ainda, em uma conta do Bradesco (agência: 2121; conta-poupança: 2501684-0), e da Caixa Econômica Federal (agência: 1649; OP: 013; conta-poupança: 46097-8). As duas estão em nome de Adalgisa Soares Alves.
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