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Gravações sugerem articulação de Sarney e Renan contra Lava-Jato

Gravações inéditas sugerem articulação de Sarney e Renan contra Lava-Jato Montagem sobre fotos de Antônio Cruz/ABr, Divulgação/Petrobrás e Diego Vara/Agência RBS/

Zero Hora – Gravações realizadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado sugerem que o ex-presidente José Sarney e do presidente do Senado, Renan Calheiros, teriam articulado ações para prejudicar as investigações da Operação Lava-Jato. As conversas, divulgadas pelo Jornal da Globo, da Rede Globo, mostram tentativas de assegurar que Machado não fosse preso e de alterar leis para favorecer políticos investigados. Conforme os áudios, o ex-presidente da Transpetro pediu ajuda a Renan e Sarney para evitar que novas delações surgissem ou se livrar da pressão que o juiz Sérgio Moro poderia realizar contra ele, forçando uma delação de Machado.

Em uma conversa de 10 de março, os três discutem formas de influenciar o ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Sarney cita o nome do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha, que teria, segundo Sarney, proximidade com Teori. O ex-presidente diz que vai falar com ele sobre isso.

Machado — Porque realmente se me jogarem para baixo aí…Teori ninguém consegue conversar.
Sarney — Você se dá com o César. César Rocha.
Machado — Hum…
Sarney — César Rocha.
Machado — Dou, mas o César não tem acesso ao Teori não. Tem?
Sarney — Tem total acesso ao Teori. Muito, muito, muito, muito acesso, muito acesso. Eu preciso falar com César. A única coisa com o César, com o Teori, é com o César.

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Em outra conversa, gravada no dia 11 de março, Machado ainda busca, agora com Sarney e Renan Calheiros juntos, uma forma ter acesso a Teori. Desta vez, surge o nome do advogado Eduardo Ferrão, que também seria amigo do ministro.

Sarney — O Renan me fez uma lembrança que pode substituir o César. O Ferrão é muito amigo do Teori.
Renan — Tem que ser uma coisa confidencial, Sérgio. Só entre nós e o Ferrão.

As conversas também mostram que a alteração de leis também foi uma das alternativas levantada pelos três para tentar obstruir as investigações da Lava-Jato como um todo. Machado e Sarney falam de uma medida provisória sobre acordo de leniência editado pelo governo Dilma, que facilitaria às empresas que admitiram culpa possam voltar a fazer negócios com o setor público. Depois de protestos do TCU e do Ministério Público, a MP foi substituída por um projeto de lei mais rígido.

Machado —
Outro caminho que tem que ter é a aprovação desse projeto de leniência na Câmara o mais rápido possível, porque aí livra o criminal. Livra tudo.
Sarney — Tem que lembrar o Renan disso. Para ele aprovar o negócio da leniência.

Renan e Sarney conversaram também sobre proibir que pessoas presas façam delações premiadas, uma ideia que prejudicaria a Operação Lava-Jato, já que algumas delações foram fechadas por suspeitos presos.

Sarney — O importante agora, se nós pudermos votar que só pode fazer delação, é só solto.
Renan — Que só pode solto, que não pode preso. Isso é uma maneira sutil que toda sociedade compreende que isso é uma tortura.

Em outra conversa entre Sarney e Sérgio Machado, os dois discutem uma delação de executivos da Odebrecht, e o ex-presidente cita uma tentativa de acordo geral para barrar a operação.

Sarney — A Odebrecht (…) eles vão abrir, vão contar tudo. Vão livrar a cara do Lula e vão pegar a Dilma. Porque foi com ele. Quem tratou diretamente sobre o pagamento do João Santana foi ela. Então eles vão fazer porque isso tudo foi muito ruim para eles. Com isso não tem jeito. Agora precisa se armar. Como vamos fazer com essa situação? A oposição não vai aceitar. Vamos ter que fazer um acordo geral com tudo isso.
Machado — Inclusive com o Supremo. E disse com o Supremo, com os jornais, com todo mundo.
Sarney — Supremo… não pode abandonar.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou à reportagem da Rede Globo que sempre recebe aqueles que o procuram e que os diálogos não revelam, nem sugerem, qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava-Jato.

O ex-presidente José Sarney disse ser amigo de Sérgio Machado há muitos anos e afirmou que as conversas que teve com ele foram marcadas pela solidariedade. Segundo ele, muitas vezes procurou dizer palavras que ajudassem a superar as acusações que Machado enfrentava. Sarney disse, ainda, lamentar que conversas privadas tornem-se públicas porque podem ferir outras pessoas.

O Instituto Lula declarou que o diálogo citado é fruto de mais um vazamento ilegal e confirma o clima de perseguição contra o ex-presidente. O instituto afirmou, ainda, que a conversa não traz nada contra o ex-presidente. E voltou a declarar que Lula sempre agiu dentro da lei e que, por isso, não tem nada a temer. A defesa da presidente afastada Dilma Rousseff disse que ela jamais pediu qualquer tipo de favor que afrontasse o princípio da moralidade pública.

A defesa de Sérgio Machado voltou a dizer que os autos são sigilosos e que, por isso, não pode se manifestar. O ministro Teori Zavascki não vai comentar o conteúdo dos áudios. O ministro aposentado, César Asfor Rocha, afirmou que nunca foi procurado por José Sarney, Renan Calheiros ou Sérgio Machado para tratar de assuntos relacionados à Lava Jato.

O Instituto Lula declarou que o diálogo citado é fruto de mais um vazamento ilegal e confirma o clima de perseguição contra o ex-presidente. O instituto afirmou, ainda, que a conversa não traz nada contra o ex-presidente. E voltou a declarar que Lula sempre agiu dentro da lei e que, por isso, não tem nada a temer.

A defesa da presidente afastada Dilma Rousseff disse que ela jamais pediu qualquer tipo de favor que afrontasse o princípio da moralidade pública.A defesa de Sérgio Machado voltou a dizer que os autos são sigilosos e que, por isso, não pode se manifestar.

O ministro Teori Zavascki não vai comentar o conteúdo dos áudios. O ministro aposentado, César Asfor Rocha afirmou que nunca foi procurado por José Sarney, Renan Calheiros ou Sérgio Machado para tratar de assuntos relacionados à Lava-Jato. Já o advogado Eduardo Ferrão não foi localizado pela reportagem do Jornal da Globo.

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