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Fufuca é único ministro de Lula a chamar Hamas expressamente de terrorista nas redes sociais

O ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA) foi o único integrante do primeiro escalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a classificar o Hamas diretamente como terrorista nas redes sociais. O próprio presidente e alguns outros ministros usaram expressões como “ataques terroristas” e “atos terroristas”, mas sem associá-las expressamente à organização responsável pelos ataques com assassinatos e sequestros de civis, incluindo crianças, em Israel nos últimos dias.

O Brasil tem adotado uma linguagem cautelosa para se referir ao conflito com o argumento de que tenta atuar como mediador entre os dois lados e também repatriar cidadãos brasileiros que estão tanto em Israel como na Faixa de Gaza, administrada pelo Hamas. Como mostrou o Estadão, o governo e o PT relutam em classificar o Hamas como terrorista e falham em alinhar o discurso sobre o tema, o que segundo especialistas se deve à influência ideológica do assessor de assuntos internacionais Celso Amorim e da própria legenda.

“Expresso minha total solidariedade ao povo israelense, que enfrenta ataques brutais prospectado [sic] pelo grupo terrorista Hamas. Vamos orar pelas vítimas, e orar para que Deus conforte o coração de todos os familiares e amigos por suas perdas”, escreveu o ministro na rede social X (antigo Twitter) no último sábado, 7, horas após o início do ataque.

A declaração de Fufuca é diversa da posição adotada pelo Itamaraty. O Brasil só considera terroristas entidades e pessoas que estão incluídas na lista do Conselho de Segurança da ONU, o que não é o caso do Hamas, responsável pelo ataques em território israelense. “A prática brasileira, consistente com a Carta da ONU, habilita o país a contribuir, juntamente com outros países ou individualmente, para a resolução pacífica dos conflitos e na proteção de cidadãos brasileiros em zonas de conflito”, disse o Itamaraty em nota divulgada na quinta-feira, 12.

Em publicação nas redes sociais na noite do mesmo dia, Lula disse ter reafirmado “a condenação brasileira aos ataques terroristas” em conversa com o presidente de Israel, Isaac Herzog. Ao mesmo tempo, pediu que não falte água, luz e remédios em hospitais. “Transmiti meu apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança”, escreveu o presidente, sem citar o Hamas em nenhum momento. Na mesma linha, Simone Tebet (MDB) falou em “ataques terroristas” e Alexandre Padilha (PT) declarou que o Brasil repudia o terrorismo “em todas as suas formas”.

Quem destoou do discurso oficial, assim como Fufuca, foi a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB). No seu caso, porém, ela reproduziu nas redes sociais uma carta de seu partido, que considera que o Hamas contra-atacou Israel. O documento lamenta as mortes de vítimas israelenses e palestinas, mas atribui maior responsabilidade pelo conflito ao Estado israelense devido à ocupação de território palestino por meio de “assentamentos ilegais”.

“Esta guerra já está em curso há muitos anos e há três décadas os palestinos fizeram concessões importantes, nos chamados Acordos de Oslo, nunca cumpridos por Israel, que garantiam negociações pacíficas como caminho para o estabelecimento de um Estado Palestino independente, com fronteiras internacionalmente reconhecidas”, diz trecho da carta do PCdoB republicada pela ministra. (Estadão)

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