Filme da Lava Jato que mostra propina ao governo Roseana tem pré-estreia com Moro
Cerca de duas mil pessoas lotaram as oito salas de cinema de um shopping em Curitiba nesta segunda-feira (28) para a pré-estreia nacional do filme Polícia Federal – A Lei é Para Todos. Com direito a tapete vermelho, atores, equipe e convidados estiveram no evento. No entanto, ao contrário do que se esperava, os personagens centrais da Operação Lava Jato evitaram os holofotes – alguns preferiram inclusive entradas alternativas – e não conversaram com a imprensa.
O juiz Sergio Moro, responsável pelos processos em primeira instância da Lava Jato, chegou ao cinema por volta das 21h15, acompanhado de sua mulher. Cercado por seguranças, ele não conversou com os jornalistas e recebeu tímidos aplausos antes de ingressar em sua sala para assistir ao filme. O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, também evitou contato com a imprensa.
O filme mostrará a entrega de uma mala de dinheiro para agentes do governo Roseana Sarney (PMDB).
Em São Luís, Alberto Youssef foi apanhado por acaso. Os agentes da Lava Jato acreditavam que ele estava na capital maranhense para entregar dinheiro desviado da Petrobras (R$ 1,4 milhão) para financiar a campanha eleitoral do grupo liderado pela então governadora Roseana Sarney (PMDB). No seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, o doleiro contou que o dinheiro era propina mesmo, mas com outra origem e outro destino, garantindo que a mala de dinheiro que, segundo a PF, conseguiu entregar a Marco Ziegert, suposto emissário do então chefe da Casa Civil, João Abreu, provavelmente o mais influente assessor direto da governadora Roseana Sarney e que dava expediente no Palácio dos Leões.
Ocorrido em 17 de março de 2014, nas dependências do Hotel Luzeiros, em São Luís, o episódio marcou o inicio da mais longa operação de combate à corrupção no país, com a prisão de Alberto Youssef, vivido no filme pelo ator Roberto Birindelli, informa o blog Marrapá.
O doleiro estava na capital para despachar R$ 1,4 milhão em propina paga pela UTC, como parte de um acordo de R$ 12 milhões com o governo de Roseana, relacionado ao pagamento fraudulento de R$ 113 milhões em precatórios à construtora investigada na Lava Jato.
Segundo a delação de Youssef à época, a herdeira do oligarca José Sarney teria conhecimento toda negociata, que também levou a prisão do empresário João Abreu.
A PRISÃO DE ALBERTO YOUSSEF EM SÃO LUÍS
Era segunda-feira (17 de março de 2014) e o relógio da recepção do Hotel Luzeiros, em São Luis, capital do Maranhão, marcava 6h, quando uma equipe de federais subiu ao sétimo andar para prender o hóspede do quarto 704.
Velho conhecido das autoridades de outras prisões, o doleiro chegara acompanhado de um amigo na noite de domingo carregando duas malas e um caixa de vinhos embaixo do braço. Uma delas, guardava R$ 1,4 milhão em dinheiro vivo. Era propina da empreiteira UTC a ser entregue na tarde seguinte a um secretário do governo Roseana Sarney (PMDB), em contrapartida a liberação “adiantada” de dinheiro de dívida de mais de R$ 100 milhões que o grupo tinha a receber do Estado.
Três horas antes dos policiais baterem à porta do quarto 704, com vista para o mar, Youssef desconfiou do risco de ser preso e levou a mala milionária até o quarto do comparsa. Assim, mesmo preso, conseguiu efetivar o pagamento da propina, como revelaram à PF, posteriormente, as imagens das câmeras de segurança do hotel.
O FILME
O filme Polícia Federal – A Lei É Para Todos teve um orçamento de R$ 15 milhões e é o primeiro filme de uma trilogia sobre a maior operação de combate à corrupção já realizada no país. Esta primeira parte retrata desde o início da Força-Tarefa até a 24ª fase da operação, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi levado para condução coercitiva, em março do ano passado.
Apesar de o filme se apresentar como uma ficção baseada em fatos reais, os roteiristas pesquisadores estiveram em Curitiba por cerca de um ano e meio para coletar informações e entender mais a fundo o funcionamento da operação. Além disso, a história foi adaptada do livro homônimo, de Carlos Graieb e Ana Maria Santos, que assim como a obra cinematográfica também teve seu enredo dividido em três volumes.
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