Família acionará estado do Maranhão por morte de escrivã
Portal AZ – Muita dor e revolta marcaram o velório da escrivã Loane Maranhão da Silva Thé (foto ao lado), que foi morta com golpes de faca por um homem que prestava depoimento na Delegacia da Mulher na cidade de Caxias, no Maranhão. A vítima recebeu facadas no pescoço e acima do coração. A família da jovem confirmou que pretende entrar com uma ação contra o Estado do Maranhão, por negligência, já que o depoimento deve ter sido feito na presença de um delegado.
O criminoso não estava preso e havia sido intimado a prestar depoimento sob a acusação de estupro, e chegou na delegacia portando uma arma branca (faca) de cerca de oito centímetros.
Loane era irmã de Guilherme Rodrigues e prima de Marcos Ronald Sousa Sá, vítimas de um acidente de avião monomotor que aconteceu há cinco meses. João Jerônimo Filho, que é pai de Marcos e amigo da família, estava abalado diante da fatalidade “É triste, a Dona Eliane Maranhão perdeu um filho e em um intervalo tão pequeno vai ter que enfrentar essa dor de perder outro filho”, comentou.
O pai de Loane, Flávio Thé, afirma que ainda não decidiu se a família entrará com ações contra o Estado do Maranhão. Para ele, o foco agora é tentar superar essa fase, mas acredita que seja necessária uma avaliação sobre os métodos de segurança.
“Esses procedimentos de segurança devem ser repensados. A polícia, como instituição organizada, deve oferecer uma estrutura básica e não há interesse em manter essa estrutura. Minha filha ficou sozinha com o bandido, que nem sequer foi revistado. Ela morreu no exercício da profissão”, argumenta o pai da escrivã.
Flávio também falou da morte de seu filho adotivo Guilherme Rodrigues, “Alguns chamam de fatalidade, mas para mim é uma infeliz coincidência” disse Flávio Thé.
Nazareno Thé, tio da vítima, acredita que houve falhas na segurança. “Ela deveria estar com uma autoridade policial, que no caso é o delegado, mas já é de praxe o delegado ter outra coisa pra fazer e não ir pra delegacia”, diz.
Nazareno diz ter se prontificado a tomar frente na acusação de Francisco Alves Costa. “A família não está cogitando uma vingança, queremos ele vivo e que passe esses anos em que ficar preso meditando sobre o mal que fez a uma pessoa que estava começando a vida, além disso nós vamos acionar o Estado do Maranhão, que foi omisso ao permitir que o homem entrasse armado e prestasse depoimento para uma mulher sozinha”, afirma Nazareno Thé.
O velório está acontecendo na funerária Pax União, localizada na Avenida Miguel Rosa, zona Sul de Teresina. Loane Maranhão será sepultada no cemitério Jardim da Ressurreição ás 17h.
Tragédia anunciada
A delegada do Menor Infrator de Timon, Idelzuite Matos, que foi professora da escrivã assassinada, Loane Maranhão da Silva Thé, compareceu ao velório que acontece nesta manhã(16) na Pax União em Teresina. Ela reclamou da estrutura precária das delegacias e diz que foi uma “tragédia anunciada”.
“Nós trabalhamos sempre no limite e toda vez ao final do dia temos que agradecer a Deus por estamos vivos. Nós, da Polícia Civil e toda a sociedade estamos consternadas e esta foi uma tragédia anunciada”, destaca a Idelzuite Matos.
Segundo a delegada, a falta de pessoal é um dos maiores problemas e em muitos distritos há dois ou três policiais de plantão.
Ela afirma que não era pelo fato do suspeito ter sido intimado a prestar depoimento, que ele deveria passar por uma revista. “Neste caso, é complicado dizer que ele deveria ter sido revistado, porque ele foi apenas prestar um depoimento, mas dentro da sala deveria haver um efetivo maior, já que na delegacia estava apenas ela e a investigadora”, declarou.
Família acionará Estado
O advogado criminalista Nazareno Thé, tio da vítima, afirmou que não irá medir esforços para manter o suspeito atrás das grades, por ter matado sua sobrinha. “Ninguém da família quer a morte dele. Queremos que ele fique vivo para pagar exemplarmente o que ele fez. Tirou a vida de uma pessoa que estava começando a viver aos 30 anos”, ressaltou.
O advogado acrescenta que irá indiciar o Estado, já que sua sobrinha morreu no exercício de suas funções. “Houve uma negligência de procedimento, por ela estar sozinha com um elemento potencialmente perigoso e a autoridade policial não estava presente na sala do depoimento. O suspeito entrou com a arma escondida, já pensando em fazer o mal. Vamos também acionar o Estado que foi muito omisso”, disse.
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