Esporte planeja o maior investimento em estádios em redutos de Fufuca no Maranhão que nos últimos vinte anos
Recursos reservados pelo Ministério do Esporte para a construção de estádios de futebol nos municípios de Dom Pedro e de Peritoró, no Maranhão, sinalizam para um gasto recorde no estado sob a gestão do novo ministro André Fufuca (PP). Levantamento do GLOBO em convênios do governo federal para erguer estádios em solo maranhense, nas últimas duas décadas, mostra que nenhuma das 79 obras desse tipo, concluídas ou em andamento, chegaram ao patamar dos projetos aprovados pela pasta no início deste mês. Fufuca alega não ter participado da elaboração dos convênios.
Às vésperas de o novo ministro assumir, a pasta empenhou R$ 4,7 milhões para entregar um estádio em Peritoró e R$ 5,2 milhões para a construção de outro, em Dom Pedro, como revelou O GLOBO.
Desde 2004, o maior repasse autorizado pelo Esporte para a construção de campos de futebol no Maranhão foi de R$ 2,6 milhões, em convênio firmado com o município de Zé Doca, em 2019. Em valores corrigidos pela inflação, a obra chegaria a cerca de R$ 3,4 milhões, num projeto que inclui quatro campos. Após sucessivos adiamentos, a previsão atual de entrega desta obra é de janeiro de 2024.
O segundo colocado é a construção do Estádio Municipal “Doutorzão”, em Centro do Guilherme, a 280 quilômetros de São Luís. A obra foi finalizada em 2020, e custou R$ 2,4 milhões, em valores corrigidos. Um vídeo da inauguração do estádio, antecipada para novembro de 2019, mostra estruturas como arquibancadas, vestiários e sistema de irrigação no campo.
Nos casos de Zé Doca e de Centro do Guilherme, o valor orçado é inferior ao que o Ministério do Esporte reservou para a construção do estádio de Peritoró. Deputado federal mais votado na cidade em 2022, Fufuca posou ao lado do prefeito Dr. Júnior (PP) no último dia 13, em sua cerimônia de posse no Ministério do Esporte, e se disse “irmanado” com o gestor local “para avançar em algumas questões essenciais, como é o caso do Estádio de Peritoró”.
A nota de empenho da obra para Peritoró foi publicada no último dia 4, antevéspera do anúncio da escolha de Fufuca para a pasta, quando ele já era o favorito para substituir a então ministra Ana Moser.
— Uma coisa é o prefeito me apoiar, outra é o convênio ter sido articulado por mim, o que não aconteceu. A (ex-)ministra sequer me recebeu (para fazer a transição), e esta assinatura foi antes da minha posse — argumentou Fufuca.
No mês passado, o prefeito de Peritoró gravou um vídeo ao lado do deputado federal Fábio Macedo (Podemos-MA). Na ocasião, afirmou que a construção do estádio, com dinheiro do Ministério do Esporte, será em um terreno doado pelo pecuarista Dedé Macedo, pai do parlamentar, que tem atuação política na cidade. Segundo interlocutores, Macedo articula recursos não para erguer uma nova estrutura, mas recolocar em operação o Estádio Municipal de Dom Pedro. Procurada, a prefeitura disse não ter conhecimento do convênio. A prefeitura de Peritoró não retornou os contatos da reportagem.
Os dois convênios recordes para construção de estádios no Maranhão foram assinados pelo ministério junto à secretaria estadual de Esporte e Lazer (Sedel) do Maranhão. Indicado por Macedo ao cargo, o secretário Naldir Lopes e o deputado do Podemos também posaram ao lado de Fufuca na posse no ministério.
“Não tenho dúvidas que com essa indicação só quem ganha será o nosso Maranhão. Parabéns, Fufuca”, escreveu Lopes em suas redes sociais, ao publicar a foto com o novo ministro. Procurada, a Sedel não respondeu.
Projetos semelhantes
Distantes 80 km entre si, Dom Pedro e Peritoró têm pouco mais de 20 mil habitantes cada. Dados registrados no portal Transfere.gov, que reúne informações sobre repasses do governo federal a estados e municípios, mostram semelhanças entre as propostas apresentadas pelo governo estadual para os estádios. Em ambas, o valor da “reforma e instalação do campo” foi orçado em R$ 1,8 milhão. A colocação de “muro” do entorno também tem valores similares, cerca de R$ 300 mil, assim como a construção de vestiários, R$ 612 mil.
As diferenças aparecem em serviços de “urbanização” e de “entrada e bilheteria” das futuras arenas. O projeto de Peritoró prevê gastos, respectivamente, de R$ 800 mil e R$ 900 mil nessas categorias; já os de Dom Pedro ficaram orçados em R$ 1,4 milhão e R$ 800 mil. (O Globo)
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