Entidades condenam ataque de secretário de Comunicação de Bolsonaro à mídia
A Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgaram ontem uma nota conjunta na qual condenam declarações feitas pelo secretário de Comunicação Social do governo federal, Fabio Wajngarten. Em suas redes sociais, ele atacou a mídia e sugeriu que empresas repensem em quais veículos anunciam suas marcas.
“A ANJ e a ANER lamentam a visão distorcida do secretário sobre mídia técnica, o que é preocupante vindo de quem tem a responsabilidade de gerir recursos públicos de publicidade”, diz a nota.
No Instagram, Wanjgarten escreveu que “parte da mídia ecoa fake news, ecoa manchetes escandalosas, perdeu o respeito, a credibilidade, a ética jornalística” e exortou anunciantes que fazem mídia técnica a ter “consciência de analisar cada veículo de comunicação para não se associarem a eles”.
A postagem foi feita por Wajngarten após reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” informar que um depoimento dado à Polícia Federal e uma planilha apreendida em uma gráfica seriam indícios de que dinheiro do esquema de candidatas-laranja do PSL em Minas Gerais teria sido desviado para abastecer as campanhas do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
O presidente Jair Bolsonaro também fez críticas públicas à imprensa em suas redes sociais ontem, dizendo que a Folha “avançou a todos os limites, transformou-se num panfleto ordinário às causas dos canalhas”.
O presidente fez referência, ainda, às empresas que são anunciantes do jornal: “O que mais me surpreende são os patrocinadores que anunciam nesse jornaleco”, disse.
Segundo a reportagem da “Folha de S.Paulo”, Haissander Souza de Paula, ex-assessor parlamentar de Álvaro Antônio, disse à PF que “acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”.
Em nota, a defesa do ministro afirma que o depoimento foi prestado sob coação e retificado posteriormente por Haissander.
A reportagem informa, ainda, que, em uma planilha apreendida numa gráfica, haveria referência ao fornecimento de material eleitoral para a campanha de Bolsonaro com a expressão “out”, o que significaria, na avaliação de investigadores ouvidos pelo jornal, pagamento “por fora”.
A defesa de Álvaro Antônio afirma que o material produzido pela gráfica foi contratado por sua campanha a deputado federal, mas aponta que “o fornecedor dos serviços gráficos possui autonomia para organizar a forma como presta os seus serviços, tendo já esclarecido formalmente que utilizava a expressão ‘out’ para os serviços ainda pendentes de execução”. O Globo
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