Em editorial, jornal de Sarney ataca Polícia Federal, CGU, MPF e JF
O jornal O Estado do Maranhão, de propriedade da família Sarney, desqualificou as investigações realizadas pela Polícia Federal, Controladoria Geral da União (CGU), Ministério Público (MPF) e Justiça Federal na operação “Sermão aos Peixes”.
Em editorial de capa, publicado neste sábado (21), o jornal de Sarney sai em defesa do ex-secretário de Saúde Ricardo Murad, mentor intelectual da organização criminosa que desviou cerca de R$ 1,2 bilhão da saúde, segundo a Polícia Federal.
O jornal diz que Murad é trator com capacidade para “encontrar soluções, muitas vezes maiores que os meios em que elas se dão” e ataca a operação insinuando que a Polícia Federal, uma das mais respeitadas instituições do país, teria sido utilizada politicamente. Omite, contudo, que as investigações começaram em 2010, quando Roseana Sarney ainda estava no governo e o pai Sarney no Senado Federal.
Além da PF, outras três instituições federais que participaram da operação são colocadas em xeque pelo matutino da família Sarney: a CGU, MPF e a Justiça Federal.
Esta foi a primeira vez que os Sarney usaram a capa do jornal para atacar a Polícia Federal, CGU, MPF e JF. Fontes próximas a Murad informaram ao blog, sob a condição de anonimato, que o editorial resultou de ultimato dado por ele em Sarney e na filha. Os argumentos utilizados não são difíceis de imaginar…
REINCIDÊNCIA
Esta não é a primeira vez que membros da família Sarney são investigados pela Polícia Federal. Em 2001, a então governadora Roseana Sarney foi alvo da operação Lunus, que apreendeu R$ 1,340 milhão. O dinheiro seria resultado de caixa dois para campanha eleitoral a partir de propina paga por empresários. Após sete versões e nenhuma explicação convincente, a Justiça arquivou as investigações.
Depois, foi a vez do empresário Fernando Sarney. Ele foi alvo de investigação da PF na operação “Boi Barrica” depois rebatizada “Faktor”. Outra vez uma das suspeitas recaiu sobre uso de caixa dois para a campanha de Roseana Sarney ao governo, nas eleições de 2010. Foram mais de R$ 2 milhões a partir de offshore da Ásia. Outra vez o processo foi arquivado pela Justiça.
No ano passado, Roseana Sarney passou a ser investigada pela PF no bojo da operação “Lava Jato”. Após prisão do doleiro Alberto Yousseff, que delatou o esquema para pagamento de precatórios à Constran. Segundo as investigações ainda em curso, a ex-governadora e auxiliares teriam recebido parte da propina da empreiteira que totalizaria R$ 6 milhões.
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