Eliziane Gama e os múltiplos cenários que tem de enfrentar
Os analistas da mídia sarneysista não escondem seu entusiasmo com a eventual candidatura de Eliziane Gama ao governo. Afirmam sempre duas coisas: ela pode ser o “Flávio Dino” de 2014, representando o que ele foi em 2010, uma espécie de “terceira via”; ou que, se ela não vencer, sai da eleição grande, pronta pra encarar a disputa pela prefeitura de São Luís em 2016.
Eliziane tem toda legitimidade para ser candidata, é uma política que tem um bom histórico no Maranhão. E é sincera quando diz que está na oposição e nunca faz parte do grupo Sarney. Mas, se esse for o seu caminho, que não seja pelo “canto de sereia”, pois, involuntariamente, quem escolhe a estratégia errada acaba fazendo parte da estratégia de alguém. Para que não corra o risco de sem querer fazer parte da estratagema do grupo Sarney, Eliziane deve avaliar um outro cenário que é possível para sua eventual candidatura.
Eliziane Gama pode não repetir um papel equivalente ao de Flávio em 2010, de se tornar “terceira via”, porque as circunstâncias são absolutamente distintas entre 2010 e 2014.
Em 2010, Flávio Dino se defrontou com uma dupla “fadiga de metais”: de um lado, Roseana, e de outro o ex-governador Jackson Lago. Ambos tinham rejeição e representavam aqueles que “já tiveram sua chance”. Flávio Dino contrastou como o novo, cresceu, e se houvesse segundo turno provavelmente teria vencido a eleição.
Hoje, Flávio Dino tem 60% das intenções de voto, e só 15% de rejeição e o sintoma de fadiga não existe em torno dele. Nada parecido com os distúrbios de imagem de Jackson em 2010, provocados pelo ataque constante de seus desafetos. E, diferente do que a mídia de José Sarney tenta vender, Flávio Dino representa, sim a novidade, pois ele não teve ainda sua chance.
E Luis Fernando não é Roseana. Ele é uma tentativa de sarneysismo se renovar a qualquer custo. Até onde vai, não se sabe. Mas Roseana foi uma candidata que entrou alto para cair. Luis Fernando entra baixo, e o natural é que cresça daqui até 2014.
Por onde Eliziane pode crescer? Enfrentando a máquina de Sarney e o nome de Flávio enraizados fortemente no interior, Eliziane pode sair da eleição menor que entrou. Esse é um cenário possível.
Bem, mas tem a eleição de São Luís em 2016. Ora, só um analista sem critérios acha que Edivaldo vai chegar em 2016 como está agora. Até 2016, a maior tendência é o seu governo se recuperar e a regra no Brasil inteiro é a reeleição dos prefeitos. As taxas de recondução nas grandes cidades superam os 70%. E, se Flávio eleger-se governador, o que hoje é muito provável que aconteça, as condições de Edivaldo fazer um bom governo irão aumentar exponencialmente até 2016.
Esse é o cenário com que Eliziane também tem que raciocinar. Hoje, existe uma transição geracional na política maranhense, da qual fazem parte Dino, Edivaldo e a própria Eliziane, entre outros.
Um resultado ruim em 2014 e uma derrota consecutiva em 2016 podem fazer com que Eliziane deixe de ocupar espaços importantes, que serão ocupados por outros políticos que virão. Isso significaria para ela chegar em 2018 com a única alternativa de reocupar a posição que tem hoje: uma vaga na Assembléia Legislativa, quando hoje ela tem na mão a hipótese de subir um degrau acima e chegar a Câmara dos Deputados.
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