Dois promotores, dois pesos e duas medidas
Um concurso realizado pelo Ministério Público do Maranhão em 2014 é o exemplo maior da contradição na conduta dos promotores que produziram documento sugerindo a reaplicação da prova do concurso para professor da rede pública estadual, realizado em dezembro de 2015 pela Fundação Sousândrade.
No documento emitido nesta terça-feira (23), os promotores Paulo Silvestre Avelar Silva (4ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Educação de São Luís) e João Leonardo Sousa Pires Leal (29ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa) pedem que haja reaplicação do exame sob a alegação de que as questões da prova objetiva eram similares à provas de outros concursos.
Mas, em 2014 um concurso realizado pelo Ministério Público Estadual para preencher vagas de Promotores de Justiça, apresentou pelo menos oito questões com enunciados quase idênticos à provas aplicadas em diversos concursos públicos.
Apesar das semelhanças nas questões do concurso do MP com a de provas realizadas anteriormente, na época não houve qualquer contestação por parte dos mesmos promotores que agora sugerem nova aplicação das provas do concurso da Fundação Sousândrade.
Diante da postura dos promotores cabe indagar por que os promotores agem com dois pesos e duas medidas para tratar de questões similares, fechando os olhos para o caso do próprio MP. Se o concurso do Ministério Público não é questionado em função das similitudes nas questões, por que o concurso promovido pela Fundação Sousândrade é colocado sob suspeição?
Além da incoerência na avaliação dos promotores do MP, surpreende que eles ignorem os efeitos extremamente negativos de tal postura. Insuflados por candidatos reprovados no certame, os promotores colocam em xeque, sem motivo plausível, um concurso público realizado pela primeira vez em muitos anos, com oferta de salários de R$ 5 mil para mais de 1.500 aprovados que, por sua vez, passaram por penoso processo de preparação.
Há ainda, na postura incoerente dos promotores, a possibilidade de prejuízo para milhares de estudantes da rede estadual que aguardam pelos novos professores.
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