Documento liga Lobão a propina em estatais
Maranhão 247 – Um documento sigiloso que está no gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki aponta o senador Edison Lobão (PMDB-MA) como o elo entre os esquemas de cobrança de propina na Petrobras e na Eletronuclear. O material foi enviado ao STF pela Procuradoria-Geral da República.
De acordo com o documento, de 62 páginas, “dentre os políticos do PMDB que obtiveram vantagens indevidas advindas da Eletronuclear e Petrobras, com o aprofundamento das investigações, é possível apontar o ex-ministro de Minas e Energia (e senador) Edison Lobão como um dos vários pontos comuns (ápice da pirâmide no âmbito do Ministério das Minas e Energia) que formam uma área de intersecção crescente das duas investigações em andamento que revelam, quando avaliadas em conjunto, uma única estrutura criminosa”.
A Procuradoria Geral da República entende que não importava se era petróleo ou energia nuclear: se o assunto envolvia propina para o PMDB deveria ser tratado com Edison Lobão, segundo informações de Época. A PRG baseou-se, entre outras provas, em trechos de depoimentos do representante da Camargo Corrêa Luiz Carlos Martins, dados sob um acordo de delação premiada.
Vale ressaltar que o dono da UTC, Ricardo Pessôa, já havia confessado, em delação premiada, o pagamento de R$ 1 milhão a Lobão em um esquema envolvendo contratos de Angra 3. Segundo o empreiteiro, o valor era o adiantamento de uma propina maior, de R$ 30 milhões, pedida por Lobão porque seu partido estava com pressa e precisava de “contribuições de campanha”.
O senador do PMDB é alvo de pelo menos três inquéritos abertos no STF — dois por supostos desvios na Petrobras e um terceiro por suspeita de pagamento de comissão na construção da usina Angra 3.
Outro lado
O advogado de Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, afirmou que a defesa está fazendo uma série de questionamentos sobre a validade das delações e que não faria comentário específico sobre o documento do MP. Kakay, que está em Paris, criticou as delações.
“A minha postura é técnica e estamos fazendo uma série de questionamentos. Não farei o enfrentamento de ponto a ponto, o farei do todo. Mas, quando o Ministério Público pede uma acareação entre os delatores Fernando Baiano e Paulo Roberto Costa, uma longa acareação, o MP está dizendo claramente que não concorda com um ou com outro, que um ou outro está mentindo. Não tenho nenhum dúvida de que essas delações cairão por terra”, afirmou.
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