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Dirigente do PCdoB rebate artigo de petista que insinua acordo de Flávio com Sarney

O presidente do PCdoB de São Luís, jornalista Márcio Jerry, encaminhou carta ao blog onde rebate as insinuações feitas pelo membro da Executiva Estadual do PT-MA, José Inácio. O petista, em artigo publicado ontem (7) no blog do jornalista Décio Sá (veja aqui), afirma que a indicação do ex-deputado Flávio Dino para a presidência da Embratur teria passado por um acordo entre Dino e o senador José Sarney.

No artigo, Inácio disse ainda que o deputado estadual Bira do Pindaré teria se oferecido para ser candidato a senador na aliança PT-PMDB, que tinha como candidata ao governo Roseana Sarney. “Infelizmente as coisas já haviam sido definidas, ficando o gesto nobre do jovem e competente deputado petista”, diz.

Em resposta ao petista, Márcio Jerry assegura que a nomeação de Flávio Dino para a Embratur foi proposta pelo PCdoB e aceita pela presidenta Dilma, mesmo com o veto explícito do José Sarney. “Flávio Dino continua fazendo oposição à mais antiga e atrasada oligarquia brasileira, a quem uma parte do PT maranhense obediente e humilhantemente serve”, afirma.

Veja abaixo a íntegra do artigo de Márcio Jerry.

Uns são coerentes, outros não

Márcio Jerry *

Num amontoado de 1.154 palavras o dirigente petista José Inácio distorce fatos, frauda declaração e tenta reescrever a história. Tudo isso para acusar Flávio Dino, Bira do Pindaré, e todos os petistas que não se agacharam ao Esquema Sarney nas eleições do ano passado. Sobra também para a presidenta Dilma, rebaixada no artigo a alguém que jamais faria uma simples nomeação a contra-gosto de José Sarney.

Vamos ao essencial. Sarney foi ou não contra a nomeação de Flávio Dino para presidir a Embratur? A resposta pode ser obtida numa rápida consulta, via google, ao que toda a imprensa brasileira informou: foi contra sim! E continua manifestando insatisfação com a nomeação de um desafeto político para um cargo federal em Brasília, fato este que não ocorria sem a anuência dele desde o ocaso de Vitorino Freire no centro de poder da República. A nomeação de Flávio Dino foi proposta pelo PCdoB e aceita pela presidenta Dilma, mesmo com o veto explícito do José Sarney.

Como fica a relação Flávio Dino e José Sarney? Do jeito que está: – Flávio Dino continua fazendo oposição à mais antiga e atrasada oligarquia brasileira, a quem uma parte do PT maranhense obediente e humilhantemente serve. Ao tratar disso, pescando um pedaço da entrevista à Veja, Inácio comete uma fraude (será um vício incorporado pela convivência com o sarneysismo?) ao atribuir uma referência de Flávio Dino a Pedro Novais como se fosse a Sarney. Sobre Sarney, além de reconhecer que ocupa uma função “relevantíssima” na República, a de presidente do Congresso Nacional, Flávio Dino disse: – “Sarney deve compreender as razões de Dilma” (para nomeá-lo); e “as decisões dela devem ser cumpridas e respeitadas”. Palavra altiva de quem não deve nada a Sarney e sim à presidenta Dilma.

Inácio mente quando diz que o PCdoB nacional recomendou a Flávio Dino a candidatura ao senado na chapa de Roseana Sarney. Teria dito a verdade se lembrasse das pressões, tentativas de cooptação e seguidos convites feitos pela oligarquia para Flávio Dino disputar o Senado. A tudo isso o PCdoB e Flávio Dino disseram não. E agiram assim porque tinham (e têm) convicção ideológica e política de que era (e continua sendo) necessário apresentar uma alternativa democrática e popular ao mando oligárquico, patrimonialista e corrupto exercido pelo Esquema Sarney.

Sobre Bira do Pindaré, deixo meu testemunho de que jamais o vi cogitando disputar o Senado na aliança roseanista. A afirmação caluniosa de José Inácio tem o claro propósito de “queimar” o deputado estadual que mantém uma postura coerente com a trajetória de lutador social de esquerda, bem diferente pois dos que, como Inácio, rasgaram a própria história por um espaço subalterno no condomínio de poder que desde 65 hegemoniza a política maranhense. Bira vem mostrando reiteradamente, a exemplo da imensa maioria da militância petista maranhense, que continua na margem esquerda da política e na luta contra o poder oligárquico.

Por fim, é lamentável que um dirigente petista, mesmo convertido ao sarneysismo, subestime a liderança da Presidenta Dilma Roussef. Ora, imaginar que a nomeação de Flávio Dino para presidir a Embratur só poderia ser feita com o consentimento de Sarney, além de inverter a hierarquia do poder, é afirmar que Dilma está tutelada por um aliado. A Presidenta da República, Inácio, é a companheira Dilma Roussef e não o coronel José Sarney.

Márcio Jerry, jornalista, é presidente do PCdoB São Luís

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