“Devem explicações sobre ‘adivinhação’”: deputado que alertou sobre áudio de Zambelli cobra resposta
“Brasil conheceu ontem e teve confirmação hoje de uma nova ‘função’: a de porta voz informal de operação da PF”. Foi assim que o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA), reagiu à notícia de que a Polícia Federal cumpriu, na manhã desta terça-feira (26), mandados de busca e apreensão no Palácio das Laranjeiras, a residência oficial do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).
“Com direito a antecipar em um dia o anúncio da operação. A porta voz é a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), da intimidade do presidente Jair Bolsonaro. Deputada e Polícia Federal devem explicações sobre tamanha capacidade de ‘adivinhação’”, cobrou Jerry.
Ontem, depois de Zambelli afirmar que a Polícia Federal iria deflagrar operações para investigar supostas irregularidades cometidas por governadores durante a pandemia, Jerry já havia apontado o vazamento de informações privilegiadas por parte de aliados do presidente.
“Notem a gravidade: deputada Carla Zambelli anuncia operações da Polícia Federal contra governadores. Dá até o nome da operação! Um absurdo o governo de Jair Bolsonaro insistir na tentativa de transformar uma instituição do estado brasileiro em polícia política para perseguir adversários”, reagiu Jerry, após a divulgação da entrevista.
Ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, Zambelli afirmou: “A gente já teve algumas operações da Polícia Federal que estavam ali, na agulha, para sair, mas não saíam. E a gente deve ter, nos próximos meses, o que a gente vai chamar, talvez, de ‘Covidão’ ou de… não sei qual vai ser o nome que eles vão dar… mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal”.
Alvo na PF
Atualmente, a PF foi colocada no centro do debate nacional, depois do ex-ministro Sérgio Moro acusar o presidente de tentar interferir na instituição para proteger aliados e os filhos, atualmente investigados pelos crimes de ‘rachadinha’ e de gerenciar uma rede de distribuição de fake news.
Moro renunciou ao cargo de chefe da Justiça após Bolsonaro tentar nomear o atual presidente da diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, amigo da família, para o posto de diretor-geral da PF. Após ser impedido de assumir o cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Rolando Alexandre de Souza assumiu a função e já no início de maio decidiu trocar a chefia da superintendência do Rio.
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