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Cunha pede ao STF quebra de seu próprio sigilo telefônico e o de Lobão

O presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a quebra de seu sigilo telefônico e o do senador Edison Lobão, investigado pela Operação Lava Jato.

A petição foi apresentada na sexta-feira (24) pela defesa do parlamentar fluminense no processo em que ele é acusado de pressionar o empresário Julio Camargo para retomar o pagamento de propina a Cunha.

Camargo assinou acordo de delação premiada e afirmou que deputados aliados do peemedebista apresentaram requerimentos em comissões da Câmara pedindo informações a autoridades sobre a empresa Mitsui, prestadora de serviços da Petrobras e com quem Camargo mantinha negócios.

A Folha revelou em abril de 2015 que o nome “dep. Eduardo Cunha” aparece como autor dos arquivos de computador em que eles foram redigidos.

Ouvido pelos investigadores, Camargo contou ainda ter desembolsado US$ 5 milhões em suborno para Cunha, por meio do lobista Fernando Baiano.

Na peça assinada pelos advogados do deputado afastado, Cunha diz que a quebra dos sigilos telefônicos dele próprio e de Lobão poderá comprovar que Julio Camargo mentiu em seus depoimentos.

Camargo relata que, sentindo-se chantageado pelos requerimentos, pediu ajuda a Lobão, à época Ministro das Minas e Energia.

Segundo o delator, num encontro na Base Aérea do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, o então ministro disse que a estratégia de pressão via Câmara estava sendo capitaneada por Cunha e que, em seguida, Lobão ligou para o parlamentar fluminense na frente de Camargo.

“Esse fato é falso. Justamente por isso o Ministério Público Federal não produziu nenhuma prova de que tal ligação tenha ocorrido, tendo-se limitado a pedir a relação de placas que entraram na Base Aérea. A suposta entrada de pessoas em um local não faz prova do que as pessoas fizeram nesse local”, argumenta a defesa.

Os advogados pedem a violação do sigilo referente ao dia em que o empresário e o senador se encontraram no aeroporto do Rio.

Na peça, Cunha contesta a versão de que tenha sido o responsável pelos requerimentos, pede acesso aos depoimentos de todos os delatores que fizeram-lhe acusações e lista uma série de deputados que integravam sua tropa de choque para serem ouvidos como testemunhas no processo.

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