Cidade altera nome de viaduto após denúncia de corrupção contra Sarney
G1 – Denúncias de corrupção envolvendo o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB) levaram a Câmara e a Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) a alterarem o nome de um viaduto que há 30 anos homenageia o político maranhense.
Aprovada em 2009, a lei que propõe a mudança foi embasada em acusações apresentadas, na época, por três partidos políticos. As denúncias apontavam que José Sarney praticou nepotismo e usou atos secretos no Senado Federal que trataram de nomeações de parentes e pessoas agregadas ao circuito familiar do senador Sarney, como o namorado de uma de suas netas.
A legislação, porém, nunca foi regulamentada. Agora, a recente acusação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado de que Sarney recebeu R$ 16,2 milhões em propina em espécie entre 2006 e 2014, e outros R$ 2,25 em doações legais, levou os vereadores a pressionarem a prefeita Dárcy Vera (PSD) a assinar o decreto, ratificando a mudança.
A partir desta sexta-feira (17), o viaduto entre as avenidas Independência e Meira Junior, que liga as zonas norte e sul de Ribeirão Preto, passará a ser chamado Jandyra de Camargo Moquenco. Ex-diretora de um jornal local, Jandyra morreu em 2009, aos 88 anos.
Procurada pelo G1, a assessoria de Sarney afirmou que não comentará o caso por se tratar de decisão “soberana da Câmara de Ribeirão”. O ex-presidente também negou ter recebido qualquer quantia de Sérgio Machado.
Pedido popular
Autor do projeto, o presidente da Câmara de Ribeirão, Walter Gomes (PTB), explica que a legislação foi aprovada em 2009, mas ficou engavetada na Prefeitura, mesmo após pressão dos vereadores e da população.
Na época, Sarney foi acusado de receber irregularmente auxílio-moradia, nomear um neto e uma sobrinha para o quadro de servidores do Senado, e usar o advogado da Casa em ação envolvendo causas próprias. Todas as denúncias foram arquivadas pelo Conselho de Ética.
“Naquele momento, foi um escândalo forte de corrupção. Agora, como surgiram novas denúncias de que ele estaria atrapalhando os trabalhos da Operação Lava Jato, não seria justo continuar com o nome dele sujando a nossa cidade”, disse Gomes.
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse em delação premiada que Sarney recebeu propina de contratos da Transpetro durante nove anos, no valor total de R$ 18,5 milhões. Desse montante, R$ 16 milhões foram recebidos em espécie. O dinheiro está inserido na propina total repassada pela Transpetro ao PMDB, que somou mais de R$ 100 milhões ao longo dos anos.
O vereador Rodrigo Simões (PDT) destacou que a lei federal n.º 6.454/1977 já proíbe atribuir nome de pessoa viva a qualquer bem público. “O nome do Sarney nunca foi exemplo para nada. Depois do pedido de prisão, mesmo negado, as coisas pioraram”, disse.
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