Caso do Pedreiro Morto na Guajajaras: Ten.-coronel Jefferson mantém defesa de PMs
O comandante do Policiamento Metropolitano também criticou a imprensa
Por Valquíria Ferreira (JP)
O comandante do Policiamento Metropolitano, tenente-coronel Jefferson Teles, em uma entrevista exclusiva ao Jornal Pequeno ontem, manteve sua polêmica defesa dos policiais militares envolvidos na morte do pedreiro José de Ribamar Vieira Batista e criticou a cobertura do caso pela imprensa. O tenente-coronel afirmou que as imagens divulgadas na internet não contradizem a versão dos policiais (cabo Joniel Ribeiro Farias e soldado Francisco Silva Lima, lotados no 6° Batalhão, na Cidade Operária).
O pedreiro José de Ribamar foi morto com um tiro disparado por um dos PMs, na tarde da última segunda-feira (31), na Avenida Guajajaras. Os policiais alegaram que o pedreiro – que fugia da dupla de PMs após, segundo a polícia, não ter pago R$ 10 pelo abastecimento no posto de combustível Naila, na Cidade Operária – saiu do carro (uma picape Montana prata) e tentou atacá-los com um facão e um canivete. As imagens divulgadas pela internet desmentem a versão policial.
‘O vídeo divulgado não contradiz a versão dos policiais. Ele mostra apenas a parte final da ocorrência, o momento em que a vítima tentou fugir. A porta do veículo estava aberta, ele tentou intimidar a guarnição com um facão e um canivete, e o policial reagiu’, afirmou Jefferson Teles ao JP.
O comandante do Policiamento Metropolitano criticou a mídia: ‘Vocês estão querendo condenar os policiais antecipadamente. Eu nem deveria falar com vocês, porque está tudo no inquérito. Não se pode analisar o vídeo isoladamente, porque vai-se pensar que os militares executaram o pedreiro. Tem que seguir a sequência dos fatos para mostrar a verdade’, declarou o militar.
Nas imagens divulgadas, os policiais tiram José de Ribamar ainda com vida da Montana e o colocam no chão, ao lado do carro. Após alguns minutos, o pedreiro é arrastado, ainda com vida, até o porta-malas da viatura FP 0928 e levado ao hospital. Antes de a porta de trás da viatura ser fechada, um PM empurra com o pé o braço ferido a bala do pedreiro.
O tenente-coronel Jefferson Teles não quis opinar sobre o procedimento de primeiros-socorros feitos pelos militares. Apenas afirmou que no final do inquérito a guarnição vai ser responsabilizada por eventuais procedimentos padrão incorretos.
‘As imagens vão servir como uma prova a mais na apuração do caso e no inquérito. Em momento algum, elas contradizem as afirmações dos militares. Eles não queriam a morte do pedreiro, queriam somente conter a situação. Se houver indícios de culpa, certamente a polícia vai apurar’, afirmou Teles.
Ninguém da família ainda foi chamado para depor
Nenhuma pessoa da família do pedreiro José de Ribamar Vieira Batista, de 45 anos, morto com um tiro disparado por um policial militar, foi chamada, até agora, para prestar depoimento nos inquéritos instaurados tanto na Polícia Civil como na Polícia Militar.
Um dos advogados de defesa da família, Diego de Moraes Silva, acredita que a família deve ser intimada na próxima semana por parte da Polícia Civil.
A delegada Ludilena Sampaio Nascimento, do 11° Distrito Policial, no São Cristovão preside o inquérito civil.
Diferentemente do tenente-coronel Jefferson Teles, o delegado Sebastião Uchoa (superintendente de Polícia Civil da Capital) afirmou, após ver o vídeo que registra a ação, que ‘de uma forma inquestionável, trata-se de uma execução; houve um erro inaceitável no procedimento dos PMs’.
Outro inquérito foi instaurado pela Polícia Militar. O coronel Celso de Assis Jardim da Silva, comandante do 6º BPM – batalhão no qual os PMs acusados estão lotados – disse ao JP que o caso vai ser ‘apurado com rigor e sem corporativismo’.
Os policiais envolvidos – cabo Joniel Ribeiro Farias e soldado Francisco Silva Lima – estão afastados de suas funções até a conclusão do inquérito.
(VF e OV)
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