Beleza não põe mesa!
Por Batista Matos (ex-vereador de São Luís)
Diz o ditado:
Beleza não põe mesa!
Li que o senador José Sarney disse em uma entrevista que quando presidente da república, era o presidente de todos os brasileiros, ou seja, dos que gostavam ou não dele. Dizia ainda que o governo federal por ele liderado atendia aos anseios de todos os Estados e não apenas do grupo político de que fazia parte e que o elegeu vice com Tancredo Neves.
Embora não concorde com a metodologia do seu grupo político aqui no Maranhão, reconheço que a postura que o senador do Amapá diz ter adotado quando presidente, deveria ser a compreensão e prática de todos os líderes políticos que venham a ocupar cargos eletivos. O governo, ou o poder como preferem alguns, é do povo e para o povo. É a máxima da democracia.
Mas na última semana tivemos um triste modelo de quem não aprendeu. O exemplo foi dado pelo senador Edison Lobão Filho, ou melhor, Edinho Lobão como preferem alguns. Em entrevista coletiva onde quis demonstrar unidade de grupo, o senador exibiu mais uma vez o quanto a incoerência lhe acompanha.
Disse pra quem quis ouvir que a oposição ao pregar mudanças para São Luís, não conseguiu avançar em nenhuma área e hoje pede apoio justamente ao grupo do senador.
Entenderam? Isso mesmo, o nobre senador confunde a instituição Governo do Estado, com seu grupo político. O prefeito Edivaldo Holanda não pediu ajuda ao grupo político A ou B. Ele pediu ao Governo do Estado.
O Governo maranhense senador, independente de qual grupo político o comande, é a autoridade máxima do estado e tem como uma de suas principais responsabilidades e obrigação, executar OBRAS E OFERECER SERVIÇOS AOS SEUS 6,5 MILHÕES DE MARANHENSES. Ou seja, o governo é uma instituição sem lado político preferencial. Ele é de e para todos.
Sobre a crítica do senador aos prefeitos que foram eleitos com o discurso da mudança, vale lembrar que antes do prefeito Edivaldo declarar estado de emergência em São Luís, o prefeito de São José de Ribamar, Gil Cutrim, também presidente da federação dos municípios (Famem), declarou estado de emergência em sua cidade pelo prazo de 60 dias e convidou os prefeitos de São Luís, Paço do Lumiar e Raposa a irem até a governadora Roseana Sarney (PMDB) com um levantamento completo sobre os estragos causados pelas fortes chuvas nas suas respectivas cidades.
A fala de Gil foi quase uma cópia da do prefeito de São Luís porque os problemas enfrentados pelos dois gestores são os mesmos. Mas olha que com uma grande diferença senador: várias ordens de serviços já foram assinadas entre governo do estado e as prefeituras de Ribamar e Paço, enquanto que São Luís tem é que devolver mensalmente R$ 2 milhões de um recurso que o Jackson Lago havia conveniado com São Luís há mais de seis anos. Pasmem, a prefeitura e o povo de São Luís são vergonhosamente subtraídos em ter de retirar dos seus já parcos recursos e devolver ao governo, uma verba milionária que poderia está sendo aplicada na própria cidade.
Sobre São Luís e outros municípios serem administradas por prefeitos que não rezam na cartilha de seu grupo, o senador diz que os maus resultados são fruto da incompetência administrativa. Perguntar não ofende excelência: a situação de caos denunciada por moradores das cidades de Ribamar e Paço (ver fotos), administradas por prefeitos eleitos pelo seu grupo político, são fruto da incompetência de seus administradores? Responda senador!
E mais, se sairmos da grande São Luís, o que falar das administrações ‘exitosas’ de Pinheiro, Viana, Chapadinha, Icatu, Codó entre outras tantas Maranhão a dentro.
A realidade, é que 80% dos municípios brasileiros, ou seja, cerca de 4.500 estão quebrados, inviabilizados, segundo a Confederação Nacional dos Municípios. Deixemos de conversa fiada e lero e lero. Isso é puro cinismo ideológico de quem sai pelos interiores do querido Maranhão, e ao invés de apresentar propostas objetivas para recuperar os municípios da situação caótica em que se encontram, prefere enaltecer uma suposta beleza física e um tal patrimônio genético e financeiro. E todo esse exibicionismo diante de uma população simples, cansada deste tipo de discurso e que abomina esta pseudo linhagem, que na verdade só serve para mascarar a soberba. É sempre bom lembrar o ensinamento do poeta que diz: ‘é a beleza quem seduz, mas é o caráter quem conquista’. E convenhamos, neste caso, beleza não põe mesa, e caráter, é uma virtude escassa.
João Batista Matos
Professor & Radialista
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