Beija-Flor cantará um MA sem Sarney: “Mesmo que pedissem, nós não iríamos entrar nesse assunto”, diz diretor da escola
Rafael Lemos (Veja)
A história do Maranhão confunde-se, há quase meio século, com o projeto político da família Sarney. Esse capítulo será, no entanto, suprimido do enredo São Luís – O Poema Encantado do Maranhão, que a Beija-Flor de Nilópolis levará para a Marquês de Sapucaí em 2012. A agremiação quer concentrar o desfile nas crenças, lendas e misticismo daquele povo.
Tanto é assim que os compositores foram orientados, através da sinopse do enredo, a não versarem sobre política. E eles entenderam o recado. Na noite da última segunda-feira, a Beija-Flor recebeu as composições que participarão da disputa de samba-enredo. Ao todo, foram entregues 39 sambas – e, em nenhuma das letras, há alusão ao ex-presidente José Sarney ou a sua filha e atual governadora do Maranhão, Roseana.
“Mesmo que pedissem, nós não iríamos entrar nesse assunto. Não é o nosso perfil. Vamos falar sobre a história de São Luís, que completará 400 anos em 2012”, afirma Laíla, diretor de carnaval da Beija-Flor.
A comissão de carnaval da agremiação deu início, nesta terça-feira, à audição dos sambas inscritos. Na quinta-feira, serão anunciados os escolhidos para permanecer na disputa.
A Beija-Flor é a atual campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro. No último carnaval, a escola de samba teve como enredo a vida e obra do cantor e compositor Roberto Carlos. A popularidade e o carisma do homenageado pesaram – e muito – no resultado. Agora, ao homenagear o Maranhão, a escola evitou trilhar o campo minado da política, e não fará homenagem específica a ninguém.
A direção da Azul-e-branca não se manifesta sobre uma eventual participação no desfile de Sarney ou de sua filha Roseana, governadora do estado. Mas a porta está aberta, pelo menos para ele. E não só porque, no Maranhão, há 45 carnavais, sua vontade é lei. Está prevista a participação de maranhenses ilustres na apresentação da Beija-Flor. Entre eles, estão o carnavalesco Joãosinho Trinta, as cantoras Alcione e Rita Ribeiro, além de escritores do estado. E Sarney, como se sabe, publicou romances, contos e poemas, além de vários ensaios, e desde 1980 ocupa a cadeira 38 na Academia Brasileira de Letras.
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