Auditoria federal aponta “descaso” e “má-fé” em obras de cooperação entre governo de Roseana e ministério de Geddel para enchentes
Do Jornal Pequeno
Um relatório do Ministério da Integração Nacional de Brasília levanta diversos problemas na execução de obras previstas em um acordo de cooperação milionário entre a então governadora Roseana Sarney e o então ministro Geddel Vieira Lima em 2009. O próprio ministério aponta desvio de R$ 18 milhões em obras não realizadas. Os recursos repassados pelo governo federal deveriam servir para reconstruir estradas e pontes afetadas por enchentes que castigaram o estado naquele ano.
O que se viu, no entanto, pelo relatório da auditoria foi bem diferente. O documento obtido com exclusividade mostra que o Ministério da Integração Nacional viu “descaso”, “desrespeito” e “má-fé” dos executores da obra. A auditoria conclui que ao menos R$ 18 milhões transferidos não se transformaram em obras.
Uma das práticas citadas pelo relatório é a maquiagem de obras antigas, com poucos reparos, para que pareçam novas. É o caso, segundo a auditoria de uma obra na região de Caxias, em que uma ponte deveria ter sido totalmente recuperada. Segundo a auditoria, a “estrutura antiga foi rebocada com aparência de construção recente”.
Em outro trecho do relatório, a auditoria afirma que a “estrutura antiga (foi) construída há mais de 30 anos, sendo rebocada para aparentar nova”. Ainda segundo o relatório, essas alterações caracterizam “má-fé” dos construtores.
Auditoria da Integração apura desvios em 2009
Uma investigação do governo federal apura o destino de parte dos recursos repassados ao Governo do Maranhão em 2009 com o objetivo de recuperar rodovias em quase 70 municípios do estado. Os recursos deveriam ter recuperado rodovias após uma enchente no estado. Uma auditoria interna do Ministério da Integração Nacional orienta a glosa de R$ 18 milhões – com valores atualizados – em contrato realizado por aquele órgão e o governo do Estado.
Geddel Vieira Lima, hoje réu da Lava Jato, era o ministro à época. E Roseana Sarney, a governadora. Parte dos processos foi assinado por seu vice, o hoje senador João Alberto.
O recurso encaminhado ao Governo do Estado visava realizar obras em estradas no interior para recuperar vias atingidas pela enchente de 2009. Em alguns casos, no entanto, os recursos não chegaram a seu destino.
Em 14 de maio de 2009, a então governadora Roseana Sarney encaminhou ao Ministro de Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, o Plano de Trabalho no valor de R$ 35 milhões, com o objetivo da reconstrução de estradas estaduais, recuperação de obras de artes especiais e pavimentação de vias urbanas em 69 municípios, que se encontravam em situação de emergência, em decorrência das enchentes e inundações ocorridas naquele ano.
As ligações políticas do então ministro Geddel Vieira Lima e Roseana Sarney, ambos do PMDB, facilitou o trâmite dos recursos à época. Nesta semana, a Polícia Federal prendeu, novamente, o ex-ministro após encontrar em um apartamento ligado a ele a quantia de R$ 51 milhões, em dinheiro vivo, que estavam guardadas em malas na cidade de Salvador.
Nesta semana também, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal), contra cinco senadores e dois ex-senadores do PMDB, acusados de integrar organização criminosa e receberem R$ 864 milhões em propina. Entre eles, o ex-senador José Sarney, um dos integrantes mais influentes da cúpula do partido.
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