Após vazamento de gravações sobre Lava Jato, Jucá se licencia do governo
O ministro do Planejamento, Romero Jucá, anunciou nesta segunda-feira (23) que está se licenciará do governo do presidente interino Michel Temer, até que o Ministério Público se pronuncie sobre a gravação de uma conversa sua com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. A licença valerá a partir desta terça (24).
O anúncio ocorre no mesmo dia em que a Folhadivulgou gravações em que Jucá fala em pacto para deter avanço da Operação Lava Jato.
Gravados de forma oculta, os diálogos entre ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e Jucá ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As conversas somam 1h15min e estão em poder da PGR (Procuradoria-Geral da República).
No lugar do ministro licenciado entrará Dyogo Henrique de Oliveira, hoje secretário-executivo do Planejamento.
Em uma entrevista conturbada à imprensa, Jucá afirmou que seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, irá protocolar uma ação junto ao Ministério Público, ainda nesta segunda, para que o órgão indique se houve ou não irregularidade ou crime na conversa. Para Jucá, houve “manipulação das informações” publicadas.
“A partir de amanhã eu estou de licença. Reassumo o Senado para fazer o enfrentamento aqui até que o Ministério Público se manifeste quanto às condições da minha fala com Sérgio Machado. Eu sou presidente nacional do PMDB, sou um dos construtores desse novo governo e não quero de forma nenhuma deixar que qualquer manipulação mal intencionada possa comprometer o governo”, disse.
Enquanto Jucá falava, um grupo de servidores e deputados gritava “golpista” e “ladrão”, o que obrigou Jucá a falar em um tom de voz alto. Ele chamou os manifestantes de “babacas”.
ÁUDIO
A decisão de pedir licença do cargo foi tomada após a divulgação de áudio que desmentiu a versão inicial do ministro de que ele se referia à situação econômica.
Após o vazamento, Jucá e Temer se reuniram no Palácio do Jaburu e, segundo a relatos de aliados, avaliaram que a situação havia se tornado insustentável e que a licença seria a melhor forma de evitar que o aumento do desgaste.
No encontro, acertaram a permanência de Oliveira no comando da pasta, em um primeiro momento, uma vez que as soluções caseiras estudadas pelo peemedebista, como o deslocamento para o posto de Moreira Franco e Eliseu Padilha, enfrentaram resistências de ambos. (Folha de SP)
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