Aluísio e Japonês da Federal. Amizade e coincidências
A visita do agente da Polícia Federal Newton Ishii, conhecido como o ‘Japonês da Federal’ à Câmara dos Deputados, ontem, revelou a amizade entre este e o deputado federal Aluísio Mendes.
Até aí nada demais, não fossem algumas sutis “coincidências”. Aluísio assim como Ishii é agente da PF e se notabilizou pelos serviços prestados ao clã Sarney. Atuação esta que o levou ao comando da Secretaria de Segurança Pública.
Mas, um dado salta aos olhos de quem ver com mais profundidade a relação de amizade entre o ex-secretário de Segurança do Maranhão e o “Japonês da Federal”.
Nos autos do processo da operação “Lava jato”, por exemplo, há informação de que o doleiro Alberto Yousseff teria sido avisado de que seria preso pela PF, no Hotel Luzeiros, em São Luís. De onde teria vazado tal informação e quem poderia ter informado Yousseff?
Noutros momentos, vazamentos de informações sobre operações da PF que envolviam integrantes do grupo Sarney foram creditados a Aluísio Mendes. Durante a operação “Boi Barrica”, depois rebatizada Faktor, grampos telefônicos autorizados pela Justiça Federal registraram diálogos entre o intrépido deputado federal e o empresário Fernando Sarney.
“Aloisinho”, como chamava Fernando nas conversas interceptadas pela PF, mantinha contatos frequentes com agentes e delegados da Polícia Federal, e acabou prejudicando a operação que levaria para a cadeia o filho do ex-presidente José Sarney.
Não menos suspeita foi a antecipação por Ricardo Murad de que seria alvo de operação da Polícia Federal, recentemente, em rede social. Ele se referia à operação “Sermão aos Peixes”, que investiga desvios de mais de R$ 1 bilhão na saúde. Murad foi conduzido coercitivamente pela PF para prestar depoimento.
Agora, com a amizade entre Aluísio e ‘Japonês da Federal’ revelada as coisas podem ficar mais claras ou tudo pode ser apenas coincidência.
RELAÇÃO COM A FAMÍLIA SARNEY
Depois que Roseana Sarney assumiu o governo do Maranhão, com a cassação do ex-governador Jackson Lago, Aluísio Mendes foi remanejado de Brasília para São Luís. Foi nomeado secretário adjunto de Inteligência da Secretaria Estadual de Segurança Pública e era o responsável pelo sistema de grampos do órgão. O agente da PF era ainda uma espécie de faz-tudo da família Sarney. Atendia celular, cuidava da segurança e costumava dirigir para os mesmos nas horas vagas.
Na Operação Boi Barrica (rebatizada de Faktor), Aluísio acabou virando alvo após ser flagrado em telefonemas tentando obter na Polícia Federal, seu órgão de origem, informações acerca da investigação que tem como alvo o empresário Fernando Sarney, hoje vice-presidente regional da CBF. Os dois tiveram a prisão preventiva pedida pela PF. Aluísio foi acusado de ter repassado informações a Fernando Sarney sobre a operação, o que acabou livrando o filho do ex-senador José Sarney da cadeia. Pelos bons serviços prestados, Mendes foi nomeado depois secretário de segurança.
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