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A cavernização da segurança pública

Entrevista concedida pelo secretário de Segurança Pública, Jefferson Portella, traz revelações bombásticas, incendiárias, sobre o terrível processo de cavernização a que o ex-governo Roseana Sarney submeteu o Sistema Estadual de Segurança. Para além de um risco calculado à população maranhense, a irresponsabilidade ultrapassou os limites da sanidade, amontoando desonestidade, acefalia administrativa, débitos impagáveis e corrupção. Por isso, a insegurança chegou ao ponto que chegou; por isso o crime venceu.

Um empréstimo de R$ 300 milhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) para a segurança pública não foi investido em obras, não foi investido em lugar nenhum. Deixaram a polícia trabalhando em prédios caindo aos pedaços, contrataram, por R$ 300 mil, a construção de um prédio para o IML em cima das pistas de acesso à Universidade Federal do Maranhão. E, se for possível acreditar, obras de construção de quartéis da PM foram prorrogadas 35 vezes. É o que disse o secretário, é o que estamos reafirmando: 35 vezes.

Mas o ato mais grave de irresponsabilidade com a coisa pública, algo digno do lendário Id Amin Dada, que conversava com jacarés e hipopótamos, ainda estaria por vir. Fardaram, armaram e colocaram nas ruas de São Luís homens que não eram policiais, e demitiram meses depois, não sem que antes participassem de uma solenidade com a presença de algumas das principais autoridades do Estado. Isso nem tem nome, e o secretário está correto em sua decisão de auditar a segurança pública, de recorrer à Secretaria da Transparência e Controle, pois estas pessoas simplesmente brincaram com a vida dos moradores de São Luís. Alguém tem que pagar por tão abominável crime.

A manchete do jornal O Estado do Maranhão, “60 homicídios”, não vai fazer o povo esquecer que em 2014 esses números eram bem maiores na Grande São Luís. Não vai fazer esquecer os ônibus queimando e a cidade vazia e que o crime parecia ter ascensão sobre o sistema de segurança pública. E isso era fruto da irresponsabilidade de uma polícia sem combustível, sem armas, em greve, ganhando salários miseráveis, enquanto a Secretaria de Segurança se transformava em comitê político-eleitoral.

Essa campanha sarneisista contra a polícia tinha que acontecer. Gente que eles amam muito e que ajudaram a construir um modelo político sustentado na devassidão está indo parar na cadeia. Como disse o governador Flávio Dino, “a mídia oligárquica está em campanha contra a Polícia por causa das prisões de corruptos, agiotas e quadrilheiros ricos”.

E eis o resumo da ópera, a cantata definitiva que põe termo a essa orquestração infame contra a polícia: a polícia está botando pra correr a bandidagem endinheirada desse Estado, está prendendo traficantes, agiotas, quadrilheiros ricos e corruptos e todo mundo que até 2014 mamava como bichos nos cofres públicos do Maranhão. (Editorial do JP)

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