A Caixa de Pandora de Roseana
Por: José Reinaldo Tavares
Na mitologia grega, a Caixa de Pandora é um artefato que se origina do mito da criação de Pandora, primeira mulher criada por Zeus, o Deus supremo dos gregos. Embora fosse chamada de ‘caixa’, o referido artefato que foi dado a Pandora era na verdade um jarro em cujo conteúdo estavam todos os males do mundo. Ao abrir o recipiente, Pandora libertou todo o seu conteúdo para o mundo, exceto um, que foi a esperança. Atualmente, à expressão ‘abrir a caixa de Pandora’ é atribuído o significado de criar um mal cujos resultados não se poderão desfazer.
Parece que foi isso que aconteceu com Roseana Sarney. A justiça lhe deu, numa decisão controvertida, o governo do estado, que até ali estava colocado no rumo certo, se desenvolvendo e melhorando rapidamente seus indicadores sociais. Entretanto, ao interromper tudo que estava sendo feito, a ação de Roseana cai como uma luva na metáfora da Caixa de Pandora, libertando todos os males dos seus governos passados que tinham sido neutralizados nos dois governos que a antecederam. E agora, utilizando a analogia do mito, nos resta apenas a esperança. A esperança da retomada dos destinos do estado em 2014.
Enquanto isso, os maranhenses sofrem pelos desatinos de sua governadora, que conseguiu o que nunca havia acontecido antes dela: tirou do sério a Polícia Militar, uma corporação centenária com um passado de disciplina, ordem e devotamento à causa da segurança dos maranhenses.
Roseana conseguiu com seu governo sem rumo enlouquecer os policiais ao dar-lhes só desprezo e tratamento desrespeitoso. Como ela pouco ou nada se importa com a população, entrou irresponsavelmente em uma situação da qual não sabe como sair. Orgulhosa, não quer negociar, dizendo que só o fará se voltarem ao quartel, mas foi isso que os policiais tentaram desde fevereiro, trabalhando normalmente e tentando levar aos ouvidos moucos do governo a terrível situação que enfrentavam sem aumento nem atualização de seus salários desde 2009.
Não sendo levados a sério e se sentindo enrolados pelo governo, partiram para a medida extrema da paralisação. Tudo isso causado pela absoluta falta de vontade de governar de Roseana, que parece estar com a cabeça em outro lugar e vai abrindo, assim, a sua Caixa de Pandora de males sem fim. Ela não quer receber os policiais e pensa em jogar tudo para a justiça resolver, quando na verdade o problema só pode ser resolvido pelo governo do estado. E com diálogo. ‘Ai, que preguiça!’
Nesse enorme surto desenvolvimentista que só Roseana enxerga no Maranhão, seus órgãos de estatísticas informaram que o estado vai crescer este ano 0,9%. Eles sabem, mas não dizem, naturalmente, que esse valor é insuficiente ante o crescimento da população e a necessidade de criação de emprego para os jovens que acedem ano a ano ao mercado de trabalho.
Para adocicar o mau resultado, ‘informam’ que, com os investimentos que virão, o nosso PIB vai dobrar em cinco anos. Mas onde estão esses investimentos? Vamos então comparar com outra publicação do governo Roseana, logo que assumiu, mas que contou com dados do meu governo e do governo de Jackson Lago. O IMESC, órgão da Secretaria de Planejamento, publicou um trabalho denominado Indicadores de Conjuntura Econômica do Maranhão, mostrando que, na década de 90, o Maranhão cresceu à taxa média de 1,4%. O Nordeste cresceu 3,6% e o Brasil 2,1%. Portanto, com Roseana e Lobão, ficamos ainda mais para trás na década. A publicação chegou ao ponto de denominar o referido período de ‘a década perdida’.
A mesma publicação, ao analisar os dados do Maranhão entre 2002 e 2007, meu governo e o primeiro ano do de Jackson, informa que o Maranhão cresceu a taxa média de 6,9%, enquanto o Nordeste cresceu 4,5% e o Brasil 4,0% no período. Que diferença!
No ano de 2008, o Maranhão tinha uma participação de 1,3% no PIB brasileiro e em 2009, com Roseana, caímos para 1,2%. É um assombro.
Crescer 0,9%, como está previsto para esse ano, é um desastre. Para dar emprego aos jovens que chegam ao mercado de trabalho todo ano, precisamos crescer no mínimo 4,0%.
A Caixa de Pandora que Roseana abriu, quando voltou ao governo com seus antigos métodos, já custou muito caro ao estado. Além da queda do PIB, o aumento da pobreza e a diminuição do IDH já anunciados, Roseana aumenta o endividamento do estado sem dizer onde investirá o dinheiro, jogando dívidas para o futuro. Os Cetecmas não existem mais; a Saúde está em frangalhos, com a grande maioria dos hospitais fechados; a Biblioteca Pública fechada; o aeroporto no chão; a BR-135 virou um local extremamente perigoso; as estradas estaduais cheias de buracos; a educação agora só produz últimos lugares no Saed; o sistema de segurança do estado colapsa com a paralisação da PM; as matanças pululam nas cadeias do estado e muito mais… Tudo por falta de comando e autoridade, além, por óbvio, de disposição para o trabalho.
Nesse ínterim, o senador José Sarney se dedica integralmente a tentar modificar a sua imagem muito negativa entre os brasileiros. Contratou, com recursos do senado obviamente, uma empresa para cuidar da sua imagem e lançou mais um livro com essa finalidade. Ele sabe que a pobreza do Maranhão, após mais de 50 anos de mando absoluto da família Sarney, é que é a sua real biografia e isso, embora insista, ele não conseguirá mudar. Por esse motivo se explicam a publicação de livros e mais livros, tentando explicar a pobreza do Maranhão.
Desta vez ele foi longe demais e coloca a culpa nada mais nada menos que em Celso Furtado. Sim, porque foi ele que criou a Colone, no Alto Turi, para povoar aquela região, ainda desabitada na ocasião, com a vinda dos flagelados que fugiam das secas. E Sarney diz que a vinda dessas pessoas foi a causa do empobrecimento do Maranhão, como também ‘descobriu’ que os solos maranhenses não servem para nada. Segundo ele, não são agricultáveis. Assim, para Sarney, esses dois fatores foram fundamentais para o não desenvolvimento do estado, a despeito dos gigantescos esforços da oligarquia para conseguir o contário. Ele ignora o fato de que cada vez o setor primário privado produz mais e a agricultura familiar não produz o suficiente por falta de apoio de Roseana, símbolo maior desse descaso. Claro, porque em 1998, quando era governadora, ela chegou até mesmo a acabar com a Secretaria de Estado da Agricultura.
Enfim, os argumentos usados pelo senador são tão frágeis e desprovidos de sentido que basta olhar o Ceará: esse, sim, não tem solos agricultáveis, nem água e os flagelados que vieram para cá, vieram principalmente de lá, e hoje esse estado cresce muito, deixando o Maranhão de Sarney para trás.
Sabem por quê? Porque dispensou os coronéis e as oligarquias e assim pôde crescer com liberdade e rapidez, convertendo-se no grande estado de hoje, enquanto o Maranhão, sob o tacão dos Sarney, ao invés de ir para frente, vai para trás, tal qual caranguejo.
A pobreza do Maranhão é onde está irremediável e indelevelmente escrita a biografia do senador José Sarney. E se já não bastasse isso, tem seu texto atualizando negativamente todos os dias, com os agravamentos produzidos por governos como o de sua filha Roseana.
E para finalizar dou mais um exemplo: A governadora, para distrair a atenção da constatação do seu desgoverno, quer agora (ainda) tomar da prefeitura os recursos transferidos por Jackson para fazer viadutos e avenidas muito importantes para São Luís. Na verdade, quer impedir que Castelo faça obras importantes para São Luis. Lembrem que nos municípios onde ela conseguiu reaver os recursos transferidos por Jackson, como Pinheiro e Imperatriz, por exemplo, os hospitais de referência conveniados pelo governo de então para aqueles locais nunca foram feitos. Embora ela tenha prometido fazer.
Roseana não trabalha e não quer deixar ninguém trabalhar.
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