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4 anos sem Mauro Bezerra

Por Eliana Bezerra

Meu pai não tinha a saúde ferro por conta do cigarro, mas a mente era brilhante, a memória como poucas que já vi. Tinha o dom de articular política como poucos aqui no Maranhão, e transitava bem em todos os setores. Era considerado um conciliador.

Hoje, fazem 4 anos que ele partiu, mas parece que foi ontem. A dor do dia seguinte não passou, e se não passou até hoje, não passará nunca mais.

Eu estava em São Paulo no dia 15 de Novembro de 2007, liguei a noite no celular do meu pai e foi a última vez que ouvi a sua voz. Perguntei como ele estava, pois quando viajei ele estava gripado, ao que respondeu que estava melhor. Eu disse para ele se cuidar e que o amava muito! Lembro-me como se fosse hoje! Desliguei.

No dia seguinte, por volta das 9 da manhã, minha irmã me ligou do celular dele. Atendi dizendo “oi pai, tudo bem?”. Ela respondeu: “não é papai não, sou eu tua irmã, papai ta na UTI, passou mal e foi internado”. Nesse momento o mundo desabou, eu estava dentro de uma loja, me sentei no banquinho e comecei a chorar. Logo depois, levantei e fui procurar a saída para ir embora, estava anestesiada, parece que naquele momento não existia ninguém ao meu lado. Estava tão perturbada, que atravessei uma rua super movimentada em São Paulo, a Avenida do Estado – quem conhece sabe – como se não tivesse ninguém além de mim.

Não saía do celular, ligando pra minha mãe, não conseguia falar com ela, pois as pessoas não deixavam que eu falasse com ela. Estava tudo muito estranho!

Pegamos um táxi, o trânsito estava muito intenso. Por volta do meio dia, o celular tocou, era Zeli Palácio, pediu pra falar com a minha cunhada que estava comigo. Meu pai tinha acabado de falecer, mas ela não me contou. Minutos depois meu marido me ligou e me contou. Não conseguia parar de chorar, acho que nunca chorei tanto em toda minha vida.

Cheguei a tomar um remédio que me deram, mas não sabia o que era, só sei que fiquei muito lerda. Fomos ao aeroporto para tentarmos embarcar, mas o vôo que tinha era só às 18h00, foram as horas mais longas da minha vida!

Meu braço direito doía muito, não sei o que era, uma dor insuportável. Fiquei com medo de ter um treco e não conseguir voltar para São Luis para dar o ultimo adeus à pessoa que mais amava no mundo, aliás, que amo. Não me conformava por não estar perto dele na hora que ele precisou de mim!

Cheguei a São Luís por volta das 2 da manhã e fui direto pra Assembléia Legislativa, ainda na Rua do Egito. Não me lembro de como entrei na Casa, só me lembro que quando olhei minha mãe debruçada no caixão do meu pai, quase desmaio e perguntei pra ele o porquê que ele não me esperou! Ela e toda a minha família estavam ali, ao lado dele, sem acreditar no que estava acontecendo, parecia um pesadelo. Peguei uma cadeira e um travesseiro, e me debrucei no caixão até amanhecer. Não queria sair do lado dele um só minuto, para não deixá-lo. Queria passar ao lado dele os últimos minutos que me restavam.

Quando amanheceu, a casa encheu de gente para dar o último adeus a um dos homens mais decentes que o Maranhão já conheceu. Um bom pai, um bom filho, um bom marido, um bom irmão, um bom amigo e até um bom inimigo – alias, ele não tinha inimigos e sim adversários políticos, e isso ele sabia dividir muito bem. Enfim, não tenho palavras para descrever o caráter dele.

O presidente da Assembléia, na época o João Evangelista(in memorian), assim que chegou não desgrudou da família um só minuto, ele foi uma pessoa impar naquele momento.

O governador Jackson Lago(in memorian) chegou por volta das 9 da manhã, e logo em seguida saímos para o cemitério do Gavião, pois era o desejo do meu pai ser enterrado junto com seus pais.

Foram momentos inexplicáveis, sentimentos que não tenho como descrever, só sabe quem passa.

Então hoje estou expressando toda a minha dor em um dos blogs mais lidos do Maranhão.

Se o Mauro Bezerra faz falta pra você, imagine pra mim, para minha mãe Mirtes, para minha família?

Que Deus o tenha e a minha esperança é reencontrá-lo para que eu possa dizer de novo “pai eu te amo” pessoalmente!

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