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A vida em compasso de espera

LUIZ THADEU NUNES E SILVA
Engenheiro Agrônomo, escritor e globetrotter. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.           
Instagram: @Luiz.Thadeu                   
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E-mail: [email protected]

Estamos em julho; deixamos para trás os seis primeiros meses do ano de 2025. Os dias seguem seu curso no varal do tempo. Parece que foi ontem que a preocupação era escolher a cor da roupa para o réveillon. Metade do ano passou ou voou.

Julho me lembra férias escolares. Passava boa parte do tempo em contagem regressiva esperando julho para não ter a obrigatoriedade de ir para a escola.

Aluno mediano, me contentava em passar, algumas vezes “arrastado”, para não repetir o ano. Ruim era o final do ano, quando tinha ficado de “segunda época” em algumas matérias e, tinha que apelar para aulas de reforço para seguir com a turma no ano seguinte.

Adulto, aposentado, e em novo trabalho, gosto do descanso do final de semana. Junho teve dois finais de semana prolongados. O primeiro por causa de Corpus Christi, que faz parte do calendário religioso, já que o Brasil é o maior país católico do mundo. Depois por um decreto estadual, o feriado de São Pedro, dia 29/06, caiu no domingo, e o governador Carlos Brandão colocou na sexta-feira.

Mas, vamos falar dos domingos. Há quem ame e quem odeie o primeiro dia da semana. Segundo um comercial de TV, “O que cabe em um domingo?”. Muita coisa: Dormir até tarde, fazer amor sem pressa, café demorado, sol preguiçoso da manhã, sair com o cachorro para passear, leitura, ouvir música, colocar a agenda em dia, almoço em família. Comida com lembrança de infância. Resenha com amigos e familiares. Praia, maratonar series na TV, futebol na TV ou ir ao estádio. Ir à missa ou ao culto. Fazer visita para algum parente, visitar um enfermo. Minha saudosa mãe, Maria da Conceição, tinha o sagrado hábito de visitar os doentes aos domingos. No hospital ou na casa do convalescente. Quando o doente estava em casa e era próximo, lá íamos os seis filhos visitá-lo. Todos tomados banhos, lavados e ariados. Época de calças curtas. Roupa limpa, engomada, cheirando lavanda, cabelo cortado, unhas aparadas.  Dona Conceição não serviu o Exército, mas com ela a disciplina era rígida. Linha dura como os militares das antigas.

E, as recomendações, eram as melhores: “Fiquem quietos, comportados, só comam se for servido, nada de pedi nada”. “Nada de correr pela casa”. Era só chegar na casa alheia que as regras e normas eram esquecidas, e como menino não conhece cerca, a correria era grande. Os olhos de mamãe só faltavam sacar; correr atrás de nós. Na volta para casa, os carões eram inevitáveis, e alguns puxões de orelhas.

Gosto dos domingos. Dia que saio para comprar o jornal, com Humberto Garcia, jornaleiro que marca ponto há 30 anos perto de casa. Com calma, ler minha coluna no Jornal Pequeno, degustando café e bolos caseiros. Em um tempo que, por breve instante, no domingo parece parar.

Outros, no entanto, enxergam o domingo como o dia mais solitário da semana. A véspera da rotina, o fim do descanso, um lembrete de tudo o que ficou por fazer.

O fato é que nem o domingo é unanimidade. Como tudo na vida, ele também carrega nuances, interpretações, memórias, humores.

A “síndrome do domingo”; uma sensação de ansiedade que muitas pessoas enfrentam no fim da tarde de domingo, com a proximidade da volta ao trabalho. Muitas vezes ligado ao estresse ou insatisfação profissional, esse sentimento pode acabar afetando o bem-estar de alguns.

Talvez por isso o domingo seja tão especial: porque permite a cada um vivê-lo à sua maneira. Sem obrigações. Sem manual. Apenas sentindo-o.

Na calmaria do domingo, escrevo, programo Alexa para tocar músicas que me transportam para um tempo especial. Rebobino a memória, viajo no tempo. E, se estiver chovendo, melhor ainda. Ótimo segundo semestre para todos. Saúde, fé e paz. Avante! Sempre em frente.

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