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Só somos livres para amar

JOSÉ LUIZ OLIVEIRA DE ALMEIDA
Corregedor-geral da Justiça
E-mail: [email protected]

Liberdade plena é o que muitos almejamos; não a temos e nem a teremos, no entanto, por compreensíveis razões.

A verdade é que, no geral, não somos totalmente livres. Nesse sentido, estamos – e sempre estaremos, enfim – jungidos a circunstâncias da vida, quando não a  normativas, que impõem limites às nossas ações, disso resultando que não podemos fazer tudo que almejamos; e é bom que seja assim.

Nem mesmo nas sociedades mais primitivas a liberdade era plena, pela singela razão de que ser liberdade plena é uma utopia.

Por mais poderosos que sejamos, nunca seremos totalmente livres, porque a vida é assim, sempre foi assim, assim sempre será.

Vivendo em sociedade, convivendo com o parecente, no estabelecimento de relações interpessoais, sempre houve e sempre haverá muitas amarras a nos prender, a restringir a nossa liberdade.

O homem, definitivamente, não pode fazer tudo que lhe convém, por isso existe o necessário controle social, pois que, liberto dos grilhões que limitam suas ações, tende a abusar da liberdade.

Para disciplinar a vida em sociedade, as regras são colocadas/impostas à observância de todos. Uns as cumprem sem hesitação; outros, ao reverso, as vilipendiam, por esse ou aquele motivo. Para os que as descumprem há condenações morais e legais, sem as quais a vida em sociedade seria um caos, daí que quando não as cumprimos, temos que suportar a inflição de penas, nas suas mais variadas modalidades e dimensões.

O Estado, por seus órgãos de controle e persecução, ou a sociedade, por suas instâncias informais de controle social, reagem sempre que não nos comportamos de acordo com as regras vigentes – escritas ou morais, repito.

Agindo assim ou assado, fora dos padrões morais ou em detrimento da ordem jurídica, podemos, sim, com alguma probabilidade, ser apenados, pois é assim a vida em sociedade.

De mais a mais, vivemos presos a muitas convenções sociais, que, do mesmo modo, limitam a nossa liberdade de agir. Regras escritas, convenções ou códigos morais, impõem a todos uma relevante limitação da liberdade.

Num mundo de tantas amarras, felizmente, e aqui o ponto fulcral dessas reflexões, somos livres para amar. Não há nada que nos impeça de amar. E amando a gente faz uma revolução.

Ninguém, nenhuma regra, nenhuma ação estatal, nenhuma vontade superior é capaz de nos impedir de amar. Nada é mais livre do que o amor. E quando amamos de verdade a gente se liberta – e liberta quem amamos, se o amor não egoísta.

O amor dá sentido à vida. Estar amando alimenta e melhora o estado da alma. O mundo se transforma quando se ama. A vida tem outro sentido quando o sentimento que a move é o amor, daí que, em face da relevância desse nobre sentimento, ele deve ser cultivado, regado, alimentado todos os dias.

Noutro giro, é preciso reconhecer que o amor não perde a sua relevância por não ser um amor possível, pois o mais relevante mesmo é amar, nas suas mais diferentes formas e dimensões.

Digo, por fim e ademais, que amar, dar amor, compartilhar esse sentimento revolucionário – sobretudo com a família, mas não só com ela –, antes de escravizar, nos faz viver livremente, pois que, como proclama Santo Agostinho, quem ama pode fazer o que quiser, pois o que importa mesmo é amar.

É isso.

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