Sete anos da Amclam

JOSÉ DE RIBAMAR CASTRO*
Amigos da cultura, da palavra e do pensamento.
É com imensa alegria e reverência que celebramos os sete anos de existência de nossa Academia Maranhense de Letras, Artes e Ciências Militares – sete anos de sonhos nutridos pela palavra, de ideias que florescem no terreno fértil da literatura, da arte e da cultura. Sete anos de resistência poética e intelectual em meio a um mundo que, muitas vezes, prefere o efêmero ao eterno, o consumo à contemplação, o ruído à escuta.
Celebrar a trajetória de uma Academia é, antes de tudo, celebrar o valor da linguagem, do símbolo, da memória, e da imaginação criadora.
Em um tempo em que o mundo parece correr em ritmo apressado, muitas vezes voltado apenas ao que é tangível e lucrativo, manter viva uma instituição dedicada ao espírito é um verdadeiro ato de coragem.
Coragem de afirmar que a cultura é, sim, essencial. Que a literatura ainda tem lugar. Que pensar é um gesto revolucionário. E que escrever é, por vezes, o mais belo ato de amor à humanidade.
Ao longo desses sete anos, a Amclam se firmou com um espaço de encontro e partilha, onde a palavra não apenas se escreve, mas se escuta.
Onde o silêncio é respeitado com matriz da criação, e onde o outro é acolhido como coautor da nossa história comum.
Fomentados o gosto pela leitura, valorizamos nossos autores locais, promovemos debates, lançamos livros, reconhecemos talentos. Em cada ação, semeamos o futuro cultural de nossa comunidade.
A importância de uma Academia como a Amclam ultrapassa os limites do gabinete ou da sala de reuniões. Ela se projeta como farol em meio á maré de superficialidade que marca o mundo atual. Em tempos em que o valor das pessoas parece medir-se pelo que possuem e não pelo que são cultivar a arte e a literatura é resgatar o que há de mais humano em nós. É lembrar que, por trás de cada rosto, há um enredo; por trás de cada olhar, um poema ainda por escrever.
E é também fazer frente a uma sociedade que, muitas vezes, marginaliza o pensamento crítico, que desvaloriza a sensibilidade e que reduz a educação a números.
A academia, a exemplo da Amclam, resiste, afirmando que o conhecimento não se esgota no pragmatismo e que a cultura é o alicerce de uma sociedade livre, ética e justa.
Cada livro lido, cada poema recitado, cada ideia debatida é uma semente contra a ignorância e o esquecimento.
Sete anos. Um número simbólico. Na tradição bíblica, sete é o número da plenitude, da criação completa. E hoje, olhando para trás, podemos afirmar com gratidão: criamos um legado. Mas também olhamos para frente, com esperança, conscientes de que há ainda muito a ser feito. Que nossa missão como membros da Amclam não terminou, pois a cultura é um jardim que exige cuidado diário. Que a arte precisa de espaço. Que a palavra deve ser viva.
Neste momento de festividade, agradecemos aos que sonharam este projeto, aos que nele se dedicam com afinco, aos que, mesmo sem caneta ou microfone, sustentam a Amclam com gestos de apoio e incentivo. E renovamos nosso compromisso: continuar sendo voz em meio ao silêncio, luz em meio á pressa, ponte em meio as divisões.
Sete anos se passaram desde que a Amclam fincou sua estaca no solo fértil da cultura local. Sete anos de colheitas simbólicas, de encontros de palavras e ideias, de silêncios fecundos que se transformaram em crônicas, poemas, ensaios, discursos e sonhos. Hoje nesta celebração, não apenas relembramos o caminho percorrido, mas á palavra e o desejo de resgatar, através dela, a dignidade e a beleza da vida humana.
Vivemos num tempo em que a velocidade substituiu o pensamento, e o ruído tomou o lugar da escuta. Um tempo em que o valor das coisas muitas vezes se mede pelo preço e não pelo sentido. Por isso, ser membro da Amclam é, mais do que um título honorífico, um gesto de resistência espiritual. É afirmar, contra toda superficialidade, que cultura é ainda um dos poucos lugares onde o espirito pode respirar.
Somos, pois, aqueles que decidem cultivar o essencial quando tantos preferem o efêmero. Guardamos o verbo quando tudo tende ao vazio. Preservamos a memória quando o presente insiste em esquecer. E seguimos sendo – como bem podemos chamar – em metáfora poética – sentinelas do invisível: guardiões da cultura, jardineiros da alma humana, que não se deixam iludir pelos ruídos do mundo, mas escutam os sussurros da eternidade nas entrelinhas da palavra e que venham muitos outros aniversários.
*Membro da Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares (Amclam), titular da cadeira no 37, patroneada pelo Monsenhor Arthur Macário Lopes Goncalves. Desembargador aposentado. Professor da Universidade Federal do Maranhão.
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