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“Deboísmo”

JOSÉ LUIZ OLIVEIRA DE ALMEIDA
Corregedor-geral da Justiça
E-mail: [email protected]

O neologismo que trago à colação para dar título a essas reflexões significa, nos dias atuais, fruto da inspiração e da irreverência dos mais jovens, estar “de boa”, ou seja, estar numa boa, de bem com a vida, em paz, tudo na mais perfeita ordem, como, afinal, todos almejamos.

Nada há mais prazeroso, com efeito, que o “deboísmo”, o que nem sempre alcançamos, pelos mais diversos motivos, haja vista que a vida é assim mesmo: cheia de surpresas, algumas das quais se contrapõem a essa confortável e almejada sensação de estar “de boa”.

Estar numa boa, ou “de boa”, é o que nos apraz. É o que todos queremos. É em razão do que gastamos as nossas energias.

Eu, claro, como tantas outras pessoas, quero estar “de boa”, no conforto, nos braços do “deboísmo”, daí que não estando “de boa”, como ocorre com qualquer um de nós, me fragilizo sobremaneira, o que, no meu caso, é próprio da minha personalidade, frágil que sou para as intempéries da vida.

Nem sempre é possível, entrementes, estar “de boa”, razão pela qual, muitas vezes, quando nos imaginamos no “deboísmo”, somos tragados por uma circunstância, por um evento, pelo inusitado, pelo inesperado, que termina por nos tirar da posição confortável que todos buscamos.

Aconteceu comigo, de novo e recentemente, um fato da vida que me nocauteou, a reafirmar o que eu disse acima: que, subitamente, tudo pode mudar, nos retirando de uma situação confortável que tanto nos apraz.

Explico. Estando eu vacinado contra o vírus influenza, ainda assim fui contaminado, com graves consequências para minha saúde física e mental, a revelar, mais uma vez, o quanto me afeta – e a todos nós, enfim – não estar “de boa”.

Claro que não sei onde fui contaminado, conquanto tenha pistas. Mas isso agora é o que menos importa.

O que importa mesmo, para essas reflexões, é advertir para a necessidade de estar vacinado, de não perder a oportunidade de se imunizar, sobretudo para aqueles que estão no grupo de risco, como é o meu caso.

Nesse sentido, é dever dos governantes, por tudo que tem sido veiculado, manter a população informada em face das mentiras oportunistas que são veiculadas acerca da vacina, fruto de uma cultura nefanda que se sedimentou pela ação irresponsável de uma parcela negacionista da sociedade.

A propósito das mentiras divulgadas sobre a vacina contra o vírus influenza, devo dizer que não, não é verdade que ela cause gripe, apesar das fake news em sentido contrário; para rechaçar esse argumento falacioso, basta informação.

Devo dizer, ademais, que não, não é verdade que a vacina do SUS não proteja, cumprindo anotar que os que disseminam essa inverdade o fazem por maldade e por alinhamento com o que resulta de pior na guerra ideológica que contaminou e dividiu a sociedade brasileira.

A vacina – essa a verdade –, por ser trivalente, protege, sim, contra três cepas do vírus: dois subtipos do vírus influenza e uma linhagem do influenza B, nela não estando incluída apenas uma cepa de baixa circulação.

É verdade, sim, que a eficácia da vacina da gripe não é de 100%, porque o vírus sofre mutações. Mas a verdade é que, ainda assim, ela protege, razão pela qual essa constatação não pode servir de escopo para desestimular a busca aos postos de vacinação.

Por fim, não se pode descurar que a gripe pode ser, sim, uma doença grave, sobretudo para as pessoas do grupo de risco, como se deu comigo e com tantos outros, compelido a me internar, com urgência, em face dos problemas respiratórios decorrentes da contaminação.

Enfim, se você quer mesmo ficar “de boa” e se proteger contra os males da gripe, não acredite em fake news, diga não ao negacionismo, acredite na ciência, vacine-se, cuide de sua saúde, e desfrute do “deboísmo”.

É isso.

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