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Reinvenção: pandemia leva maranhense a apostar em novo modelo de negócio

O empreendedor Rodrigo Lima, dono de famosa gelateria em São Luís, enxergou oportunidade em meio à crise e hoje gerencia nova empresa com previsão de superar ganhos da primeira

Rodrigo Lima empreende no ramo de sorveteria desde 2011, mas foi em 2016 que ele iniciou um de seus negócios mais bem-sucedidos (Foto: Juliana Vieira/Diverno)

A vida só é possível reinventada. Durante a pandemia, a validade dessa frase da renomada escritora Cecília Meireles foi confirmada por muitos empreendedores, como o maranhense Rodrigo Chaves Lima, que observou uma redução de 80% no faturamento de sua consolidada empresa de gelato em São Luís. “Foi desesperador”, relembrou. As circunstâncias adversas o impeliram a pensar em alternativas para o novo momento, e uma delas foi começar outro negócio no segmento de sorveterias, mas com público e estratégia distintos, passando do varejo para a indústria.

Em 2020, a marca maranhense de gelato criada por ele e a esposa, Danielle Rodrigues Lima, fechou as lojas por alguns meses em virtude das restrições impostas pela pandemia, assim como tantos outros negócios. Com isso, a empresa projetada para proporcionar uma excelente experiência de consumo dentro da loja precisou partir para o delivery para se manter operando, mesmo com uma queda drástica nas vendas. Foi nesse período que o empreendedor passou a olhar com mais atenção para o setor industrial.

“Eu não sabia quando iríamos reabrir e havia muita informação circulando de que os modelos de negócio iriam mudar, o varejo iria mudar. Realmente mudou, mas não da forma como se falava. Na pandemia, olhávamos os supermercados, os minimercados, que são negócios essenciais, funcionando. E eu via que as indústrias que fabricavam tanto picolé quanto pote para sorvete estavam funcionando normalmente e ainda crescendo. E nós com um negócio de varejo parado. Então eu iniciei um estudo muito aprofundado de como funcionaria a indústria”, compartilhou Rodrigo Lima.

Após a reabertura da gelateria, no segundo semestre de 2020, e com o estudo finalizado, o casal decidiu abrir um negócio de produção em larga escala de sorvetes e picolés, com o apoio de outra sócia. Em 2021, depois de captarem investimento junto aos bancos e conversarem com fornecedores, deram início à construção da indústria e da nova marca. A fabricação dos sorvetes e picolés começou em março de 2022 e no mês seguinte a empresa realizou a primeira venda. A estratégia foi intensificar a presença da marca na capital do estado no primeiro ano e expandir para outros municípios no ano seguinte. Em 2024, a empresa busca consolidação.

“Fornecemos para mais de 20 municípios do interior do estado. As cidades onde temos um grande volume de vendas atualmente, além da capital, são Açailândia, Imperatriz, Balsas, Timon, Caxias, Itapecuru-Mirim e Santa Inês. Este ano, queremos aumentar a quantidade de clientes nos locais onde já estamos e abrir lojas próprias, com produtos vendidos a preço de fábrica para o cliente final e o varejo. Em fevereiro, já abrimos a primeira loja no bairro Alto do Calhau, em São Luís, que superou as expectativas de aceitação e faturamento. Por isso, em junho abrimos a segunda loja na Maioba”, comemorou o empreendedor.

RECEITA DO SUCESSO

O Brasil tem mais de 11 mil empresas ligadas ao setor de sorvetes e gelatos, de acordo com levantamento da Associação Brasileira das Indústrias do Setor de Sorvetes (Abis). Nesse mercado concorrido, a diferenciação é essencial, defende Lima. Ele conta que sua empresa de sorvetes se destaca pela oferta de opções com frutas regionais na linha de picolés, como cajá e maracujá; pela diversidade de sabores na linha de sorvetes, incluindo opções não exploradas por grandes indústrias de abrangência nacional; e pela maior agilidade na distribuição dos produtos, devido à localização privilegiada da fábrica, situada na Vila Maranhão, em São Luís. Tudo isso a um preço acessível, sem negligenciar a qualidade.

Já a fórmula da bem-sucedida gelateria, no mercado há oito anos, é entregar não somente um produto de altíssima qualidade, como também proporcionar uma experiência memorável e oferecer sabores novos e únicos, com o DNA da marca. “Apesar de serem duas marcas do mesmo segmento, a estratégia de posicionamento e venda é totalmente diferente”, ressaltou.

Atualmente, a marca de sorvetes está presente em 300 pontos de venda no Maranhão, além das duas lojas da fábrica, e a gelateria detém quatro lojas e dois quiosques em São Luís, com previsão de abertura de uma sétima unidade ainda em 2024. A perspectiva do empreendedor é que o faturamento de seu negócio industrial ultrapasse o da gelateria em dois ou três anos, em um setor promissor que movimentou mais de R$ 14 bilhões no país em 2022 e que tem na região Nordeste seu segundo maior mercado consumidor, atrás apenas do Sudeste, segundo a Abis.

EXPERIÊNCIA E CONHECIMENTO PARA O NEGÓCIO NÃO DERRETER

O sucesso alcançado por Rodrigo Chaves Lima, graduado em Administração, começou a ser construído antes mesmo de ele ter o seu primeiro CNPJ. Em 2010, iniciou uma exitosa carreira como gerente do setor de compras de uma das maiores redes varejistas do país, fundada no Maranhão. Em 2016, participou do desenvolvimento da primeira loja virtual do grupo, mas no ano seguinte, apesar de uma promoção recente, decidiu que era a hora de deixar o trabalho de carteira assinada para se dedicar totalmente à gelateria, ao lado da esposa.

Lima apontou que a experiência como celetista foi fundamental para que ele se tornasse o empreendedor que é hoje. “Lá, eu entendi o que era o negócio de varejo, como a indústria pensa e como se posiciona. Aprendi a lidar com gente, a vender, a comprar e conceitos muito fortes de estratégia de negócio, que eu aplico nas duas empresas. Então, para mim, foi a grande escola. Se eu não tivesse tido essa experiência, eu tenho certeza que eu não teria hoje o que eu tenho”, refletiu.

Seus primeiros passos como empresário foram dados em 2011, também no segmento de sorvetes e gelados comestíveis. Começou com sorvete expresso, depois investiu no açaí, mas foi no gelato, em 2016, que ele deslanchou como empreendedor. “Foi uma construção, não chegamos onde estamos do dia para a noite”, ponderou.

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