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Texto do Bispo Mário Porto, publicado na PG do Jornal Pequeno do dia 18 de fevereiro de 2024

 

POR QUE SÃO TÃO DIFÍCEIS AS DESPEDIDAS?Reflexões sobre o adeus e a saudade

Quem entre nós não tem a sensação de que não nos despedimos adequadamente daqueles que amamos e daqueles que deixamos? Essa sensação de vazio, principalmente quando se trata de entes queridos, é algo que muitos de nós sentimos. Para mim, esse sentimento foi ainda mais forte diante da morte de meu pai, pois estava longe e não pude participar de seu velório e sepultamento. É como se eu não tivesse dito tudo o que precisa ser dito para nos preparar melhor para este momento inevitável.

O escritor Carpinejar propõe uma reflexão valiosa sobre esse sentimento: “O abraço deveria ter sido mais apertado, as frases de gratidão mais contundentes, o olhar mais banhado de lágrimas”.A proposta do autor é que repensemos a forma como lidamos com as despedidas. Ele sugere que deveríamos ter abraçado mais apertado, expressado nossos sentimentos com mais intensidade e dedicado um tempo maior a esses momentos de despedida. A impressão persistente é de que faltou tempo, disposição, uma entrega mais completa. No entanto, é natural que, diante do adeus, nos deparemos com a nossa própria humanidade, com suas carências e incompetências.

Amar e enfrentar a insuficiência são tarefas complexas dentro do contexto hospitalar, em que o afeto é a linha tênue que estabelece um diálogo com o sentido quando tudo parece destituído de significado. É nesse cenário desafiador que nos deparamos com a carência de tempo, a incompetência para expressar completamente nossos sentimentos e a incapacidade de estar totalmente presente.

Em meio à saudade e ao peso do desconhecido, confiamos nas sábias palavras de Jesus, registradas em Mateus 5:4, quando Ele proclamou: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”. Essa promessa divina nos lembra que, mesmo diante da dor da despedida, há uma fonte de consolo que transcende nossa compreensão.

Diante da dor de perder um ente querido, encontramos conforto na promessa bíblica de que os enlutados não serão abandonados. A misericórdia de Deus se estende àqueles cujos corações estão cheios de tristeza. Jesus, o Príncipe da Paz, oferece um conforto que transcende a compreensão humana, um conforto que chega ao mais profundo da alma.

Essas palavras não são apenas um lenitivo para a dor, mas uma promessa de esperança. A promessa de consolo nos momentos de luto não apenas acalenta nossos corações, mas também nos lembra da presença amorosa e compassiva de Deus em nossas vidas. Assim, ao enfrentarmos a saudade e o desconhecido, podemos encontrar força na promessa divina que ecoa através dos séculos.

Mário Porto

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