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Texto do Pr. Moreira Silva, publicado na PG deste domingo, 17/dezembro/23

: A narrativa de JESUS  é diferente da nossa com relação a realidade.

Usarei o texto dos  discípulos de Emaús para desenvolvimento da mensagem.
Em Lucas 24, conta-se uma história de dois discípulos que, após a crucificação de Jesus, decidiram voltar para sua cidade e, no caminho, iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e foi com eles. Os seus olhos, porém, estavam impedidos de o conhecer.  Então lhe perguntou Jesus: “Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais?”. Um deles, chamado Cleopas, respondeu dizendo: “É o único porventura que tendo estado em Jerusalém ignoras as ocorrências destes últimos dias?” E Jesus pergunta: “Quais?”. O discípulo, então, dá início à sua narrativa a partir da compreensão que ele tinha de Jesus e da sua missão, dizendo: “O que aconteceu com Jesus, o nazareno, que era varão profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo. Nós esperávamos que ele haveria de redimir a Israel, mas, depois de tudo isso, já é este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam”. Porém, quando os discípulos acabaram a sua narrativa, Jesus iniciou a sua narrativa, dizendo: “Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?” Então, começando por Moisés, discorrendo os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava nas Escrituras. Quando se aproximava da aldeia para onde iam, Jesus fez menção de passar adiante, como se fosse seguir sozinho. Nesse momento, os discípulos fizeram o convite: “Fica conosco, pois é tarde e o sol já declina”. E aconteceu que quando estavam à mesa, tomando Jesus o pão, abençoou e, partindo o pão, lhes deu; então, eles abriram os olhos, e o reconheceram, mas Ele desapareceu da presença deles.
A partir dali, eles abriram os olhos do entendimento, viram então que não estavam seguindo somente um professor, um profeta ou um mestre. Eles estavam com o Cristo, o Deus encarnado e, como diz um amigo meu, “com um professor a gente aprende, um profeta a gente ouve, um mestre a gente segue, e um Deus a gente adora”. A partir daquele momento, suas vidas foram transformadas e passaram a ter uma nova cosmovisão da história. O sofrimento e o desânimo deles é que eles tinham uma compreensão equivocada de Jesus e de sua missão. Por isso, quando Jesus Cristo foi crucificado, toda sua perspectiva desmoronou e todos o abandonaram, mas Jesus foi em busca de todos eles e revelou para eles que o último acontecimento não era a morte, mas a ressureição. A partir dessa revelação, eles compreenderam que a crucificação faria parte da trajetória de Deus para nos redimir dos nossos pecados e a ressureição seria a realização de toda a justiça de Deus, relativizando todos os poderes. Assim, eles ganharam a consciência de que em Jesus, o ideal e a realidade são uma coisa só. É uma questão de tempo para se concretizar.
Por isso devemos seguir a Jesus a partir da sua realidade, que é uma nova maneira de interpretar a vida. Quando nós o seguimos a partir da nossa perspectiva, somos fortes candidatos a nos escandalizar com Ele, principalmente quando Ele não corresponde com as nossas expectativas. Porém, quando seus olhos se abriram, eles descobriram que seguir Jesus era o mais fascinante projeto de vida, como diz o Caio Fábio. Ele é irrepetível. Da manjedoura à crucificação e à ressureição, Ele é único. C.S. Lewis dizia: “Eu creio no cristianismo assim como creio que o sol nasceu, não porque eu o vejo, mas porque através dele eu compreendo todas as coisas ao meu redor”.
O apóstolo Paulo disse: “um dia todo joelho se dobrará, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda a língua confessará que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai”. Por isso, não devemos nos preocupar e ficar atemorizados como os discípulos de Emaús, porque no momento ômega da história é Jesus que terá a última palavra.

Pr.Moreira.

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