Texto do Pr. Lusival Gaspar, publicado na PG do Jornal Pequeno do dia 15/10/23
“Acaz tinha vinte anos de idade quando começou a reinar […]. Não fez o que era reto aos olhos do Senhor […] e até queimou o seu filho como sacrifício, segundo as abominações dos gentios.” (2Reis 16.2-3)
O sacrifício dos próprios filhos era comum entre as nações cananeias, vizinhas de Israel, geralmente como culto a uma divindade denominada Moloque, também conhecida por Milcom e Malcã. No entanto, as Escrituras proibiam expressamente esse comportamento: “não entregue nenhum dos seus descendentes para que se dedique a Moloque. Não profane o nome do seu Deus.” (Levítico 18.21); e “não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha.” (Deuteronômio 18.10)
Entretanto, esse costume foi assimilado pelos israelitas e incentivado por alguns dos seus reis, a exemplo de Manassés, que sacrificou um de seus filhos, e de Salomão, que edificou um santuário a Moloque. Na passagem bíblica em estudo, há o registro de que Acaz, rei de Judá, também queimou o seu filho como sacrifício. Ora, o Senhor Deus jamais exigiu do homem um sacrilégio dessa natureza. Quando Abraão levou Isaque à terra de Moriá para oferecê-lo em sacrifício, o Todo-Poderoso não permitiu que o holocausto se consumasse, justamente porque estava apenas colocando a fé, o amor e o temor de Abraão à prova.
O Santíssimo não se compraz em sacrifício dos filhos, porquanto eles são herança ou dádivas do Senhor (Salmo 127.3). Na verdade, o Pai não se compraz com holocausto de vítima humana alguma. O único sacrifício que ele aceitou e nele se alegrou foi realizado por si mesmo: a entrega de seu Filho unigênito na cruz para conceder salvação a todo o que nele crer.
Nos tempos atuais, os pais sacrificam os próprios filhos de modo diferente. O altar de Moloque é animado não com a lenha em brasa, porém com a ausência prolongada dos pais do lar para cultuar os ídolos da carreira profissional, fama e patrimônio; com o abandono dos filhos à própria sorte nas redes sociais, em que se recreiam com a pornografia; etc. Contudo, o que o Senhor requer dos pais é o amor sacrificial, autossacrifício em favor dos filhos, não o sacrifício destes.
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