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Olhando para o fim

O que o exílio de Daniel na Babilônia e suas visões dos planos de Deus para o futuro podem ensinar-nos aqui e agora.

Muita gente gosta de ler livros, histórias e romances. Alguns costumam ler primeiro a contracapa do livro para descobrir do que se trata, para então lerem diretamente o fim, as últimas páginas do livro. É uma prática que tira um pouco o efeito de tensão com a história.

Com Deus é diferente. Ele utilizou de forma maravilhosa pessoas a quem mostrou muitas coisas até o fim dos tempos. Mesmo assim, com o Senhor o assunto permanece sempre altamente interessante. Sua história sagrada e mundial permanece empolgante. Percebemos isso principalmente no livro de Daniel que, embora não seja um livro fácil, vale a pena ser estudado, porque está escrito ali:

“Quanto a você, Daniel, encerre as palavras e sele o livro, até o tempo do fim. Muitos correrão de um lado para outro, e o saber se multiplicará” (Dn 12.4).

É o que queremos fazer em espírito de oração, porque Daniel foi um daqueles homens que recebeu de Deus, bastante antecipadamente, uma visão do fim dos tempos.

Nas melhores mãos

Daniel viveu em uma época bem movimentada, na qual várias grandes potências lutavam pela hegemonia. Ele viu Babel conquistar Assur, bem como os cercos e prisões de Judá e Jerusalém, o triunfo e a morte de Nabucodonosor, e em seguida também a reconquista de Babel pela Medo-Pérsia e, finalmente, como os judeus retornaram à sua terra (confira em Esdras e Neemias).

O livro de Daniel oferece-nos uma profunda visão do período do exílio babilônico de Judá e, para além disso, da vida pessoal de Daniel. Além de tudo isso, ele nos oferece uma visão profética dos destinos das nações durante o chamado “tempo dos gentios”. Assim, Deus determinou tempos ou períodos durante os quais ele não falou mais ao seu povo, porque este não queria ouvir – períodos durante os quais Israel e Jerusalém foram punidos pelas nações.

Esses destinos dos povos relatados no livro de Daniel estendem-se de Nabucodonosor até a volta de Jesus Cristo e testificam a onipotência e a soberania de Deus. Ele é o Senhor da história mundial. O que vemos nesse livro, olhando até o fim, é que ele, o Deus vivo, efetua tudo segundo a decisão da sua vontade – tanto a história das nações, como também a de cada indivíduo.

Um exemplo que nos permite aproximar-nos do livro de Daniel é que, por meio de Jeremias, Deus designou o grandioso e poderoso Nabucodonosor como seu servo por meio do qual ele julgou o povo de Israel. “Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos: Visto que vocês não escutaram as minhas palavras, eis que mandarei buscar todas as tribos do Norte, diz o Senhor, e também Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo, e os trarei contra esta terra, contra os seus moradores e contra todas estas nações ao redor, e os destruirei totalmente. Farei deles um objeto de horror e de vaias, ruínas perpétuas” (Jr 25.8-9).

Isso mostra que Deus tem tudo sob controle. Assim, o livro de Daniel diz que é Deus quem institui e depõe reis. Isso não é consolador? Nada ocorre simplesmente por acaso. Tudo tem de passar pelo gabinete de Deus, e nada escapa ao seu olhar. Israel não estava – nem está – simplesmente exposto a homens que possam fazer o que bem entendem. Eles, você e eu não estamos expostos ao acaso e ao arbítrio da vida diária. Pelo contrário. Isso também se aplica ao fim da nossa vida. Quando Deus disser que acabou, assim será. Isso acaba com qualquer pressão.

Desde que pude me tornar pai de duas maravilhosas crianças, percebo muita coisa de forma diferente. Em certos aspectos, tornei-me mais complicado. Talvez você também conheça isso da sua própria experiência. Ao entregarmos nossos filhos aos cuidados de outrem, examinamos cuidadosamente a quem os confiamos. Não seria fácil entregar os filhos a alguém que nos faça pensar desde o início: tomara que dê certo. Assim, certamente é muito importante para nós que nossos filhos recebam, por exemplo, bons professores. Queremos que estejam em boas mãos.

O professor dr. Eckstein escreveu: “Tu Senhor, és mais fiel a mim do que eu mesmo, amas-me mais amplamente do que eu consigo; dás mais valor ao meu desenvolvimento e à minha felicidade do que eu, e ninguém outro além de ti me cobra tão decididamente aquilo que eu mesmo considero importante. Sendo, então, assim e podendo eu confiar mais em ti do que em mim mesmo, minha vida está mais bem guardada em tuas mãos do que nas minhas próprias”.

Sim, as mãos de Deus são as melhores. Você e eu nos encontramos nas melhores mãos que existem. Podemos repousar tranquilos nessas mãos amorosas – e isso em meio a toda confusão. Nenhuma invasão de exércitos ou algo similar mudará isso. Nenhum bombardeio de usinas nucleares. Ele é quem conserva a vida. Se Deus retrair sua mão, nada mais existirá. Quer sintamos, quer não, quer creiamos em Deus, quer não, toda criatura depende do mantenedor da vida.

“Se Deus retrair sua mão, nada mais existirá. Quer sintamos, quer não, quer creiamos em Deus, quer não, toda criatura depende do mantenedor da vida.”

Assim, havia aquele Israel teimoso que simplesmente não queria andar pelos caminhos de Deus. Reconhecia qual era o caminho certo, mas se recusava: “Assim diz o Senhor: ‘Ponham-se à beira dos caminhos e olhem; perguntem pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andem por ele e vocês acharão descanso para a sua alma’. Mas eles dizem: ‘Não andaremos nele’. Também pus atalaias sobre vocês, dizendo: ‘Fiquem atentos ao som da trombeta’. Mas eles dizem: ‘Não escutaremos’” (Jr 6.16-17).

Então, como Jeremias previra, Nabucodonosor sitiou Jerusalém com seu exército. Assim chegamos a Daniel 1.1-2: “No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio a Jerusalém e a sitiou. O Senhor entregou nas mãos dele Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da casa de Deus. Nabucodonosor levou esses utensílios para a terra de Sinar, para o templo do seu deus, e os pôs na casa do tesouro do seu deus”.

Em 586 a.C., a cidade de Jerusalém e o templo foram destruídos no reinado de Nabucodonosor e uma parte dos utensílios foi confiscada, e, segundo o versículo 2, reconhecemos que foi o Senhor quem fez isso. Ele entregou Jeoaquim, o rei de Judá, e uma parte dos utensílios nas mãos do inimigo.

Tudo está com ele, nas melhores mãos. Foi o próprio Deus que entregou aquelas coisas. O aspecto consolador disso é que, embora parecesse arbitrariedade, não foi assim. Deus determina os limites até onde os inimigos podem avançar.

Basta pensar na grande crueldade que abala o nosso mundo, como a guerra da Ucrânia, mas também outros conflitos em muitos outros lugares da terra, e também na grande tribulação para Israel. Ainda assim, Deus não simplesmente solta as rédeas. Ele tem todos os cavalos assustados em suas mãos.

Vemos isso também nos cavaleiros de Apocalipse 6. Cristo é aquele que abre os selos, e enquanto não os abrir, nada acontecerá com esses cavaleiros. Eles não podem simplesmente sair por aí a galope. Também isso está nas melhores mãos. Cristo abre os selos e então se diz que algo lhes “foi dado”. Por exemplo: o poder de tirar a paz da terra, ou a inflação que acompanha o cavalo preto. Não há arbitrariedade: “foi dado”. Deus determinou desde o início até onde Satanás, os poderes das trevas, o Anticristo, podem ir.

O que foi mesmo que Cristo disse a Pilatos? “Jesus respondeu: O senhor não teria nenhuma autoridade sobre mim se de cima não lhe fosse dada…” (Jo 19.11). Mesmo diante do ataque de Gogue e Magogue, Deus diz: “Eu o farei mudar de direção… juntamente com todo o seu exército…” (Ez 38.4).

 “Jesus respondeu [a Pilatos]: O senhor não teria nenhuma autoridade sobre mim se de cima não lhe fosse dada…” (Jo 19.11).

Portanto, realmente poderia acontecer de algum chefe de estado subitamente iniciar uma guerra de um dia para o outro, tal como já observamos hoje. Quando Deus avança no cumprimento da profecia bíblica, nada mais será como era ontem. E não esqueçamos que ele é justo e também julgará com justiça. Assim, o Deus todo-poderoso mostra, por meio de Daniel, como ele mantém, dispõe e dirige tudo nas melhores mãos a fim de que, ao final, tudo seja como ele, o justo Deus, sempre quis.

Um fato glorioso é que, enquanto todos os homens são diferentes – têm intenções, objetivos, vontade, diferentes anseios e opiniões –, Deus realiza aquilo que diz na Bíblia. É maravilhoso. Será que percebemos como nosso Deus é grande? Ele é maior do que tudo, ele tudo pode. O que quer que possa nos incomodar, podemos contar com um Deus imensuravelmente grande que tudo realiza.

Deus provê direito e justiça

Portanto, Nabucodonosor e seu exército levaram Jeoaquim e parte dos utensílios, e mais uma coisa: “Depois, o rei ordenou a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, sábios, instruídos, versados no conhecimento e que fossem competentes para servirem no palácio real. E que Aspenaz lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus” (Dn 1.3-4).

Entre todos esses homens estava também Daniel, ainda bastante jovem (cf. v. 6). Seu prenome hebraico combina a noção de julgamento ou probidade com o título divino El. Portanto, o nome Daniel significa “Deus proveu justiça”. El é o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo – e foi nesse poder de El, o Deus vivo, que Daniel trabalhou na corte babilônica. Com esse poder, Daniel administrou a lei no exílio babilônico e executava o direito estatal em vigor. Ele era um estadista. Em meio a toda a injustiça, nosso Deus usou esse homem justo para proporcionar direito.

Subitamente, porém, Daniel foi confrontado com uma ilegalidade. Ele deveria comer coisas que, segundo as leis alimentares de Deus dadas a Israel, ele não poderia ingerir. Além disso, ele e seus amigos ganharam nomes de outros deuses, porque, para Babel, era inadmissível que portassem um nome que glorificasse um outro Deus (aliás, o Deus verdadeiro). Eles deveriam ser capacitados a prestar serviços na corte real e receberam a formação correspondente, sendo instruídos em toda a sabedoria de Babel, contrária a Deus. O rei considerava essa educação de nível superior tão importante, que eles deveriam até mesmo receber os melhores alimentos, aqueles que o próprio rei também consumia. Como futuros representantes de Babel, esses estudantes deveriam submeter-se completamente ao rei em todas as matérias religiosas e políticas.

Daniel, porém, queria cumprir os mandamentos de Deus, e aquilo era muito importante para ele. Ele queria permanecer firme e fiel ao lado do seu Deus: “Daniel resolveu não se contaminar com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; por isso, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar” (Dn 1.8).

Deus viu seu coração e lhe concedeu graça e misericórdia da parte do oficial, de modo que este atendeu ao seu desejo. Deus assegurou o direito de Daniel para que ele, sob ameaça de uma injustiça, não fosse condenado por algo que naquela época ia contra o Senhor – e, por fim, ele e seus amigos pareceram mais saudáveis e bem-alimentados que todos os outros.

Ezequiel 14 chama Daniel de homem justo e o enumera ao lado de Jó e outros. Como ficamos nós diante disso? Você e eu? Deus nos proveu justiça por meio do seu Filho Jesus Cristo. Quem será contra nós? “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou melhor, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8.34).

Quem quer que conheça uma pessoa influente que possa lhe ajudar em alguma situação crítica, costuma ficar em posição favorável. A influência alheia ajuda bastante em muitos casos e também pode ser útil no tribunal. Você e eu conhecemos a Cristo. Ele intercede por nós. Dispomos da melhor influência! Talvez você esteja sofrendo com injustiças familiares, com as autoridades ou também no emprego. Injustiças que corroem sua vida. No entanto, podemos saber que Cristo se empenha em nosso favor. Ainda que seja difícil, podemos deixar essas coisas nas melhores mãos e confiá-las àquele que assegura nosso direito. Estamos lidando com o Deus que tudo vê e controla, e a quem nenhuma injustiça escapa.

Uma pergunta que podemos então formular a nós mesmos é: seríamos tão justos quanto Daniel? Sim, você também é justo, justificado por Cristo. Em Cristofalta até coragem de dizer isso – você e eu seríamos citados no mesmo fôlego com Jó. Não por sermos bons, mas por estarmos em Cristo.

Em e por meio de Cristo. O que significa isso? Significa que você e eu estamos unidos tão intimamente com Cristo que nossa vida não é mais definida por nós mesmos. Em 1Coríntios 6.11, Paulo nos apresenta esse maravilhoso fato de que cada um no corpo de Cristo possui o seguinte estado: lavado e limpo, santificado, justificado. A justiça de Cristo pertence a você e a mim. Apesar de todas as nossas falhas, que para nós talvez sejam onipresentes e sob as quais sofremos, nada nem ninguém pode usar isso contra nós. Nada.

Podemos observar mais uma coisa para nos inspirar em Daniel, também com relação a direito e justiça. Daniel vivia dentro de um sistema anticristão. Basta lembrar os nomes de deuses atribuídos a Daniel e seus amigos, a comida incompatível com as leis alimentares de Deus que, na época, valiam para o povo de Israel, o ocultismo com intérpretes de sonhos e feiticeiros… Daniel mostra como nós também podemos viver de um modo cordial, amoroso e honesto, como exemplos de fé, mesmo sob tendências e posturas anticristãs. Chama atenção que Daniel não armou nenhum tumulto. Em parte alguma criou algum escândalo. Ele demonstrou respeito pelos superiores, os políticos. Seu trato e sua linguagem foram pacientes e gentis. Em amor e com um testemunho impressionante ele expôs a sua posição.

“Daniel mostra como nós também podemos viver de um modo cordial, amoroso e honesto, como exemplos de fé, mesmo sob tendências e posturas anticristãs.”

Ele solicitou permissão para viver de acordo com a Bíblia. Também é interessante que ele não tenha tentado impor sua postura a todos os outros. Isso ensina que não precisamos nem devemos acompanhar todas as tendências sociais, mas que podemos permanecer serenos e calmos por sabermos que tudo virá como deve vir. Vemos aqui também que, mesmo naquele sistema anticristão, Deus proporcionou o devido direito aos seus justos. Onde não parece mais haver escape, Deus abre um amplo espaço.

Depois de Deus ter assegurado o direito a Daniel e seus amigos e eles, por fim, terem tido um aspecto melhor que todos os outros apesar da sua alimentação particular, o Senhor lhes conferiu conhecimento e sabedoria em toda a escritura, dando a Daniel entendimento especial para toda espécie de visões e sonhos, e com isso enxergamos até o fim.

O panorama da história mundial

“Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria. Mas a Daniel deu inteligência para interpretar todo tipo de visões e sonhos. Ao final do tempo determinado pelo rei para que os jovens fossem levados à sua presença, o chefe dos eunucos os levou à presença de Nabucodonosor. Então o rei falou com eles. E, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Por isso, passaram a servir o rei. Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais sábios do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino. Daniel continuou ali até o primeiro ano do reinado de Ciro” (Dn 1.17-21).

Qual é a importância de Deus ter dado a Daniel entendimento quanto a todas as visões e sonhos? Muito daquilo que Daniel viu já se cumpriu e é histórico. Todavia, nosso maravilhoso Deus também lhe concedeu uma visão que se estende até o fim, tal como fica claro em sua interpretação do sonho de Nabucodonosor a respeito da estátua: “Mas há um Deus no céu, que revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que vai acontecer nos últimos dias” (Dn 2.28a).

“O que vai acontecer nos últimos dias” também pode ser traduzido como “o que será (ou acontecerá) nos dias tardios”. Esses últimos dias (ou os dias tardios) dizem respeito ao fim para além do tempo de tribulação, quando o Senhor voltar, e chama atenção quando observamos o sonho da estátua: a cabeça dourada representa Nabucodonosor e o império babilônico que conquistou Jerusalém. A partir daquele momento, começa o tempo ou período dos gentios, porque todos os outros reinos simbolizados por aquela escultura possuíram Jerusalém. E o Senhor diz que “até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles” (Lc 21.24).

Isso quer dizer que a Jerusalém que será pisada se correlaciona com os tempos dos gentios, começando com Nabucodonosor, a cabeça dourada. O templo fora destruído, a cidade estava sob domínio estrangeiro, parte dos utensílios do templo encontrava-se em terra de gentios, e vemos no livro de Daniel que Deus entregou às nações esse domínio sobre o mundo, esse reino. E quando se cumprirão esses tempos? Quando Jerusalém não for mais pisada. Como Jerusalém será pisada também na grande tribulação (Ap 11.2), o tempo dos gentios se encerrará quando Cristo voltar. Por isso, Lucas 21.25 também fala diretamente da volta do Senhor logo depois de mencionar os tempos dos gentios.

Nesse olhar até o fim, percebemos que tudo está nas melhores mãos. Isso fica claro na estátua do sonho de Nabucodonosor e também nos capítulos seguintes do livro. Um reino após o outro é julgado por suas transgressões, e, no final, a pedra – ou seja, Cristo em seu retorno – esmaga os pés da estátua e destrói a escultura inteira. A autoadoração e a rebelião contra Deus e seu Filho não aniquiladas. Ele, o Deus vivo, provê tudo de acordo com sua vontade e proporciona justiça ao final do tempo dos gentios.

Em seguida, ele também se encarrega dos direitos de Israel e proporciona justiça ao seu povo por meio de Jesus Cristo. Com a volta de Jesus Cristo, o povo real e sacerdotal de Israel assumirá sobre a terra a soberania política que conduzirá à veneração de Deus. Ele voltará a dedicar-se ao seu povo.

Daniel obteve a visão do fim, e em seu livro vemos mais claramente do que em qualquer outra parte o fato de que o reino de Deus na terra e o domínio mundial pagão sobre Israel e Jerusalém jamais podem ser considerados simultâneos. Só depois de Israel abrir mão totalmente de sua posição oficial de soberania, quando os utensílios foram confiscados e o templo destruído, o tempo, ou seja, o reino das nações, entrou em vigor. Assim, a restauração só ocorrerá quando Deus restabelecer o direito de Israel e reinar em Jerusalém.

Portanto, Daniel viu que as tentativas humanas de melhorar o mundo não levam a nada. Somente quando Cristo voltar, o reino dos céus dominará. Toda essa sabedoria Daniel recebeu de Deus.

Diante disso, qual será a nossa visão como igreja? Como corpo de Cristo? Talvez desejemos ser tão sábios como Daniel. Mas é o que somos! Nós estamos em Cristo, que, segundo Paulo, Deus tornou sabedoria para nós. Daniel recebeu sabedoria de Deus. Para nós, Cristo tornou-se a sabedoria.

Hoje, sonhos e visões estão ultrapassados porque, por intermédio de Paulo, a Palavra de Deus se completou (Cl 1.25). Não há mais nada a acrescentar. Em Cristo temos a sabedoria para estudar e entender a Escritura e crescer nela. Não interpretamos sonhos, mas sua maravilhosa Palavra. Daniel administrou mistérios de Deus sobre a história mundial, e nós, como corpo de Cristo, enxergamos toda a história mundial e sagrada de Deus, não só a partir de Nabucodonosor, mas desde a fundação do mundo até sua consumação, e não só aqui na terra, mas em todo o cosmos. Nossa posição está nas regiões celestiais. Assim, Paulo pôde dizer aos coríntios: tudo pertence a vocês! Com isso, também os escritos de Daniel nos pertencem. Somos administradores dos mistérios de Deus (1Co 4), devendo também estudá-los, falar deles e ensiná-los.

Quando Daniel e seus amigos foram confrontados com as iguarias do rei, eles solicitaram a experiência de poderem alimentar-se por dez dias de acordo com as instruções de Deus. Por que dez dias? Encontramos uma possível resposta no salmo 31.15 em conexão com o número dez no hebraico. Na língua hebraica, a mão é representada pelo número dez. Salmo 31.15 diz: “Nas tuas mãos estão os meus dias; livra-me das mãos dos meus inimigos e dos meus perseguidores”.

“Nossa relação é com o Deus onipotente e poderoso, acima do espaço e do tempo, eterno e atemporal. Ele enxerga tudo simultaneamente, e com esse Deus como nosso Pai, podemos viver nossa vida.”

Daniel e seus amigos sabiam que sua questão estava inteiramente nas mãos de Deus, e assim também nós podemos saber, com tudo que nos sobrevém, que nossos dias estão em suas mãos.

Tudo repousa nas melhores mãos: o juízo, Israel, o próprio Daniel, o mundo das nações, a sua e a minha vida e cada situação individual, inclusive o tempo dos gentios até a volta de Jesus. Em tudo ele assegurará o devido direito no momento certo. Nossa relação é com o Deus onipotente e poderoso, acima do espaço e do tempo, eterno e atemporal. Ele enxerga tudo simultaneamente, e com esse Deus como nosso Pai, podemos viver nossa vida.

 

Philipp Ottenburg estudou teologia na Bibelschule Breckerfeld, Alemanha, e agora trabalha nos setores editorial e de vendas da Chamada na Suíça.

Fonte/ chamada.com

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