Texto do Rev. Hernandes Dias Lopes, reproduzido na PG do dia 29/01/23
A verdade besuntada de mentiras
“Vós, porém, besuntais a verdade com mentiras e vós todos sois médicos que não valem nada” (Jó 13.4).
Jó foi o homem mais piedoso de sua geração. Deus falando a seu respeito, disse que não havia ninguém na terra semelhante a ele, homem íntegro, reto e que se desviava do mal. Jó era o homem mais rico de sua geração e ao tempo o homem mais piedoso. Jó era um pai exemplar e, também, um homem generoso. Era os olhos do cego, as pernas do aleijado e provedor das viúvas.
De forma misteriosa e incompreensível, Jó foi duramente provado. Satanás acusou Jó de servir a Deus por interesse e afirmou que ele amava mais ao dinheiro, à família e a si mesmo do que a Deus. Sem que Jó soubesse, Deus o constituiu em seu advogado na terra e colocou em suas mãos a sua defesa. Isso porque Satanás também insinuava que Deus estava subornando Jó com bênçãos para receber dele adoração.
Uma tempestade atrás da outra caiu sobre a cabeça de Jó e ele foi golpeado e provado nas cinco áreas mais importantes da vida: financeira, filhos, saúde, casamento e amizades. Sendo o homem mais rico, Jó foi à falência. Sendo um pai zeloso, sepultou todos os seus dez filhos num único dia. Sendo um homem saudável, foi acometido de uma doença maligna. Quando Jó estava no fundo do poço, sofrendo de forma atroz, sua mulher recomendou-o a amaldiçoar a Deus e morrer. Seus amigos vieram para consolá-lo e se transformaram em consoladores molestos. Jó foi acusado de ladrão, adúltero, louco e aproveitador. Foi para defender-se das acusações levianas de seus amigos que Jó profere as palavras em epígrafe.
Destacamos, aqui, duas lições:
Em primeiro lugar, os críticos acreditam que suas acusações são verdadeiras, mas elas não passam de deslavadas mentiras. Os críticos têm uma falsa teologia e adotam uma falsa hermenêutica. Acham que o sofrimento de Jó era um castigo divino, por causa de seus muitos e graves pecados. Porém, a verdade dos críticos estava besuntada de mentiras. Eles faltaram com a verdade. Eles foram injustos em suas ponderações. Eles foram cruéis em suas acusações. Eles foram refutados por Jó e reprovados por Deus. Eles precisaram voltar a Jó e reconhecer que estavam errados a seu respeito.
Em segundo lugar, os críticos querendo ser terapeutas da alma não passam de médicos inúteis. Os críticos, do alto de sua arrogância, pousam de médicos, com o propósito de diagnosticar a doença moral de Jó e curar suas feridas. Mas, eles estavam errados no diagnóstico e nos recursos terapêuticos. Eles não conheciam a Deus, a Jó nem a si mesmos. Besuntados de mentiras, aplicavam vinagre nas feridas de Jó, agravando ainda mais seu sofrimento. Jó os chamou de médicos inúteis, que para nada servem. Jó foi restaurado por Deus, mas os seus críticos precisaram ir a Jó pedindo orações para que Deus os restaurasse.
Os críticos estão por todo lado. Ao ver a desdita do próximo, logo sobem para o alto de sua torre de marfim e despejam de lá suas palavras mentirosas, que para nada mais prestam senão para acicatar os justos. Esses críticos pousam de médicos e terapeutas da alma, mas afligem o próximo com suas falsas ações medicamentosas. São mentirosos metidos de paladinos da verdade. São médicos inúteis travestidos de terapeutas eficazes. Suas palavras ferem como espada. Seus remédios são venenos mortíferos. Que Deus nos livre das línguas mentirosas e das mãos opressoras.
Rev. Hernandes Dias Lopes
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