Texto do Bispo Mário Porto, publicado na PG do dia 22/05/22
AMOR ATEMPORAL
“Tendo amado os seus que estavam no mundo , amou-os até fim”. (João 13.1).
Toda a doação, vista até aquele momento, se explicava por este amor sem limites. Toda a doação, a ser vista nos dias próximos, deixaria ainda mais eloquente a perfeição deste amor absoluto porque sem reservas.
Só podemos imaginar, sem esgotar, o que é amar até o fim.
Vivemos nesses tempos da pós-modernidade, a fragilidade e efemeridade das relações.
“Modernidade líquida” é um termo descrito pelo filósofo Zygmunt Bauman (1925-2017) para definir o mundo globalizado.
A liquidez e sua volatilidade seriam características que vieram desorganizar todas as esferas da vida social como o amor, a cultura, o trabalho, tal qual a conhecíamos até o momento.
Baumam argumenta que os indivíduos, na sociedade líquida, tendem a considerar que a atitude mais racional é a de não se comprometer com o que seja. Assim, quando uma nova oportunidade ou ideia aparecem, este indivíduo se engaja sem maiores dramas.
Como esta volatilidade impacta em nossa vida ? A modernidade líquida nos dá uma sensação de fracasso por tanta fragmentação.
Jesus sempre será nosso paradigma de um amor atemporal, sólido, eterno.
Amar até o fim é amar das forças. Jesus, mesmo na angústia do sofrimento, olhou com ternura para os que estavam ao pé da cruz, ao ponto de se preocupar com sua mãe, que ali estava preocupada com ele: “João cuide dela para mim”.
Amar até o fim é, sendo Deus, tirar a túnica externa, enrolar-se numa toalha e lavar os pés dos discípulos, como Jesus fez, como se fosse um escravo que se vestia assim para lavar os pés dos seus senhores.
Amar até o fim é amar de um modo que as pessoas não compreendem. Jesus amou incondicionalmente.
Jesus levou seu amor até às últimas.
Amou os seus. Os seus que o amaram. Os seus que não o amaram.
Nós.
Jesus nos ama até o fim.
Todo o Evangelho é isto.
Evangelho é o firmamento celeste para a qual olhamos e está sempre ali. Nossos gestos, nossas heranças.
Evangelho é o ar que respiramos; embora invisível, circula fora e dentro de nós.
Jesus nos amará até o fim e nos convida a amar até o fim. “Amai-vos como eu vos amei”.
Amemos como Jesus.
Indesistivelmente,
Mário Porto,
O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.