“Fome por Jesus”: cristianismo cresce na Albânia, país que já teve apenas 16 cristãos
Durante 40 anos de ateísmo estatal do regime comunista, o Evangelho não pode ser pregado e Bíblias precisaram ser contrabandeadas ao país.
Na década de 1980, a Albânia estava sendo devastada pelo comunismo, se classificando como o terceiro país mais pobre do mundo. Os albaneses sofriam com escassez de alimentos básicos, como leite e pão, energia elétrica e remédios.
Ter uma religião era proibido e possuir uma Bíblia podia levar a cinco anos de prisão. O governo doutrinava a população através da TV estatal e o país estava entre os três países mais fechados do mundo, ao lado da Coreia do Norte e da Mongólia.
Segundo o The Gospel Coalition, o governo ditatorial de Enver Hoxha tomou o poder após a Segunda Guerra Mundial e em 1967 declarou a Albânia como o primeiro estado ateu do mundo. Antes do comunismo, o país era formado por uma maioria muçulmana, seguida por ortodoxos gregos e católicos romanos.
Nessa época, havia uma pequena comunidade evangélica com cerca de 100 cristãos, grande parte participava de uma missão batista na cidade de Korce. Mas, com a chegada do governo comunista de Hoxha, todos os missionários americanos foram expulsos do país. Pelos 50 anos seguintes, nenhum missionário estrangeiro foi autorizado a entrar na Albânia.
O governo passou a perseguir líderes religiosos e centenas foram torturados, presos por décadas e forçados a trabalharem em minas e canais de esgoto. Quatro padres franciscanos foram queimados até a morte pelos executores comunistas. As igrejas e mesquitas foram transformadas em fábricas.
Hoje, existem cerca de 17 mil evangélicos na Albânia. (Foto: Facebook/TGC Albanian).
Enviando Bíblias por ar e mar
Com as fronteiras fechadas, ninguém conseguia entrar na Albânia para pregar o Evangelho. Então, organizações começaram a contrabandear Bíblias como conseguiam.
Após a Segunda Guerra Mundial, alguns soldados americanos sobrevoaram o país e jogaram Bíblias de paraquedas. Em 1985, um navio da Operation Mobilization, uma organização missionária, ancorou o mais perto que pôde da costa albanesa, mas ainda se mantendo em águas internacionais.
Então, a tripulação jogou ao mar exemplares do Evangelho de Marcos, traduzidos para o Albanês, em grandes sacos plásticos herméticos, que eram enchidos de ar para flutuar na água. Com a maré, as Bíblias chegavam até a praia.
“Conte-me sobre Jesus”
Em 1991, as fronteiras da Albânia enfim foram abertas com o fim do regime comunista e as organizações cristãs puderam voltar a enviar missionários. Don Mansfield, missionário da Campus Crusade for Christ, contou que antes de chegar ao país, o número de cristãos era tão baixo que não existia ao menos uma estimativa.
“Lembro que estava em uma reunião na Holanda com todas as agências de missões globais. Na época, eu não sabia de nada. Eles estavam falando sobre o que estava acontecendo, e eu levantei minha mão. Perguntei: ‘Quantos crentes existem no país?’”, relatou Don, ao The Gospel Coalition.
“‘Você conhece a Sônia?’ uma pessoa perguntou. ‘Kristi?’ sugeriu outra pessoa. ‘Maria é cristã’. As pessoas estavam jogando nomes e cheguei ao total de 16. Todo mundo olhou em volta e disse: ‘Alguém mais conhece alguém?’”.
Hoje, existem cerca de 17 mil evangélicos na Albânia. (Foto: Facebook/TGC Albanian).
Os primeiros missionários que chegaram na Albânia, após o fim do comunismo, se depararam com uma grande fome por Jesus, com muitos albaneses sedentos por ouvir o Evangelho.
Dom lembra de encontrar três jovens na praia, em sua primeira viagem, que perguntaram se ele poderia falar sobre Jesus. “Há cinco minutos, estávamos conversando e dissemos: ‘Temos que encontrar alguém para nos contar sobre Jesus’”, disse Leonard, um dos jovens.
O missionário Mansfield perguntou como eles sabiam perguntar sobre Jesus, após 40 anos de ateísmo estatal. Leonard contou que trabalhava para a guarda costeira e um dia encontrou um saco com o Evangelho de Mateus, na praia.
De 16 a centenas de cristãos albaneses
Depois de alguns meses plantando a semente da Palavra no campo albanês, os missionários já contavam centenas de conversões a Cristo.
“Tivemos o que Jonathan Edwards chamaria de janela de graça. Por cerca de cinco anos, se você pregasse o Evangelho de maneira simples, você teria 300 pessoas na igreja no próximo domingo. As pessoas estavam com muita fome e as igrejas estavam crescendo rapidamente”, lembrou Albert Kona, um cristão albanês que aceitou Jesus naquela época.
Num período de três décadas, quase toda população ateia da Albânia adotou alguma religião. Em 2018, os ateus caíram para menos de 1% no país. Hoje, de acordo com o Joshua Project, estima que existam 17 mil crentes albaneses.
Embora o número não represente 1% da população, a taxa de crescimento evangélico no país (4,6%) é quase o dobro da taxa do resto do mundo (2,6%).
“Ainda somos pequenos e não somos significativos aos olhos deste mundo. Mas nós temos um grande Deus e o adoramos. Sabemos que ele construirá sua Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”, declarou Andi Dina, líder de uma igreja local na Albânia.
Andi Dina em evento do The Gospel Coalitian da Albânia. (Foto: Facebook/TGC
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