Texto do Pr. Mário Porto – Pagina Gospel do dia 26/09/21
VIVEMOS POR FÉ E NÃO POR VISTAS
“Visto que andamos pela fé e não pelo que vemos”. (2 Coríntios 5.7).
Fé não significa sentimento. Assim como não iremos em frente se olharmos ao nosso redor, na mesma forma é igualmente equivocado olharmos para dentro de nós mesmos. A fé é muito diferente das emoções e reações da nossa alma. Fé é verdadeiramente um exercício interior, aquilo pela qual estamos ligados no Senhor em glória.
O marinheiro em mar aberto não pode ser guiado pelas aparências, porque não terá nada visível em que se apoiar. Ele precisa da sua bússola ? e só terá a direção correta se seguir e usar.
Da mesma forma nossa fé não é nada em si mesma. Precisamos ser direcionados pelo ponto fixo da vontade de Deus. Assim como a bússola a fé cristocentrica nos capacita a nos equalizarmos a vontade soberana de Deus.
Pela fé e não por vistas, estas palavras revelam o segredo extraordinário da vivência pujante do amado apóstolo Paulo. Sua abordagem tão ativa é tipificada pelo seu constante uso da palavra “andar”; entretanto o progresso espiritual jamais será possível sem uma fé viva, a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus, então se alimente diariamente com as Escrituras Sagradas.
Tenho constatado que viver com fé em um mundo invisível requer esforço constante.
O Catecismo de Westminster ensina que a principal finalidade da vida é “glorificar a Deus e desfruta-lo para sempre”. Mas como essa hábil resposta se traduz em uma verdadeira forma de vida cotidiana, principalmente quando o Deus que deveríamos supostamente desfrutar e glorificar continua fugidio é escondido de nossa vista ? Não tenho desejo algum de fugir do mundo natural, a exemplo de gnósticos, monges do deserto e fundamentalistas que fogem do mundo real. Tampouco nego o sobrenatural, o erro dos reducionistas, Em vez disso, quero juntar os dois, a fim de reunir a vida no todo que Deus planejara. Como disse o escritor Meister Eckhart: “Se a alma pudesse conhecer a Deus sem o mundo, o mundo, nunca teria sido criado”. Se eu levo a sério a origem sagrada deste mundo, devo pelo menos aprender a tratá-lo como uma obra de arte feita por Deus, algo que lhe deu enorme prazer. Gênesis registra: “Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom”.
Blaise Pascal, que alcançou fama tanto por sua obra matemática quanto na área devocional, sugere outra abordagem: ver o mundo natural como prenúncio do sobrenatural. “Ele fez nas dádivas da natureza o que faria nas dádivas da graça, a fim de que concluíssemos que podia fazer o invisível, visto que fez o visível sobremodo excelente. É basta-me ler os Salmos para perceber que Deus quer que o amamos e honremos por meio da criação, e não à parte dela.
“Amei-te tarde demais, ó beleza tão antiga é tão recente”, lamenta Agostinho em Confissões. Ele segue descrevendo uma época, em sua vida, na qual deixou que coisas belas, o seduzissem para longe de Deus que as fez. Mais tarde, ele retorna “aquelas coisas belas” e, finalmente, segue os raios solares até sua fonte. Percebo que também devo conscientemente seguir a pista dessa fonte, devo “santificar” o mundo ao meu redor.
Há quinhentos anos, o erudito renascentista Pico Della Mirandola preparou um sermão que definia o papel da humanidade na criação. Depois que Deus criou os animais, todos os papéis principais foram assumidos, mas “o Artífice Divino ainda desejava alguma criatura que pudesse compreender o sentido de uma realização tão grandiosa, que pudesse ser tocada pelo amor à sua beleza e ficar estupefata com sua magnificência”. Para contemplar e apreciar todo o resto, reverenciar e consagrar, erguer uma expressão de louvor à criação muda, foram esses papéis reservados para a espécie feita à imagem e semelhança de Deus.
O notável entomologista francês Jean Henri Fabre escalou a mesma montanha de 1.800 metros mais de quarenta vezes por causa da perspectiva que isso lhe dava de seu trabalho e da humanidade. Ele disse: “A vida possui segredos insondáveis”.
Deus me facultou o privilégio de escalar por quatro vezes as montanhas escarpadas do Sinai com a Caravana dos Indesistiveis através da Operadora Rafas Tour, minha patrocinadora oficial há 12 anos. Nas quatro oportunidades puder constatar a grandeza, a graça e a ação soberana de Deus no decorrer da história. Nossa percepção sempre de dilata. Cada subida foi uma experiência única.
Do mesmo modo que muitos cristãos, passei por duas conversões: a primeira, a partir do mundo natural, na descoberta do sobrenatural e, mais tarde, a redescoberta do natural a partir de nova perspectiva.
Para mim, no entanto, a segunda conversão não veio sem luta. Na medida em que vamos vivendo vamos ampliando nossa teologia e perspectiva. Tenho provado da graça, do amor, da bondade e justiça de Deus.
“Não se vendem dois pardais por uma moedinha ? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês”. Prometeu Jesus. “Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Portanto, não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais”. (Evangelho de Mateus 10.29-31). Ainda assim, pardais caem ao chão, do mesmo modo que os cabelos de quem faz quimioterapia. Um Deus soberano que decide contra sua vontade máxima, que supervisiona o Universo com centenas de bilhões de galáxias e ainda dispensa atenção profunda às suas minúsculas criaturas.
De fato sem fé é impossível agradar a Deus, logo aquele que se aproxima de Deus, creia que Ele existe e se torna galardoador dos que o buscam. (Hebreus 11.6).
A graça de Deus não é algo visível, mas a fé é poderosa o suficiente para nos levar a viver por ela.
Viva profundamente a fé cristocentrica !
Indesistivelmente,
Vosso conservo em Cristo,
Mário Porto,
O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.