Fechar
Buscar no Site

AS BÊNÇÃOS DA UNIÃO FRATERNAL

“Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!” (Sl 133.1)

A Bíblia de Lutero intitula esse salmo de três versículos como “as bênçãos da união fraternal”. A data exata de sua composição parece ser desconhecida. No entanto, no contexto dos salmos anteriores e posteriores, torna-se claro que foi na época em que as tribos de Israel favoreciam Davi, conforme registrado em 1Crônicas 12. Davi se tornou o favorito incontestado para ser o “capitão” dos filhos de Israel.

As doze tribos estavam unidas sob Davi. “Quão bom e agradável é que os irmãos vivam juntos”, diz a Tanakh. Essa unidade foi designada para um povo: os filhos de Israel, os quais Deus tirou do cativeiro no Egito e levou para a Terra Prometida.

Voltemos ao tempo de Abraão. O Senhor abençoou Abraão e seu sobrinho Ló. Gênesis 13.6 relata: “E não podiam morar os dois juntos na mesma região, porque possuíam tantos bens que a terra não podia sustentá-los”. Como Abraão lidou com esse conflito? Ele certamente poderia ter exigido que sua vontade fosse feita; ele era o mais velho e aquele a quem Deus havia chamado. Vamos ler o versículo 8: “Então Abrão disse a Ló: ‘Não haja desavença entre mim e você, ou entre os seus pastores e os meus; afinal somos irmãos!’”.

“A unidade espiritual não é criada por meio de uma instituição, uma organização ou um sistema; é uma realidade do Espírito Santo que habita na igreja.”

Essa unidade também deveria ser exemplificada na igreja. É por isso que Paulo nos admoesta em 1Coríntios 1.10: “Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês; antes, que todos estejam unidos num só pensamento e num só parecer”. Isso de fato cumpre o nosso versículo introdutório: “Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!”.

Esse tipo de unidade espiritual não é criado por meio de uma instituição, uma organização ou um sistema; é uma realidade do Espírito Santo que habita na igreja – a qual, enfatizamos, é composta apenas de crentes nascidos de novo. Essa unidade é preservada pelo próprio Senhor. Ele também completará e aperfeiçoará a obra que começou em nós no tempo devido.

Um artigo recente do Congresso Judaico Mundial afirma:

“Como parte de sua 16ª assembleia plenária, o Congresso Judaico Mundial (WJC) fez uma parceria com a Liga Muçulmana Mundial (MWL) para uma celebração conjunta, judaica e muçulmana, do Ramadã. A convocação, apresentando o secretário geral da MWL, dr. Mohammad bin Abdulkarim Al-Issa, o presidente da WJC, Ronald S. Lauder, e mais de cem líderes da comunidade judaica e muçulmana de todo o mundo, demonstraram uma dedicação compartilhada à colaboração global inter-religiosa e ao cultivo de boas relações entre as comunidades de fé muçulmana e judaica.

“Lauder abriu com a citação do salmo 133: ‘Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!’.

“Ele refletiu sobre a importância de construir relações inter-religiosas, afirmando: ‘Relacionamentos entre comunidades, especialmente comunidades religiosas, infelizmente não são sempre fáceis de cuidar e manter. Na verdade, todos sabemos que sempre houve disputas entre diferentes religiões ao longo da história’.

“Ecoando a ênfase de Lauder no diálogo e cooperação inter-religiosos, Al-Issa notou que a religião deveria ser usada como uma ferramenta para promover a paz e a unidade ao invés da divisão: ‘Nós sabemos que a religião sempre foi usada como uma desculpa para o conflito, ou que religiões foram utilizadas para servir a propósitos políticos. Eu gostaria de dizer que isso vai contra a essência da religião, porque a religião promove a paz. Eu gostaria de enfatizar que este encontro amigável é uma oportunidade para promover nossos valores em comum, nossos valores humanos’.”[1]

Aqui nos lembramos do lema da União Europeia: “Unida na diversidade”. Isso está sendo trabalhado, e se concretizará quando a religião se tornar cada vez mais política – assim como a política se torna religião.

A tendência de Israel para a unidade com o mundo é evidente. Em 1Samuel 8, temos o relato do pedido que os líderes de Israel trouxeram a Samuel: “Tu já estás idoso, e teus filhos não andam em teus caminhos; escolhe agora um rei para que nos lidere, à semelhança das outras nações” (v. 5). Depois de serem alertados inúmeras vezes contra a existência de um rei como os gentios, os líderes estavam determinados: “Todavia, o povo recusou-se a ouvir Samuel e disse: ‘Não! Queremos ter um rei. Seremos como todas as outras nações; um rei nos governará, e sairá à nossa frente para combater em nossas batalhas’” (v. 19-20). Perceba as palavras “como todas as outras nações”.

Nos tempos modernos, quando Israel declarou sua independência, eles apelaram às Nações Unidas para que auxiliassem o povo judeu na construção de seu próprio Estado, “a fim de aceitar Israel na família das nações”.

Em 2020, Israel tinha relações diplomáticas com 164 nações das 192 que são membros da ONU.

Israel é dado à igreja como um exemplo. Nós somos uma nação diferente, sem ligações políticas; não temos país, capital, governo ou força militar. Nós moramos em todos os continentes e estamos presentes em todas as nações da face da terra. Falamos centenas de línguas diferentes e praticamos diversas culturas, mas ainda assim somos perfeitamente um em Jesus Cristo, nosso Senhor. Somos a habitação espiritual de Deus. O apóstolo Pedro escreve: “Vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo” (1Pe 2.5). Quando essa casa espiritual estiver completa, o Senhor, nosso Deus, tomará posse dela e nos removerá do planeta Terra.

Israel experimentará um renascimento nacional, e então se cumprirá o que foi proclamado pelo profeta Zacarias: “Assim diz o Senhor: ‘Estou voltando para Sião e habitarei em Jerusalém. Então Jerusalém será chamada Cidade da Verdade, e o monte do Senhor dos Exércitos será chamado monte Sagrado’” (Zc 8.3).

Nota

  1. Samantha Kupferman, “On Ramadan, Jewish and Muslim leaders emphasize sustained cultivation of Jewish-Muslim relationships”, World Jewish Congress, 27 abr. 2021. Disponível em: https://www.worldjewishcongress.org/en/news/on-ramadan-jews-and-muslims-prioritize-interfaith-dialogue.

Arno Froese é diretor executivo da Chamada nos EUA e autor de diversos livros.

O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.

mais / Postagens