Como a submissão fortalece nossa fé
O ser humano já nasce com uma busca por autonomia. Quando crianças, sonhamos em crescer e tomar conta de nosso próprio nariz; queremos ter nossa vida, tomar nossas decisões, ter nossa casa, dirigir nosso carro e assim por diante. Não demora muito para que compreendamos que autonomia tem um preço alto. Não é incomum enfrentarmos ansiedade diante de tantas decisões. Ainda assim, resistimos a ter alguém tomando decisões por nós, especialmente quando não concordamos com essas decisões.
No entanto, quando pensamos em termos da fé cristã, a submissão é um elemento fundamental. “Fé” significa confiar em Deus de forma a nos submetermos às suas decisões. Seguir a Jesus é abdicar da decisão de fazermos nossas próprias escolhas o tempo todo. Talvez um dos textos mais claros sobre esse tema está em Mateus 11.28-30:
“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”
O convite de Cristo é gentil e amoroso. Ele não só reconhece nosso cansaço, mas promete descanso. O convite é para quem está cansado, sobrecarregado das inesgotáveis decisões e escolhas. Na verdade, estas escolhas e decisões são um resultado da própria queda. Quando Adão e Eva decidem tomar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, eles estão afirmando que desejam tomar essas decisões. Não querem mais confiar em Deus para determinar o que é o bem e o mal, mas eles mesmos querem ser os árbitros de suas escolhas.
O convite de Jesus é para que deixemos que ele tome as decisões.
Reparem, no entanto, que o convite de Jesus não é o tão popular “siga seu coração”! O convite de Jesus é para que tomemos o jugo dele. Em qualquer cultura, o jugo é um instrumento limitador. Seu propósito é alinhar um animal a outro. Sua função é direcionar quem “toma” o jugo. A imagem é clara. O convite de Jesus é para que deixemos que ele tome as decisões.
Essa condição limitadora é acompanhada de uma promessa fabulosa: descanso para suas almas! O fim da ansiedade, do estresse e do cansaço da vida não é mais liberdade de expressão ou escolha humana. Basta olharmos para a história: praticamente todo regime político que se levantou em prol da liberdade terminou em pouco tempo com opressão e controle. Isso não significa que não devamos lutar por liberdade, mas que devemos compreender que o cansaço, a falta de esperança, não se resolve com mais autonomia, mas com submissão.
Por fim, Jesus completa dizendo que seu jugo é suave, pois é ele quem “efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele” (Filipenses 2.13), e que seu fardo é leve. É importante observar que, mesmo leve e suave, ainda são jugo e fardo. Ele nos convida a segui-lo e aí reside a maior resistência do ser humano. Queremos autonomia, queremos decidir nossas próprias vidas, queremos decidir o que é certo e o que é errado.
Submissão é uma atitude de coração. Precisa ser voluntária, fruto de um encontro com Jesus e do reconhecimento de que a vida em submissão a ele é muito melhor.
Submissão é uma atitude de coração. Ninguém pode obrigar outro a se submeter – pelo menos não uma submissão de coração. Esta precisa ser voluntária, fruto de um encontro com Jesus e do reconhecimento de que a vida em submissão a ele é muito melhor. Nesse sentido a submissão fortalece nossa fé, pois, para me submeter, tenho de crer que a direção de Deus é a melhor, mesmo que contrarie minha própria escolha. O que Deus tem para mim é melhor que meus sonhos mais encantadores. Ao decidir me submeter a ele, estou dando um passo de fé; estou vivendo na crença de que ele tem o melhor para mim, mesmo que eu não veja ou não compreenda. Submeter-se é – verdadeiramente – um ato de fé.
Minha oração é que, nesta semana, tanto você quanto eu exerçamos a desafiadora disciplina da submissão. Pessoalmente, toda vez que eu me submeti, Deus me abençoou; e toda vez que me rebelei, sofri as consequências de minhas próprias escolhas. Leia e reflita nos versos 9 e 10 do salmo 32:
“Não sejam como o cavalo ou o burro, que não têm entendimento mas precisam ser controlados com freios e rédeas; caso contrário não obedecem. Muitas são as dores dos ímpios, mas a bondade do Senhor protege quem nele confia.”
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