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Texto do Bispo Mario Porto, publicado na Página Gospel do dia 04/07/21

IGREJA MISSÃO E CIDADANIA

“Cidadania” é um conceito que não pode ser determinado sem antes se definir o contexto no qual ele será invocado. Apesar de seu significado clássico remontar a Grécia Antiga com a ideia de participação política, a ideia de cidadania sempre variou em tempo e espaço, sendo moldada a depender do que se pretende obter se identificando como cidadão. Enquanto na Antiguidade a cidadania era a materialização da participação na vida pública da cidade. Na modernidade, seu conceito passou a ser atribuído às conquistas sociais, que se iniciam no século 18 com a Revolução Francesa e seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade e vão se amoldando às gerações históricas que se seguem, com o século 20, em que, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, o conceito de cidadania se aproximou muito do conceito de direitos humanos. Segundo o escritor Dalmo Dallari, cidadania se refere a um conjunto de direitos que possibilitam a pessoa participar ativamente da vida e do governo na sociedade a que pertence. Assim, são cidadãos as pessoas que desfrutam desses direitos, estando os “não-cidadãos” excluídos da vida social e da tomada de decisões.

As Escrituras Sagradas são a nossa “Constituição”. Ela traz escritos que nos ensinam como viver a prática da espiritualidade, mas sem esquecer do nosso papel na sociedade em que estamos inseridos.
No antigo testamento, isso fica muito claro, pois as leis que Deus deu ao povo de Israel tinham como foco não somente a relação do ser humano com seu Criador, mas também alinhava a vida em sociedade. Ela dirigia a conduta na relação interpessoal, o governo do povo, o exercício da justiça, procedimento em caso de guerras, entre outros aspectos.

O Novo Testamento segue lembrando que a fé também se manifesta na maneira com que o cristão exerce sua cidadania. Jesus foi o primeiro a dizer que o relacionamento com Deus não exime o ser humano de cumprir suas responsabilidades como cidadão: “Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. (Marcos 12.17).
Uma das maneiras de exercemos a cidadania é votando de maneira consciente. Deus orientou o povo de Israel acerca da escolha do rei, antes mesmo de que o tempo da Monarquia chegasse (Deuteronômio 17.14-17), o que mostra Sua preocupação com um governo justo e íntegro.

Como Igreja Cidadã, precisamos discernir a realidade e fazer uma aproximação crítica, atenta ao controle e à manipulação da grande mídia e de outros poderes, buscando sempre entender o porquê de as coisas serem como são.
Como Igreja temos a tríplice missão de Evangelizar, Discipular e Interceder pelas nossas cidades e nosso país.
Como Igreja Cidadã é preciso um posicionamento firme e indesistivel pelas causas coletivas, pelas questões que envolvem nossa cidade, a nação e o mundo. Cremos em um Deus que pode transformar realidades. A igreja deve orar pela libertação de grupos oprimidos, pela saída dos homens maus dos lugares de poder e influência. Devemos orar pela consolidação e garantia dos espaços democráticos de expressão.

É hora de como Igreja Cidadã lançarmos mão dos nossos talentos naturais, vocações profissionais, sendo de missão e cidadania, colocando tudo isso como meio de afirmação dos direitos naturais e dos valores do Reino de Deus. Não somos salvos pelas obras, mas elas foram preparadas por Deus para que andássemos nelas (Efésios 2.10). É dessa forma que a Igreja intervirá propositivamente na realidade social. O exercício de uma cidadania responsável é um conceito de santidade cristã.

As Igrejas cristãs em suas diferentes histórias, tradições, doutrinas, práticas e serviços à sociedade desenvolvem ações missionárias/sociais. São creches, escolas, centros de recuperação, asilos, centros de triagens, “sopões”, redes de ações sociais e muitas formas de ajuda que reconstroem a dignidade humana.
Como Igreja Cidadã, devemos ir além e atuar diretamente nos fatores que produzem as muitas formas de injustiças sociais. Para isso, a ação política passa a ser tão fundamental e profética quanto as ações de solidariedade e empatia.

Para continuarmos enfrentando essa pandemia, vamos pavimentar nossa militância com nossas missões, levando as Boas Novas do Evangelho de Cristo e criando uma “Pandemia do Bem”.

Fomos chamados por Deus para sermos artesãos de uma nova história em nosso Maranhão e em nosso Brasil.

Indesistivelmente,

Vosso conservo em Cristo,

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