São José do Rio Preto ganha uma igreja por mês e templos se espalham pela cidade
De cada 10 novas igrejas nos últimos sete anos em Rio Preto nove delas são de denominações evangélicas.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO DIÁRIO DA REGIÃO
A cidade de São José do Rio Preto vê o número de igrejas crescer 40% nos últimos 7 anos, segundo dados da Secretaria da fazenda de Rio Preto obtidos pelo Diário da Região. Por meio da lei de acesso à informação, o jornal mostra que das 27 igrejas em 2015 a cidade passou a ter 316 em 2020. Isso significa que o município ganha, em média, uma nova igreja por mês.
De acordo com os dados, a crescimento exponencial das igrejas foi puxado, principalmente, pelos evangélicos. De cada 10 novas igrejas nos últimos sete anos em Rio Preto nove delas são de denominações evangélicas. A explicação vai ao encontro com estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram que enquanto o número de fiéis católicos cai de forma progressiva, desde a década de 1990, cresce o número de fiéis evangélicos no país.
“Por mais que o Brasil continue sendo o país mais católico do mundo, este quadro vem mudando rapidamente nas últimas décadas. Em média, a igreja católica perde aproximadamente 1,2% de fiéis ao ano, enquanto existe um documento de 0,8% do número de evangélicos. Dizemos que enquanto a igreja católica é um transatlântico, as igrejas evangélicas são vários jet skis”, diz o professor aposentado e especialista em demografia, José Eustáquio Diniz Alves.
E a região Norte de Rio Preto concentra a maioria das novas igrejas da cidade. Somente no bairro Eldorado, em 7 anos, 10 novas igrejas foram abertas: todas evangélicas. “As igrejas, principalmente, evangélicas acabam por suprir buracos que o estado não atende. Quando vai para um contexto de população carente, as igrejas tentam prover essas pessoas, seja por meio de doações, ou se não tem lazer realizam shows evangélicos. Com isso, os moradores do bairro acabam por ir à igreja não apenas por conta da fé, mas como forma de lazer e até para encontrar uma esposa”, opinou o doutorando em sociologia Universidade de São Paulo (USP), Renan Willian dos Santos.
De família católica, Rodrigo Medina resolveu mudar de religião ainda na adolescência. A conversão do catolicismo romano para a corrente evangélica aconteceu aos 13 anos. Do banco, Rodrigo passou para o palco, desde 2012, ele é pastor da Igreja Evangélica Ministério Cumprir. “Foi um chamado de Deus, o pastor da minha antiga igreja falou que eu e minha esposa tínhamos potencial. Foi quando decidimos abrir a nossa própria igreja. Iniciamos com 20 fiéis e hoje temos um espaço capaz de acolher 800”, contou.
E a região Norte de Rio Preto concentra a maioria das novas igrejas da cidade. (Foto: Guilherme Baffi / Diário da Região)
Histórias como a de Rodrigo acontecem com frequência entre os evangélicos, o que propicia o surgimento de novas denominações todos os anos puxando o aumento de templos pela cidade. Outro fator que também tem incentivado o crescimento do movimento evangélico é o uso massivo dos meios de comunicação, como rádios e até espaços nos canais de televisão. “A gente tinha muita gente que se declarava católico, mas não era praticante. Foram esses que migraram para o movimento evangélico”, opinou Renan.
Atualmente, Rodrigo é presidente do Conselho de Pastores de Rio Preto, organização foi criada após os evangélicos deixarem de ser minoria e passaram a ser a segunda maior denominação religiosa da cidade. “Hoje vivo da igreja, não consigo mais conciliar um trabalho com a atuação como pastor”, afirmou.
Novas igrejas
Uma taxa de R$ 125, 92 é o custo médio para abrir uma igreja em Rio Preto. Após a inauguração, caso a organização religiosa consiga isenção de impostos, a única taxa a ser paga anualmente é a de funcionamento, cujo valor é de R$ 1,25 por metro quadrado, ou seja, uma igreja de 80 metros quadrados paga, em média, R$ 100 anualmente por taxa de funcionamento – valor esse que pode ser parcelado.
Segundo o chefe do Departamento De Tributos Imobiliários de Rio Preto, Marco Aurélio Belentani de Carvalho, o processo de abertura de uma igreja é similar com o de uma empresa. De início, o processo é feito totalmente online através do site da prefeitura e o representante legal necessita da ajuda de um contador para organizar os documentos da nova organização religiosa.
“A abertura requer uma inscrição municipal. De início, a igreja que pretende ter uma unidade no município necessita fazer consulta prévia de viabilidade, ou seja, o endereço onde pretende se instalar. Depois disso, analisamos como vai ficar o trânsito, segurança, questão de alvará de bombeiro. Com base nessa autorização, a denominação religiosa tem 120 dias para criar um CNPJ e arrumar os documentos para abertura”, explicou.
Evangélicos devem ultrapassar católicos
A população que se declara evangélica deve ultrapassar pela primeira vez o total de católicos em Rio Preto a partir de 2027. É o que prevê um estudo demógrafo e professor aposentado da Escola Nacional De Ciências Estatísticas do IBGE, José Eustáquio Alves.
A pedido do Diário e com base em projeções do próprio IBGE, que apontam que adeptos da religião evangélica cresce em média 0,8% ao ano, desde 2010, enquanto a quantidade de católicos diminui 1,2% no mesmo período, o estudo antevê que até o final desta década o número de evangélicos em Rio Preto deve ser maior que o de católicos.
Na cidade, da mesma forma que ocorre em outras partes do Brasil, o número de pessoas declaradas católicas vem caindo ao decorrer dos últimos anos. Em 2000, 69% dos rio-pretenses se declaravam católicos, 18% evangélicos e 13% estavam em outras religiões ou declaravam ser ateu ou não ter religião.
Já em 2010, o número de católicos caiu para 55%, enquanto o de evangélicos passou para 24%. Pessoas de outras religiões ou que declaravam ser ateu ou não ter religião correspondiam a 21% dos rio-pretenses.
“Além do aumento do número de evangélicos nos últimos anos, nota-se um aumento absoluto e relativo do número de pessoas que se autodeclaram sem religião, incluindo ateus e agnósticos. Já as religiões de matriz africana continuam representando uma pequena parcela da população, enquanto existe um leve aumento do número de espíritas e muçulmanos”, apontou José.
Atualmente, Rio Preto contabiliza 42% da população declarada católica e 30% evangélica. Seguindo essa tendência, a expectativa é que a transição religiosa aconteça antes em Rio Preto do que no Brasil, isso porque projeções do demógrafo anteveem que os evangélicos ultrapassem os católicos em todo o país até 2033, enquanto em Rio Preto, a transição deve ocorrer em 2027
FONTE/ GUIAME
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