Norbert Lieth -1Pedro
A primeira carta de Pedro foi escrita pelo apóstolo Pedro, que se identifica como testemunha ocular do suplício do Senhor Jesus (1Pedro 1.1; 5.1). Ele é o discípulo que o Senhor chamou no início do seu ministério (João 1.40-42) e que o acompanhou durante os três anos da sua atividade messiânica (João 21.15-23). Por isso, Pedro também cita, em suas duas cartas, vários pensamentos que ele assimilou do próprio Jesus, como por exemplo:
- Cingir os lombos em esperança e disposição para o retorno de Jesus (1Pedro 1.13). Pedro ouviu isso pessoalmente dos lábios de Jesus (Lucas 12.35-36).
- O Senhor não faz diferença entre pessoas (1Pedro 1.17). Isso foi explicado a Pedro antes de ele ser enviado a Cornélio (Atos 10.15,34).
- O Cordeiro de Deus sem defeito e sem mancha (1Pedro 1.19). Na ocasião, Jesus enviou Pedro e João para prepararem o cordeiro pascal (Lucas 22.7-8). Aquilo deve ter causado uma impressão permanente. Que impressão Jesus deixa em nossa vida? Será que ficamos permanentemente impressionados e permitimos que sua vida nos marque?
- Pedras vivas de uma casa espiritual, na qual Jesus é a pedra angular rejeitada pelos homens, mas assentada por Deus (1Pedro 2.4-7; Atos 4.11). Pedro recebeu essa ilustração do Senhor quando este disse: “Vocês nunca leram isto nas Escrituras? ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós’. Portanto, eu digo que o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado a um povo que dê os frutos do Reino” (Mateus 21.42-43).
- As ovelhas sem pastor (1Pedro 2.25). Pedro testemunhou a cena em que o Senhor expressou sua compaixão com as ovelhas perdidas de Israel (Mateus 9.36).
- A vestimenta da humildade (1Pedro 5.5). Pedro estava presente e inicialmente se rebelou contra aquilo quando Jesus se cingiu para lavar os pés dos seus discípulos (João 13.3-10).
- A importância de dar atenção à palavra profética (2Pe 1.16-19). Com isso, o apóstolo se reporta à sua experiência com o Senhor no monte da transfiguração (Mateus 17.1-8).
- A profecia sobre a vinda de falsos profetas e mestres (2Pedro 2.1). É evidente que Pedro obteve isso do discurso de Jesus no monte das Oliveiras (Mateus 24.11).
- O dia do Senhor virá como um ladrão à noite (2Pedro 3.10). O Senhor também disse isso (Mateus 24.43).
Imitando Pedro, nós também podemos transmitir o que nós mesmos aprendemos de um relacionamento crescente com Jesus.
Imitando Pedro, nós também podemos transmitir o que nós mesmos aprendemos de um relacionamento crescente com Jesus, ou seja, do trato com sua Palavra.
O redator
O redator a quem Pedro ditou a carta foi Silvano, conhecido também por Silas (1Pedro 5.12). Podemos lembrar que, nas duas cartas aos tessalonicenses, Paulo saúda os destinatários junto com Silvano (1Tessalonicenses 1.1; 2Tessalonicenses 1.1). Ele era profeta (Atos 15.32) e cidadão romano (Atos 16.37). Isso explica a boa qualidade do grego nesta carta.
Além disso, Silvano também era o colaborador de Paulo que o acompanhou em sua segunda viagem missionária e na prisão em Filipos, onde ambos cantaram (Atos 15.40; 16.25). Além de Paulo, Barnabé e Judas, Silas foi um dos portadores da carta do concílio de apóstolos enviada aos cristãos em Antioquia. Ele era um dos “líderes entre os irmãos” (Atos 15.22-35).
Sendo assim, Silas era um colaborador conhecido, flexível, fiel e estimado das grandes personalidades, como Paulo, Barnabé, Pedro e Tiago. Ele se mantinha à disposição de todos e era um instrumento muito útil. Como Silvano colaborava tanto com Paulo como com Pedro, provavelmente foi também por intermédio dele que as cartas paulinas se tornaram conhecidas, a que Pedro alude em sua segunda carta (2Pedro 3.15-16).
Como nós ficamos nisso tudo? Será que enxergamos nossa responsabilidade apenas em nosso próprio e restrito círculo ou teríamos suficiente flexibilidade espiritual para nos deixar usar para além dele na obra de Deus?
Datação e ênfase
Pedro nos mostra a verdadeira graça de Deus no sofrimento e explica como crescer em direção a Cristo, viver em função de Cristo e descansar em Cristo.
A carta foi escrita por volta do ano 64 d.C., pouco depois de Nero ter incendiado Roma para então lançar a culpa disso sobre os cristãos, o que resultou numa pesada perseguição. É possível que 1Pedro 4.12 seja uma alusão a essa circunstância, com simultânea aplicação espiritual: “Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para prová-los, como se algo estranho estivesse acontecendo”.
A carta constitui também uma mensagem consoladora a crentes sob perseguição e sofrimento. A noção de sofrimento aparece 15 vezes nesta carta. Não se trata apenas de os crentes terem de passar por sofrimento, mas até que isso faz parte da sua vida e de modo nenhum será algo de origem e natureza estranha, incomum ou casual. Podemos considerar 1Pedro 1.7 como o versículo-chave sobre essa temática:
“Assim acontece para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra quando Jesus Cristo for revelado.”
Pedro nos mostra a verdadeira graça de Deus no sofrimento e explica como crescer em direção a Cristo, viver em função de Cristo e descansar em Cristo.
Fonte/ chamada
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