Se você não perdoar, também não será perdoado!
Pedir perdão e perdoar é um processo complicado que envolve a mais profunda empatia, humanidade e sabedoria. Sabemos que sem o perdão, não pode haver um amor duradouro, não há mudanças, não há crescimento, não há real liberdade.
Perdão é um ato da vontade. É uma escolha voluntária. Você pode optar por perdoar ou não, porém precisa lembrar de que perdoar e ser perdoado envolve a mesma dinâmica. Se você espera ser perdoado por seus erros, então você é obrigado a fazer o mesmo. Se não houver capacidade para perdoar os outros, você não pode esperar que os outros o perdoem também.
Quando nos sentimos prejudicados, imediatamente procuramos fazer acusações. Desejamos fazer justiça. Queremos ferir aqueles que nos feriram. Machucar aqueles que nos prejudicaram.
Perdão não é natural. A natureza humana sempre procura uma forma de vingança, mas isto não pode ser parte daqueles que se preparam para viver um dia no céu.
Quando somos atingidos por aqueles que amamos, parecemos desvalorizar todos os anos de relacionamento que tivemos. Um relacionamento que trouxe tanta alegria ao coração, tanta felicidade, se perde rapidamente, e começamos a usar palavras duras e ásperas.
Um dia, estava assistindo quatro garotos jogarem ping-pong. Eles jogavam muito felizes, mas logicamente apenas dois deles deveriam ganhar o jogo e os outros dois deveriam perder. Enquanto saiam e conversavam, um dos que havia ganhado o jogo, bateu levemente nas costas do que perdera dizendo, “da próxima vez você terá um pouco mais de sorte”. O que perdera pegou sua racket e bateu um pouquinho mais forte nas costas do que ganhara e disse, “certamente eu terei mais sorte…”, em seguida, o primeiro que começou a conversa, bateu um pouco mais forte nas costas do que perdera, dizendo alguma outra coisa e naquele momento os quatro começaram a brigar e a rolar pelo chão como verdadeiros inimigos.
Muitas e muitas vezes a luta em família começa assim. Falamos uma palavra áspera, então o outro diz alguma coisa mais forte, respondemos com outra mais forte ainda, e quando menos imaginamos estamos numa briga de grandes palavras. Como tudo seria diferente, se tivéssemos apenas nos calado ou dito uma palavra mansa ao outro. E quando isso acontece, muitas vezes saímos da presença um do outro, batendo a porta ou batendo nos filhos e perdendo o respeito pelas pessoas. Em vez de lidar com o problema, nós culpamos, condenamos e acusamos.
Naturalmente perdoar não é um processo fácil. Nossa mente não consegue abrir caminhos através dos intrincados sentimentos que nos envolvem. Temos a impressão de que o tempo vai se encarregar da situação, e em lugar de procurar a pessoa e tentar resolver o problema, buscamos uma fuga, imaginando que aquilo vai passar. Na verdade, tudo aquilo não passa. A única maneira de limpar o coração, é através de uma palavra mágica chamada “perdão”.
1. PORQUE PRECISAMOS PERDOAR?
Ler S. Mat. 6:12
Muitos na igreja imaginam que seus maus relacionamentos estão perdoados e não estão. Os versos 14 e 15 parecem de imediato uma ameaça, mas não é. As palavras de Jesus são muito claras para nós. “Apenas aqueles que perdoam são perdoados.”
Enquanto não conhecíamos o Evangelho, poderíamos quem sabe, dizer que não sabíamos de nada, que não tínhamos a “luz da Palavra de Deus”, portanto não tínhamos muita responsabilidade a respeito do perdão. Mas no momento que conhecemos a Cristo Jesus, nossa responsabilidade aumentou. A Bíblia nos ensina que “apenas o que perdoa é perdoado”. E essas palavras de Jesus não são opcionais. Elas são parte dos mandamentos de Deus para nós. Se isso fosse uma opção, Jesus teria dito, “bem, se você conseguir perdoar, você será perdoado…” Não, Ele conhecedor do nosso coração, não nos deixou com essa opção.
O ressentimento é pior do que as drogas vendidas nas ruas, porque aquela parte do coração que está envolvida com a raiva, não pode amar. O Espírito Santo não pode ocupar um lugar, que está sendo ocupado pela raiva e ódio. O ressentimento vai tomando conta do nosso corpo por inteiro. Ele muda nosso olhar, muda nossa voz, muda nossos sentimentos, muda nosso semblante. É como se um veneno estivesse correndo pelas nossas veias, transformando nosso ser por completo.
Leia S. Lucas 22: 47
Jesus está em pé diante daquela multidão de punhos fechados, prontos para tudo. Diante de tal situação, Pedro levanta sua espada e corta a orelha do servo do Sumo Sacerdote. Naquela agitação toda, a primeira reação de Pedro foi a de guerra. Pedro deve ter pensado, “Vamos a luta, já que vocês querem luta.”
A reação de Jesus diante do mesmo problema foi outra. Abaixou-se, pegou a orelha do servo e colocou-a de volta, num ato extraordinário de amor milagroso.
2. QUEM DEVEMOS PERDOAR?
Devemos perdoar aquele que estava certo ou o que estava errado? Em outras palavras, quem é que deve dar o primeiro passo na direção do perdão, o que feriu ou aquele que ficou ferido?
Não creio que deva ser nem um, nem outro. Apenas aquele que é cristão consegue dar o primeiro passo. Porque o cristão sente em seu coração a necessidade diante de Deus, de acertar os problemas. Aquele que possui o amor cristão no coração (amor ágape), coloca o erro de lado, e separa o ato da pessoa.
Através desse processo a fé é renovada, e compreendemos melhor o grande sacrifício que Jesus fez na cruz por nós. Somente aquele que perdoa é capaz de entender o que Jesus fez na cruz.
3. QUEM DEVEMOS PERDOAR?
Creio que devemos perdoar aqueles que se recusam a perdoar. Não podemos nos enganar. Se temos uma família, temos que lidar com problemas todos dos dias, mas sabemos que o amor também está presente, porque do contrário não me importaria com o que acontecesse com eles. O perdão é a principal, senão a única saída para nós.
Um dia uma senhora me telefonou chorando bastante, e contando o grande problema que estava passando em casa, porque o esposo havia batido muito na filha de quinze anos. Quando cheguei na sua casa, percebi o ambiente pesado em que se encontravam. Conversei com ela um pouco na sala, em seguida pedi que se acalmasse, efui até o quarto, onde se encontrava a filha. Entrei e percebi aquela moça toda marcada com as batidas cruéis do pai. Depois de algum tempo conversando com ela, disse-lhe, “você está disposta a perdoar o seu pai?”, ela disse para minha surpresa, “sim, eu estou ”.
Com aquela resposta, fui até a cozinha e assentei-me ao lado do pai, que segurava a cabeça com ambas as mãos. Não conseguia ver o seu rosto, mas podia perceber a raiva que percorria todo o seu corpo. Coloquei minha mão nas suas costas e disse-lhe, “olha, eu não acho que precisamos entrar em detalhes, desejo fazer apenas uma pergunta, “o irmão está disposto a perdoar sua filha?”
Ele ficou em silêncio. Eu insisti na pergunta, e desta vez acrescentei, “olha se o senhor não perdoá-la hoje, amanhã será muito mais difícil. O que é que o sr. acha?” Ele virou-se para mim, e ainda com muita raiva, disse, “se eu a perdoar, ela vai achar que está certa – e precisamos ficar firmes por aquilo que é correto.”
Veja como Satanás trabalha. Ela tenta transformar o mau em virtude. E pior ainda, compramos suas idéias e suas armas, e as usamos contra tudo e todos na igreja. Quem é que disse que vai conseguir piorar alguma coisa se eu perdoar? Satanás fala ao nosso coração, exatamente como falou aos pensamentos desse senhor: “Não perdoa não. Se você perdoar, você vai passar por bobo. Ela tem mais é que aprender mesmo.”
Esta é uma das maiores armas do inimigo – transformar o lixo em virtude.
Com muita dificuldade e depois de um longo tempo, quando ele compreendeu que quem tem que ser vitorioso é o amor. Que se não perdoarmos não seremos perdoados. Que se somos cristãos temos que dar o primeiro passo, esteja a pessoa errada ou não. Com muito custo, ele atendeu o pedido e fomos até o quarto da filha. A mãe foi também, deu um abraço na filha e choraram bastante. Depois que a mãe falou algumas palavras para a filha, seria a vez do pai. A filha abraçou-o e pediu perdão ainda com os olhos inchados de tanto chorar. Ele nem sequer levantou os braços para completar o abraço. Disse apenas: “o que eu tenho pra falar pra você, a sua mãe já disse…”
Que pena! Que pena que perdemos tantas oportunidades de viver um paraíso em nosso lar, devido a raiva instalada no coração.
4. COMO PODEMOS PERDOAR?
Há um aspecto do perdão que exige ainda mais de nós. É um processo que resulta do perdão, mas que vai além dele – chamado esquecimento. Se você perdoou, mas não esqueceu, você não perdoou. Quando guardamos as lembranças da dor, do ressentimento de que fomos traídos, maltratados, etc., o perdão verdadeiro não aconteceu.
Tememos esquecer, porque acreditamos que isso implica em apagar o erro, e a pessoa que o cometeu fique justificada. Perdoar é ficar livre, esquecer o passado e retomar o curso da vida!
Em S. Lucas 23, Jesus recusou-se a julgar, disse apenas “Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.”
Jesus foi o modelo do perdão. Ele perdoou as prostitutas, os malfeitores, os próprios discípulos que o traíram, e no último instante, até aqueles que o condenavam à morte.
Querido amigo, se Jesus foi capaz de perdoar a tantos homens e mulheres que não mereciam o perdão, ele está disposto a perdoar você também. Ele não apenas perdoa, mas esquece completamente tudo o que você fez de errado na vida. E como complemento do seu perdão e aceitação, promete viver eternamente com você no céu.
Sugestão: Se você tem algo contra alguém da sua família, ou contra alguma outra pessoa, não deixe passar essa noite. Quando chegar em casa, busque o seu quarto. Ajoelhe-se, peça perdão a Deus pelo ato cometido e coragem para acertar o relacionamento quebrado. Depois, busque a pessoa que você teve alguma diferença imediatamente, e diga apenas, “perdoa-me pelo que aconteceu entre nós. Gostaria de ser seu amigo(a) outra vez.”
Este pode ser o início da salvação entre vocês dois. Nosso Pai celestial deseja muito perdoar você, mas Ele apenas o fará quando você perdoar seu esposo(a), filho(a), ou alguma outra pessoa.
O verdadeiro perdão é o ato de mais alto valor no comportamento humano.
“Apenas aquele que perdoa, será perdoado pelo Pai que está nos céus.” Mat.6:15
Pr. Urias Chagas
Ministérios da Família
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