VÁ ORAR!
A melhor sugestão que se pode dar é “Vá orar!”. Isso significa sugerir que uma pessoa separe um tempo para conversar com Deus sobre um assunto que ela carregue em seu coração.
“Vá orar!” é um apelo concreto para agir, para entregar ou esclarecer algo e para ouvir a Deus. Isso, no entanto, nunca deveria ser uma obrigação, mas algo a ser feito livremente. Neste artigo pretendo analisar as bases da oração. Ou nós oramos e temos experiências com Jesus ou não oramos. As duas coisas, no entanto, têm consequências, pois “calar é prata, mas orar é ouro” – alterando o conhecido ditado popular. Em nosso ABC da oração, gostaria primeiramente de tratar sobre o convite à oração.
Se você fizesse uma pesquisa e perguntasse às pessoas o significado da oração, certamente receberia respostas variadas. Muitas pessoas neste mundo não precisam ser convidadas a orar, pois orar é algo normal para elas, prescrito por sua religião. Algumas pessoas podem então vir com a seguinte pergunta: a quem orar? Para cristãos renascidos isso deveria ser algo óbvio. O receptor de nossas orações é Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus. Ele é o único digno de ser adorado. Ele detém o poder e intercede por nós junto ao Pai celestial (ver Rm 8.34). Essa garantia é exclusiva. A carta de Tiago é o livro indicado para tratar de nossa vida de oração prática. Ali encontramos o versículo adequado para o nosso tema: “A oração de um justo é poderosa e eficaz” (Tg 5.16b). O que, então, esse convite para orar contém em primeiro lugar? A resposta é: um autoexame.
1. O justo que ora
Quem poderia afirmar, plenamente convicto, que é uma pessoa justa que ora? Eu mesmo não posso dizer isso sempre. O que nós podemos afirmar é que muitas vezes nos autojustificamos quando oramos. Nós intercedemos pelos irmãos que erraram, pensando que nós nunca incorreremos naquele pecado. Na verdade, de fato gostaríamos de eliminar a palavra “justo” desse versículo por sabermos quão passíveis somos de cometer erros, mas isso não deveria nos impedir de orar. Outra tradução descreve o “justo” conforme segue: “A oração de uma pessoa obediente a Deus tem muito poder” (Tg 5.16b, NTLH).
A Bíblia nos mostra que Deus é justo: “É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto ele é” (Dt 32.4b). E o que a Bíblia diz a nosso respeito é devastador: “Como está escrito: ‘Não há nenhum justo, nem um sequer’” (Rm 3.10). Por que, então, eu deveria orar se não sou justo diante de Deus? Se permitirmos que o inimigo nos convença disso em nossa vida cotidiana, então nossa vida de oração certamente sofrerá um naufrágio.
Nada deve nos impedir de orar, pois, mediante a graça do perdão, podemos recomeçar e orar a cada novo dia.
“Vá orar!” não é um convite para nos deixar deprimidos. Por que não? Porque Jesus é a nossa justiça. Por meio dele – no Gólgota – houve uma mudança fundamental da situação. Todo aquele que crer nele é justificado, pois, “no presente, [Deus] demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus (Rm 3.26). A chave para a justiça não são nossas boas obras, mas a fé naquele que nos torna justos. Ser justo é um presente dado por Jesus Cristo e aceitá-lo depende do nosso coração (cf. Rm 10.10). Se você, ao orar, se sentir inseguro por ter dúvidas ou por sua insuficiência, entregue tudo o que lhe sobrecarrega para Jesus. Lembre-se do grande rei Davi: em certa ocasião ele cometeu todos os erros que poderia cometer. Sendo rei, ele decepcionou a Deus por meio de mentiras, pela ordenação de assassinato e pelo adultério; contudo, ele orava mesmo assim (Sl 51).
Nada deve nos impedir de orar, pois, mediante a graça do perdão, podemos recomeçar e orar a cada novo dia. Essa realidade muda nossa expectativa e disposição de orar de modo prático no cotidiano.
Um convite à oração também inclui a avaliação das minhas expectativas.
2. Minha expectativa
Qual é a nossa expectativa quando oramos? Ela pode ser imensa, mas também tão pequena que esperamos apenas um mínimo de ajuda, proteção e sabedoria do Senhor. A sua expectativa é tão grande que já agradece ao Senhor mesmo antes que ele tenha atendido o seu pedido? Se nos conscientizarmos da grandiosa promessa de Tiago 5.16, o lema passa a ser: “Comecemos a orar já!”. Através de toda a Bíblia encontramos pessoas cuja expectativa na oração muito me impressiona. Elias, por exemplo, insistiu orando pela chuva. Ele é mencionado como exemplo especial para o nosso versículo em Tiago 5: “Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra vez, e os céus enviaram chuva, e a terra produziu os seus frutos” (Tg 5.17-18).
No entanto, ainda temos muitos outros exemplos na Bíblia: Josué (Js 10.12-14), Salomão (1Rs 3.9) e Jesus (Lc 23.34). Inspirado por esses modelos, perguntei a mim mesmo se eu também tenho uma expectativa como essas. Deveríamos examinar novamente nossas expectativas e nos questionar: eu já orei por algo grandioso ou excepcional e o Senhor atendeu minha oração? Sempre espero ser atendido? Aguardo um milagre do Senhor quando oro? Aquilo que esperamos é o que conseguimos expressar concretamente em palavras. Podemos pedir qualquer coisa a Deus, em nome de Jesus, mas precisamos sempre concordar que somente ele decide o que é melhor para nós.
Um convite à oração também inclui a avaliação da nossa atitude.
3. Minha atitude na oração
Quando penso em “atitude na oração”, não considero se oramos sentados, em pé, saltitando, deitados ou fazendo outra coisa qualquer. Trata-se muito mais de seriedade. Perguntemo-nos: quanta seriedade há em nossas orações? Quando Deus nos fala claramente em Tiago 5.16 que podemos influenciar a ação de Deus através da nossa oração, então isso de fato pode acontecer. O nosso ajoelhar-se diante de Deus não deixa de ser visto e ouvido.
Uma comparação banal seria fazer uma visita ao primeiro-ministro. Cada visitante selecionaria suas palavras conscientemente e com seriedade. No entanto, nem sempre tratamos o Rei dos reis como ele merece. Oramos em muitos lugares: junto ao leito de enfermos, na mesa das refeições, em reuniões online, no culto dominical etc. O que se questiona é a seriedade dessas orações. Com quanta insistência apresentamos nossa gratidão, nossa intercessão e nossos pedidos diante do Senhor? Por quanto tempo oramos persistentes, por exemplo, por uma pessoa enferma, pelo governo, por Israel e pelo Brasil, pela família e por pessoas que nós não suportamos?
Se tivermos um relacionamento com Deus no qual diariamente é lançada a âncora da oração, poderemos superar as tempestades do dia a dia.
Quando foi a última vez que oramos de todo coração: “Maranata. Vem, Senhor Jesus”? Tentamos orar dentro da vontade de Deus ou mais de acordo com a nossa vontade? Quando o Senhor requer seriedade, fica claro que ele distingue perfeitamente entre um pedido premente e palavras vazias. Não se trata do local, do momento, da extensão ou da seleção das palavras, mas da condição do coração. O Senhor deseja que expressemos nossos pedidos claramente. A propósito, a oração reflete o meu relacionamento com o Altíssimo. Se tivermos um relacionamento com Deus no qual diariamente é lançada a âncora da oração, poderemos superar as tempestades do dia a dia.
Assim, desejo que todos tenhamos a força de Paulo, o qual imaginava que Deus não dava ouvidos à sua oração, mas continuava orando. Ele permaneceu com o “espinho na carne”, o que certamente não era fácil. Também desejo que tenhamos a confiança de Jó, o qual, apesar de todas as perdas, conseguiu orar: “O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor” (Jó 1.21b). E eu desejo que tenhamos a persistência de Daniel, que abria sua janela em direção a Jerusalém três vezes ao dia e se ajoelhava para derramar seu coração diante do Senhor em oração. Não importa o que aconteça conosco, hoje ou amanhã: vá orar!
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