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Daniel Lima – Eco Divino

Daniel Lima

Nos últimos dias, Ana Paula (minha esposa) e eu temos assistido a uma série de estudos produzidos pelo ministério “Proverbs 31”, dirigido por Lysa TerKeurst.1 Em um dos seus estudos, ela compara a relação marido-e-esposa com um “eco divino”. Fiquei estimulado por esse conceito e fui estudar mais. Quero te convidar – sendo marido, esposa ou solteiro – a avaliar esse conceito que, creio eu, pode ser transformador em todas as nossas relações.

Eu acredito que muito de nossa confusão como humanidade é por buscarmos respostas em coisas criadas e não no Criador. Nesse sentido, a passagem bíblica mais fundamental para entendermos quem somos é Gênesis 1.26-28:

Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão”. Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”.

Há muito que pode ser dito sobre esse curto trecho. Para nossa discussão de hoje vou apenas alistar alguns pontos e me aprofundar na tarefa que nos foi confiada:

1. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Isso inclui seu caráter, seus anseios e, especialmente, seu aspecto relacional.

2. Fomos criados como ápice da Criação. Não temos cumprido a contento nosso trabalho, mas somos os seres neste planeta que mais refletem a imagem de Deus.

3. Por fim, nos foram dadas três tarefas: (1) reproduzir-se, (2) encher a terra e (3) governar a terra.

O dr. David Merkh explica com clareza essas três tarefas em seu excelente livro Lar, Família e Casamento:

Existem pelo menos três propósitos específicos em Gênesis 1.26-28 voltados não somente para a humanidade, mas para a família também: refletir a imagem de Deus; reproduzir a imagem de Deus e representar a imagem (reino) de Deus.2

No capítulo 2 de Gênesis, temos um relato mais detalhado da criação e da relação homem- mulher. Neste relato aprendemos que só o homem masculino não era suficiente. Reparem que Deus não disse que era ruim, mas que era insuficiente. Diante disso, Deus conclui que o homem precisa de ajuda (Gênesis 2.18). A única conclusão que faz sentido é que o homem precisa de ajuda tanto para seu bem-estar pessoal, como para o cumprimento de suas tarefas.

Não temos muita dúvida sobre como a mulher ajuda (na verdade, torna possível) a reprodução, nem tampouco como a mulher divide com o homem a tarefa de governar a terra. No entanto, segundo a mesma linha, a mulher tem um papel essencial em representar a imagem de Deus. Sem dúvida, isso ocorre à medida que uma feminilidade saudável apresenta algumas características de Deus que mesmo uma masculinidade saudável não apresenta. Ou seja, um sem outro vão sempre apresentar apenas parcialmente a imagem de Deus. Isso não diminui os solteiros, já que estamos falando de gêneros e não de indivíduos. Eu, Daniel, como homem serei sempre, mesmo casado, uma imagem limitada de Deus.

No entanto, há uma outra forma em que a mulher auxilia o homem a representar a Deus, especialmente num relacionamento entre homem e mulher. À medida que a mulher representa ao homem aspectos únicos da imagem de Deus, ele é lembrado constantemente daquele que o criou. A recíproca também é verdadeira. Toda mulher – ao observar o homem – é lembrada, quer queira quer não, por meio de aspectos únicos de uma masculinidade saudável, daquele que a criou. Dessa forma o cada um é desafiado pela imagem de Deus que percebe no outro. Eu creio que esse é o conceito que a uniformização dos gêneros ou a homossexualidade busca distorcer. Ao tentar fazer homens e mulheres indistintos, o mundo busca apagar aqueles aspectos da feminilidade ou masculinidade saudáveis que manifestam de forma única a imagem de Deus.

Ao tentar fazer homens e mulheres indistintos, o mundo busca apagar aqueles aspectos da feminilidade ou masculinidade saudáveis que manifestam de forma única a imagem de Deus.

A triste realidade é que mesmo nossa identidade sexual foi distorcida com a Queda. Assim, o homem, usando das características dadas por Deus, ao invés de protetor, tornou-se opressor; ao invés de amante, tornou-se abusador; e, ao invés de provedor, tornou-se dominador. Assim também a mulher, ao invés de acolhedora, tornou-se manipuladora; ao invés de cuidadora, tornou-se controladora; e, ao invés de apresentar beleza, tornou-se sedutora. Aquilo que deveria ser um eco divino está mais alinhado com os propósitos de Satanás: roubar, matar e destruir (João 10.10).

Minha oração é que em todos os nossos relacionamentos, mas especialmente entre marido e mulher, nosso modo de tratar o outro seja como um eco divino, em que eu manifesto a imagem de Deus à minha esposa, lembrando-a pelo meu viver da imagem de nosso Deus. E que ela faça o mesmo comigo. Se isso acontecesse, estaríamos verdadeiramente entoando um doce som, um eco divino.

Notas

  1. Disponível em: https://www.proverbs31.org/.
  2. David J. Merkh, Lar, Família e Casamento: Fundamentos, desafios e estudo bíblico-teológico prático para líderes, conselheiros e casais (São Paulo: Hagnos, 2019), p. 30 (ênfase no original).
Daniel Lima foi pastor de igreja local por mais de 25 anos. Formado em psicologia, mestre em educação cristã e doutor em formação de líderes no Fuller Theological Seminary, EUA. Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida por 5 anos, é autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem 4 filhos, uma neta e vive no Rio Grande do Sul desde 1995.

Fonte/ chamada.com

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