O momento do reino

Zacarias 14 contém informações importantes sobre o reino de Deus e deveria ser estudado atentamente por todos que desejam conhecer o reino.

Para o propósito deste estudo, interessa o versículo 9, que diz: “O Senhor [Javé] será rei de toda a terra. Naquele dia haverá um só Senhor [Javé] e o seu nome será o único nome”.

Esse texto diz expressamente que o Senhor (Javé) será rei sobre toda a terra. Podemos, portanto, dizer que existirá um reino terrestre. Naquele tempo nenhuma nação adorará seus próprios deuses – diferentemente de hoje – porque o Senhor estabelecerá o seu domínio e não haverá dúvida de que ele é o verdadeiro Deus.

Zacarias 14 informa muito sobre esse reino terrestre, tanto a respeito do momento como também da natureza desse reino. Comecemos com os versículos 1-8, segundo os quais o domínio do Senhor sobre a terra se relacionará com certos eventos futuros.

Os versículos 1-8 mostram que o domínio do Senhor na terra será subsequente a um período de desgraça sobre Jerusalém. Segundo o versículo 1, “o dia… virá”, o que posiciona os eventos de Zacarias 14 no futuro. O versículo 2 profetiza, então, um tempo de convulsões que sobrevirá a Jerusalém: “Reunirei todos os povos para lutarem contra Jerusalém; a cidade será conquistada, as casas saqueadas e as mulheres violentadas. Metade da população será levada para o exílio, mas o restante do povo não será tirado da cidade”.

Deus diz: “Reunirei”, o que indica que esses eventos se darão em conformidade com o seu plano soberano e sua iniciativa. Vemos também que “povos” (pagãos) avançarão contra Jerusalém. Cabe observar que se fala aqui de “povos” e não de uma nação apenas.

A cidade atacada é Jerusalém. Isso significa que a cidade de Jerusalém é muito importante para Deus. Inicialmente, as consequências desse ataque a Jerusalém são terríveis – a cidade é conquistada, casas são saqueadas, mulheres são violentadas e a metade da cidade é deportada para o exílio.

Segundo o versículo 3, o Senhor “sairá para a guerra contra aquelas nações”. Isso mostra que a terrível desgraça sobre Jerusalém será transitória e não permanente. Jerusalém será atacada e ferida, mas só por algum tempo. O Senhor virá para defendê-la.

O versículo 4 expõe que os pés do Senhor estarão a leste de Jerusalém, “sobre o monte das Oliveiras”. E o monte das Oliveiras “se dividirá ao meio, de leste a oeste”. O versículo 5 declara que o Senhor virá com os seus santos, seu exército celestial. Os versículos 6-7 anunciam sinais cósmicos. O versículo 8 mostra que naquele momento “águas correntes fluirão de Jerusalém”. Metade correrá para o mar a leste e a outra metade para o mar a oeste. Isso ocorrerá tanto no verão como no inverno. Portanto, o reino trará alimento e prosperidade àquela região.

Tudo isso culmina na declaração do versículo 9: “O Senhor [Javé] será rei de toda a terra…”. Portanto, vários serão os acontecimentos relacionados com o reinado do Senhor sobre a terra:

• Os povos atacarão Jerusalém e por algum tempo farão mal à cidade (v. 2);
• O Senhor lutará contra esses povos que atacarem Jerusalém (v. 3);
• O Senhor retornará sobre o monte das Oliveiras e criará grandes mudanças geográficas na região (v. 4);
• Haverá sinais cósmicos (v. 6-7);
• Águas correntes fluirão a partir de Jerusalém (v. 9).

Eu interpreto esses eventos literalmente. Merrill diz a respeito: “Não há motivo para entender aquilo de outra forma a não ser literal, a não ser que se queira rejeitar uma vinda literal do próprio YHWH”.[1]

Ao longo da história, essas coisas não ocorreram de forma nem particular nem genérica. Por isso cabe esperarmos um cumprimento no futuro.

Em resumo, Zacarias 14.1-9 fornece importantes informações sobre o momentodo reino de Deus. Em algum dia no futuro, quando Jerusalém for sitiada pelas nações, Deus mesmo defenderá a cidade e seus habitantes mediante o seu retorno sobre o monte das Oliveiras. Ocorrerão sinais cósmicos e grandes mudanças topográficas. Naquele tempo, o Senhor “será rei de toda a terra”.

Michael J. Vlach

Nota

1. Eugene H. Merrill, Haggai, Zechariah, Malachi: An Exegetical Commentary(Chicago: Moody Press, 1994), p. 343-344.

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