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Texto do Bispo Mario Porto, publicado na PG do Jornal Pequeno do dia 17 /01 / 2021

O SILÊNCIO PEDAGÓGICO DE DEUS

Você já teve a sensação de clamar a Deus com todas as forças da sua alma sem obter resposta alguma ?
Um dos grandes dilemas da vida cristã é o silêncio de Deus. Muitas vezes, o Deus que fala poderosamente fica em silêncio. Muitas vezes, o Deus que fala poderosamente fica em silêncio, as vozes da dúvida gritam dentro de nós.
Essa tensão é intensamente retratada na vida de Jó. Ele foi atingido violentamente por reveses devastadores. Com a permissão de Deus, Satanás usou todas as suas armas para  bombardear e ferir Jó. Houve uma orquestração do inferno contra Jó e sua família, uma conspiração tenebrosa para ridicularizar esse homem íntegro e temente a Deus, o inimigo, na sua perversidade, atingiu cinco áreas vitais na vida de Jó. Em primeiro lugar, levou à falência financeira. Jó era o maior fazendeiro do Oriente. Possuía o maior rebanho. Era dono de muitas terras. Tinha muitos empregados. Era um próspero e poderoso empresário (Jó 1.3).
Mas tudo isso acabou de uma hora para outra. Seus bens foram saqueados, roubados, queimados, e seus servos foram mortos. Jó precisou decretar falência. (Jó 1.14-17).

Em segundo lugar, Satanás atingiu os filhos de Jó. Ele era um pai zeloso, que criara os dez filhos unidos. Inspirava neles as virtudes do companheirismo e da amizade. Jó velava pela vida espiritual de seus filhos. Orava por eles de madrugada (Jó 1.4-5). Mas, depois de saber de sua falência financeira, esse homem íntegro recebeu a trágica notícia da morte de seus dez filhos num único acidente (Jó 1.18-19). Esse pai, com o coração sangrando de dor, com o rosto molhado de lágrimas, precisou levar para o cemitério os seus dez filhos de uma só vez. Ao voltar falido para casa, teve ainda de conviver com a dor da saudade e o vazio da solidão.
Em terceiro lugar, Satanás atingiu a saúde de Jó. Ele queria que Jó blasfemasse contra Deus. Queria que Deus se decepcionasse com Jó. Pensou que Jó amasse mais a si mesmo do que a Deus. Achou que Jó fosse egoísta como ele, entretanto Jó permaneceu firme e indesistível em sua fé no Criador do céu e da terra. Uma enfermidade com tumores da planta dos pés até a cabeça. Seu corpo ficou encarquilhado, o hálito insuportável, sua dor não passava. Ele não podia dormir e nem comer, seus olhos inchados de tanto chorar.

Em quarto lugar, Jó sofreu o abalo da revolta de sua esposa contra Deus. Ela não conseguiu administrar a crise, atravessar o vale do sofrimento, e crer no amor de Deus. Ela cerrou os punhos contra os céus e se revoltou contra Deus. Ela ficou decepcionada com o Senhor é tentou arrastar seu marido na torrente de sua incredulidade. Ela apostatou de Deus e mergulhou no poço escuro da amargura espiritual. Aconselhou Jó a aplicar a si mesmo a eutanásia, tentou conduzi-lo ao suicidio; mas antes recomendou que amaldiçoasse a Deus (Jó 2.9).
Em quinto lugar, Jó enfrentou a acusação leviana e falsa de seus amigos. Eles vieram de longe para estar com ele e consola-lo (Jó 2.11). Demonstraram até uma certa empatia, pois choraram ao ver seu sofrimento (Jó 2.12-13). Mas esses homens, embora demostrassem solidariedade tinham uma má teologia. Acreditavam que todo o sofrimento é resultado de um pecado específico. Raciocinaram então que, se Jó estava sofrendo, era porque havia cometido algum pecado. Logo começaram a acusar Jó de vários pecados. Os amigos de Jó transformar-se em algozes. Aumentaram-lhe o sofrimento. Foram apressados em suas conclusões e falsas acusações. Usaram palavras descaridosas. Podiam até estar bem intencionados, mas possuíam uma teologia equivocada e eram péssimos intérpretes das Escrituras.
O que é tremendo nessa história é que dezesseis vezes Jó levantou ao céu o seu clamor, perguntando a Deus: Por que ? Por que estou sofrendo ? Por que a minha dor não cessa ? Por que não morri no ventre da minha mãe ? Por que perdi meus filhos ? Por que o Senhor não me mata ? A única resposta que ele recebeu foi o silêncio de Deus. Nenhuma palavra, nenhuma explicação. Nada. Trinta e cinco vezes Jó queixou-se contra Deus. Ele espremeu todo o pus da sua alma. Deixou vazar toda amargura do seu peito.
Talvez a maior angústia de Jó não fosse o seu sofrimento, mas o silêncio de Deus. Talvez sua maior crise não fosse a adversidade, mas não receber nenhuma explicação de Deus. O silêncio de Deus dói mais que as feridas. O silêncio de Deus é mais forte que os gritos da alma.
Quando Deus rompeu o silêncio e começou a falar, não respondeu a uma só das perguntas de Jó. Muitas vezes, não temos explicações nem respostas às nossas perguntas e questionamentos. Em vez de responder a Jó, Ele lhe fez setenta perguntas: Quem ? Todas elas mostraram a sua majestade, soberania e glória excelsa. Jó não precisava saber porquê, Basta-lhe saber quem estava no controle da sua vida.
Tudo quanto satanás intentou fazer contra Jó, Deus reverteu. Jó saiu dessa tempestade mais fortalecido na fé e mais próximo de Deus.

Fica firme na sua fé no Deus único.

Feliz ano todo !
Indesistivelmente,
Vosso conservo em Cristo,

Mário Porto.

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