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Texto do Pr. Hamilton Rocha, publicado na PG do dia 19/07/2020

“PREGA A PALAVRA” II

II Timóteo 4:1-22

Pr. Hamilton Rocha*

    É de vital importância que Timóteo continue e complete o seu ministério, uma vez que o ministério do apóstolo Paulo estava chegando ao fim. Timóteo deveria suceder a Paulo. Por isso ele diz: “Quanto a mim, já estou sendo oferecido como oferta de libação, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé. Desde agora a coroa da justiça me está reservada, a qual o Senhor, o justo juiz, dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos os que amarem a sua vinda (II Timóteo 4:6-8).

    Um olhar para trás: 30 anos de ministério. Ele podia dizer “combati o bom combate”. “Minha vida está sendo colocada no altar. As amarras que prendiam o bote estão soltas.

    Por isso a exortação a Timóteo: “Prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo, aconselha, repreende e exorta com toda a paciência e ensino.

    Timóteo deve pregar a palavra. Essa proclamação deve ser urgente. “Instar”, assistir, estar de prontidão, estar disponível. Não somente zelo, mas insistência, urgência. Toda pregação tem um sentido de urgência e importância. O arauto cristão sabe que está tratando de vida ou morte. Como tratar com indiferença?

    “A tempo e fora de tempo”. Não se trata de desculpas para sermos rudes com as pessoas. Essas palavras aplicam-se mais aos que pregam do que aos ouvintes. É um apelo contra a indolência.

    Essa proclamação também deve ser contextualizada. O arauto que anuncia a Palavra deve corrigir, repreender, exortar. Três diferentes maneiras de anunciar. A palavra fala a homens diferentes em diversas situações. Alguns precisam ser repreendidos; outros, encorajados.

    Além disso a proclamação do evangelho deve ser paciente. Timóteo e todos os pregadores do evangelho devem toda a longanimidade na espera dessa resposta. Os resultados dessa proclamação são de responsabilidade do Espírito Santo.

    A proclamação do evangelho também deve ser inteligente. Não devemos só pregar a Palavra. Devemos ensiná-la: “com toda a doutrina” ou “ensino”. C. H. Doddtornou clara essa distinção. Kêrygma é a proclamação aos descrentes com apelo ao arrependimento. Didachê é a instrução ética aos convertidos. Trata-se do ministério da pregação com exposição bíblica sistemática (Atos 20:20-27). Agora o apóstolo exorta Timóteo a proceder da mesma maneira.

    Deus está executando o seu propósito. Um obreiro sai de cena e outro o substitui. A obra de Deus continua. O evangelho é transmitido de geração a geração. Quando líderes partem é necessário que se levantem outros da geração seguinte e ocupem os seus lugares.

    Timóteo deve ter sido impactado com as palavras daquele velho apóstolo que o levara a Cristo. Quem nos levou a Cristo? Chegará o dia em que teremos que substituí-los e nós mesmos assumirmos a liderança. Tal dia acabara de chegar para Timóteo. E para nós? Por isso: “Prega a Palavra”.

    Não foi só teoria. A vida do apóstolo Paulo foi um exemplo a ser seguido. Ele mesmo pregou a palavra com ousadia durante todo o seu ministério de aproximadamente trinta anos, e até mesmo diante da corte imperial. Falando do passado – “combati o bom combate” – e do seu futuro – “desde agora a coroa da justiça me está reservada…” –ele retorna o seu pensamento para o tempo presente e aí percebemos um apóstolo de carne e osso, sujeito às mesmas paixões dos demais mortais.

    O apóstolo Paulo sente solidão, ausência dos irmãos queridos das igrejas que ele fundara. Alguns dos seus melhores amigos, por alguma razão o deixaram ou foram separados dele. Ele nomeia alguns deles: Demas(Colossenses 4:14; Fm.24) um dos seus companheiros mais chegados o abandonou. Isso machuca o coração do apóstolo. Crescente, Tito, Tíquico (este enviado a Éfeso), talvez portador desta última carta a Timóteo; Lucas (v.11; Colossenses 4:14).

    Paulo deseja ter pessoas queridas ao seu lado nesses últimos dias, além da capa e dos pergaminhos (v.13).

    Quando solitários precisamos de amigos; quando sentimos frio precisamos de agasalho; quando entediados necessitamos dos nossos livros. Não precisamos negar nossa humanidade.

    O apóstolo também sofreu oposição. Alexandre, o latoeiro lhe causou muitos males (vv.14,15). Nenhuma testemunha de defesa no primeiro julgamento (vv.16-18).Esse foi o Getsêmani de Paulo. Jesus disse “e me deixareis só…” (João 16:32). Paulo disse: “Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças…”

    Mesmo diante de tantas circunstâncias adversas o que mais preocupava Paulo?

    Perante o tribunal com um grande público presente, o apóstolo “pregou a Palavra”. Como ele mesmo disse: “…para que por meu intermédio a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem”. Paulo pregou um sermão “fora de tempo”. Ele poderia dizer: “Terminei a carreira”. Esse era o exemplo que Timóteo deveria imitar. Timóteo foi instado a ser fiel em sua geração. Nós também.

Pastor da Igreja Batista do Calhau em São Luís do Maranhão

 

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