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Texto do Pr. Hamilton Rocha, publicado na PG do JP do dia 12/07/2020

“PREGA A PALAVRA” I

II Timóteo 4:1-22

Pr. Hamilton Rocha*

    A Segunda Epístola escrita pelo apóstolo Paulo a Timóteo é a carta mais pessoal das Epístolas Pastorais. Possivelmente nenhuma outra carta do Novo Testamento apresenta um apelo tão emocionante e terno como essa. Cada parágrafo é recheado de emoção, cada sentença é como se revelasse os batimentos de um grande coração. Paulo, o grande missionário, fundador da igreja na Ásia Menor e na Europa, está agora numa cela em Roma, sofrendo, abandonado, condenado e prestes a morrer. Em sua primeira prisão foi-lhe concedido o direito de prisão domiciliar, conversar livremente com seus amigos, orientar as ações do campo missionário. Agora ele está em um cárcere frio e escuro, longe dos amigos e das igrejas. Somente Lucas, o médico amado, está com ele, para quem ele dita essa carta de despedida.

    Estas são as últimas palavras registradas pelo apóstolo Paulo antes do seu martírio. Pelo menos as últimas palavras que foram preservadas. Elas foram escritas poucos dias antes  do seu martírio. Elas são o seu testamento, seu legado à Igreja e é impossível lê-las sem imaginar as condições do apóstolo no cárcere e não sermos movidos por profunda emoção.

    Trata-se de uma exortação de Paulo endereçada primeiramente a Timóteo, um jovem pastor a quem o apóstolo ganhou para Cristo, e agora seu delegado apostólico e representante na igreja que Paulo fundou durante sua segunda viagem missionária. Mas essa exortação também é endereçada a cada ministro do evangelho e até mesmo a todos os cristãos de todas as épocas.

    O jovem pastor era tímido e que os tempos em que ele vivia eram difíceis. A tentação de recuar diante das adversidades do ministério era muito grande. Por isso o apóstolo dá uma ordem, mas também incentivos. Pede para Timóteo olhar em três direções: Para Jesus que vai voltar; em seguida um olhar para o mundo em que ele vivia; e, finalmente, para ele, Paulo, o prisioneiro, no final da vida.

    Assim, o apóstolo recomenda ao jovem pastor: “Eu te exorto diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua vinda e pelo seu reino, prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo, aconselha, repreende e exorta com toda paciência e ensino” (vv,1,2).

    O mais forte incentivo para Timóteo e para todos os pregadores é saber que a ordem de pregar foi dada pelo próprio Cristo. Daremos contas do nosso ministério a Ele (v.8).

    Paulo insistia: “Porque chegará o tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas desejando muito ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo seus próprios desejos; e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão para as fábulas. Tu, porém, sê equilibrado em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista e cumpre o teu ministério” (vv.3-5).

    Pessoas que não suportam ouvir a verdade; recusam-se a ouvi-la e busquem mestres que preguem o que elas querem ouvir. Elas têm “coceira nos ouvidos” ou fome de ouvir novidades. Substituem a revelação de Deus por suas fantasias.

    Como Timóteo – e nós também – deveria reagir a isso?

    Timóteo deveria ser sóbrio (equilibrado) autocontrolado. Os ministros devem manter a calma.Deveria persistir no ensino, mesmo que tivesse que suportar as aflições por causa da verdade que ele se recusa a comprometer.

     Sempre que a fé bíblica se torna impopular somos tentados a adaptar nossa mensagem ao gosto dos ouvintes.

    O jovem pastor deveria realizar o trabalho de um evangelista. As pessoas precisam do evangelho, os crentes e até os pastores também.

    E, finalmente, Timóteo deveria perseverar mesmo que as pessoas o abandonassem. Aqueles dias difíceis – semelhantes aos de hoje – não deveriam desencorajar aquele jovem pastor, nem detê-lo em seu ministério, nem induzi-lo a adaptar sua mensagem ao gosto dos ouvintes, nem silenciá-lo, mas antes, deveriam estimulá-lo a pregar ainda mais.

    As recomendações paulinas ao seu filho na fé servem a todos os cristãos, principalmente os ministros da Palavra, que têm a difícil, mas gloriosa missão, de proclamar alto e em bom som o lídimo evangelho de Cristo. Deus nos ajude.

Pastor da Igreja Batista do Calhau em São Luís do Maranhão

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